Um detalhe insignificante ou um segredo?

Você pode não ser detalhista por natureza e esquecer de considerar certas minúcias ou até se irritar com as pequenas coisas. De fato, há vários assuntos na vida em que detalhes são irrelevantes. Não quando você estiver lidando com as finanças. Pequenos valores importam, datas importam, formas de pagamento importam, sutilezas nos percentuais importam, mini hábitos importam. Hoje vamos falar das formas de pagamento e como elas podem fazer diferença nos seus resultados.

À vista é a forma de pagamento mais simples, em que você ao mesmo tempo desembolsa o valor e começa a usufruir do bem ou serviço comprado. Traz agilidade e praticidade aos dois lados, quem recebe à vista também já usufrui do valor assim que entrega o seu serviço ou produto. Com menos burocracia e parcelas para controlar, os pagamentos à vista facilitam o planejamento e a organização financeira. Os descontos são mais fáceis de ser negociados em pagamentos à vista, você pode economizar bastante só por essa escolha.

Pagar em dinheiro tem vantagens de consciência para quem é gastador, sentindo mais fortemente a dor da perda ao ver e contar as notas e conferir o troco. Em tempos de invasão constante de privacidade, pagar em dinheiro possibilita algum anonimato. O dinheiro em espécie é propenso a perda, roubo, falsificação e desvalorização pela inflação. É a forma de pagamento que requer disciplina para registrar quanto, como, quando e onde ele foi usado. O bom e velho método dos envelopes é didático e ainda funciona para algumas pessoas, separando fisicamente um valor para cada categoria de gastos e ajudando os controles.

No cartão de débito, débito em conta (ao pagar um boleto por exemplo) ou transferência, você tem todas as vantagens citadas dos pagamentos à vista, só que agora utilizando instituições financeiras. O pagamento em dinheiro convida o pagador ao realismo, que só usa o que tem e assim inibe os gastos por impulso. No caso de passar por uma instituição financeira você pode ter acesso ao crédito do cheque especial, que talvez seja uma tentação para usar e depois pagar o alto preço que ele custa (juros). Uma vantagem em relação ao dinheiro é que deixam pistas de informação nos extratos bancários. A caderneta de poupança não é grande coisa como investimento, mas pode ser uma alternativa à conta corrente. Também conta com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), é isenta do custo das tarifas e das tentações do cheque especial e permite pagamentos e transferências à vista já com a informação listada no extrato.

Explore formas de pagamento alternativas que vão surgindo com a tecnologia. Considere a praticidade e conveniência sim, sem esquecer dos riscos e das suas habilidades e limitações de conhecimento. Experimente as trocas de produto por produto, serviço por serviço ou produto por serviço. Se você tiver opção de escolher como recebe o dinheiro, planeje bem seu sistema de cobrança para não sofrer com atrasos e calotes.

O cartão de crédito mesmo quando é chamado de “à vista” te dá um prazo de 10 a 40 dias que pode ser gratuito se você pagar sempre a fatura integralmente. Você tem acesso a um limite de crédito mesmo que as contas correntes estejam zeradas e quanto mais distante do hoje e do concreto (só aproximação), menos consciência de já ter comprometido aquele valor. Você pode parcelar muitas compras e depois pode parcelar a fatura repetidas vezes. Ao se acostumar com os parcelamentos, perde-se a noção do quanto é despesa de fato e custo de taxas e juros, qual é o saldo real e a capacidade de pagamento. O uso inteligente do cartão exige do pagador uma visão de futuro, um planejamento estratégico e um nível de responsabilidade que são incomuns. Seus benefícios estão na praticidade de levar um pedacinho de plástico, na centralização de várias despesas e nos pontos que podem ser revertidos em cashback, passagens aéreas, produtos e vantagens.

Não siga os padrões alheios, teste as melhores formas de pagamento e recebimento que funcionem para você hoje. O segredo é usar o que for melhor para o seu perfil e da pessoa com quem você divide as finanças se houver. Considere os recebimentos, despesas fixas e variáveis, investimentos e comportamento financeiro em geral. “Como pagar” não é só um mero detalhe, pode ser o segredo do seu sucesso financeiro.

A INFLAÇÃO ESTÁ PESANDO NO SEU BOLSO?

Os brasileiros que viveram a loucura da hiperinflação que chegou a passar de 80% ao mês, dos planos econômicos e as trocas de moeda dos anos noventa, já estavam aliviados com a estabilidade do real e sua inflação de um dígito. Até que veio a pandemia e mudou tudo, voltamos a ficar entre os países de maior inflação e taxa de juros do mundo.  

Acompanhe as notícias de economia e procure entender o que subiu mais e por que, assim você terá uma ideia se é um aumento temporário e, portanto, você pode evitar aquele gasto para daqui a pouco voltar a consumir, ou se é uma tendência que pede providências mais definitivas. Você sabe que quando um item básico como o combustível encarece, afeta a economia de forma geral. Você pode reduzir o uso do carro e ainda assim sentir o peso dos aumentos em diversos produtos e serviços, já que o transporte está em tudo. De qualquer forma, um veículo econômico com a manutenção periódica em dia e sendo usado de forma cuidadosa pode fazer uma enorme diferença no consumo de combustível. Reduza o uso do ar-condicionado e evite o trânsito carregado, as acelerações bruscas e o excesso de peso, tudo isso somado te ajuda a economizar.

Você pode analisar o seu padrão de gastos mês a mês e ver qual foi a sua inflação e onde ela aumentou mais, sempre um pouco diferente daquela inflação que os jornais divulgam. Um bom controle financeiro de qualquer forma pode ser muito útil e na escassez torna-se um aliado. Outra coisa que vai beneficiar sua saúde física e mental é adotar um estilo de vida mais simples e natural. Plantar o que puder, cozinhar, aproveitar cascas, folhas e talos que normalmente você não usaria, consumir PANCS (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Alguns serviços que você consumia pode tentar reduzir a frequência ou fazer você mesmo/a. Corte o que não faz questão, aproveite a motivação financeira para parar de pagar multas, de fumar ou de comprar por impulso. Muita atenção aqui: evite receber valores fixos em reais, procure reajustar seus recebimentos pelo menos uma vez por ano ou atrelar de alguma forma ao salário mínimo, CDI ou inflação para que a sua receita acompanhe o aumento de gastos.

E nos investimentos? Corrigir o valor das suas aplicações mensais é um grande desafio quando a pressão é contrária, você gasta cada vez mais e mal consegue poupar, mas se conseguir fará diferença no resultado final. Investir sempre o mesmo valor é como se você estivesse colocando um valor menor a cada mês que a inflação sobe. E muitos investimentos também estão perdendo para a inflação, desvalorizando o patrimônio do investidor. Mesmo que a taxa divulgada seja positiva, o rendimento real é o rendimento nominal / bruto menos impostos e inflação. Você pode procurar investimentos que superem a inflação, já aceitando a possibilidade de correr um risco maior. Para quem entende de economia internacional, há opções de alocação no exterior, mas com guerra e pandemia, vários outros países também apresentam instabilidade e inflação.

Nossa relação com os imóveis mudou muito. O sonho da casa própria perdeu importância, mais pessoas preferem pagar aluguel ou prolongar a estadia na casa dos pais. Quem paga aluguel sentiu demais esse aumento da inflação e está com dificuldades, assim como aqueles que compraram financiado e a parcela foi corrigida pela inflação ou taxa de juros. A moradia é um assunto muito sensível, que impacta profundamente a qualidade de vida das pessoas e deve ser estudado com calma para decidir qual é a melhor decisão agora. De fato, casa própria não é investimento, mas em determinadas circunstâncias pode ser um porto seguro sim.

É nas crises que percebemos o quanto somos dependentes do supermercado, da terapia, do remédio, do crédito bancário ou do emprego por exemplo. Uma vida mais sustentável é aquela em que sabemos nos virar e aprendemos a lidar com as coisas que são mais comuns para conseguir pelo menos sobreviver sem tanta ajuda externa para tudo. Quando possível, retomamos os luxos e mimos. Faça os cursos que você já pagou, use as roupas que você já tem, experimente arrumar seus próprios cabelos e unhas, lavar o próprio carro e limpar a própria casa. Espere mais um pouco para trocar de celular ou sofá. Compre usado, troque, participe de leilões, compre na contramão (bacalhau e chocolate fora da Páscoa, roupas de frio no calor, etc).

Bom negócio de verdade

Ah, os bons negócios… Eles mexem com a gente de uma maneira muitas vezes incontrolável. Só quero garantir que seja mesmo um bom negócio para todos.

Nos últimos meses do ano, a alegria de gastar soma-se ao prazer de aproveitar boas oportunidades e sentir-se esperto. Os eventos se acumulam e agitam nossa vida: feriados, Black Friday, Dia do Solteiro, Décimo-terceiro salário, PLR, Natal, férias. Mas a vida não acaba em dezembro (esperamos que não) e queremos que você comece bem o ano e sem dívidas. O fluxo do dinheiro deve estar pronto para pagar tranquilamente o IPVA, material escolar, Carnaval ou simplesmente ter as finanças equilibradas.

Caso o seu negócio venda menos em dezembro ou janeiro, é recomendável cautela. Se o décimo-terceiro salário for a sua única renda extra, valorize esse dinheiro e use-o com sabedoria.

Promoção, liquidação, desconto, sale, off

Qualquer palavra que signifique uma redução do custo é persuasiva a ponto de ser o maior gatilho de consumo que existe. Hormônios são liberados na corrente sanguínea, supervalorizamos o produto / serviço que queremos, criamos justificativas lógicas para a compra. A coisa começa com impulsos e pode chegar a uma verdadeira histeria, não nos deixemos contaminar pela “manada”.

Temos instintos ultrapassados: de quando tudo era de difícil acesso ou de quando os preços subiam vertiginosamente de um dia para o outro, então diante do produto certo era preciso agir rápido. Temos oscilações de humor, cansaço acumulado, mudanças hormonais e momentos de fragilidade – hora de evitar o contato com as tentações financeiras.

A loja está fazendo o papel dela sendo persuasiva para te atrair a gastar e não tem como saber da sua situação financeira. Você é o único responsável por saber se pode agora e dizer sim ou não. As promoções continuarão a existir e essa não é sua única chance, melhor a frustração da espera do que a culpa depois. Espere o ano que vem ou as liquidações de janeiro que oferecem ótimos descontos também.

O que pode ser perda de tempo, dinheiro e energia:

Oferta do desnecessário – comprar o que não precisa só porque está barato. Comparado ao zero que estava planejado, deixou de ser barato.

Usar o cheque especial ou o cartão de crédito na compra – consumo é o pior uso do crédito. Se um desconto de 50% causa dívidas de 15% ao mês em juros, a vantagem virou complicação.

Agir de forma irresponsável usando um valor que estava comprometido com outras contas importantes e assim prejudicar suas finanças como um todo.

Cair em ciladas de lojas falsas ou Black Fraude (aumentam o preço para depois abaixar) muito comuns nesta época.

A cada presente comprado, outro para você que merece, claro. Será que você merece também mais um gasto não programado te atrapalhando?

Desperdiçar também o produto em si e o espaço que ele irá ocupar, comprando algo que nunca será usado. Tudo que se produz tem alto custo para o meio ambiente do nosso planeta, especialmente os eletrônicos.

Ficar muito tempo sem organizar as suas contas, os seus armários e as suas tarefas te deixa meio sem noção do que você realmente precisa e pode.

O que pode ser mesmo uma oportunidade imperdível:

Cursos, workshops, palestras e assinaturas que você vai usar.

Investimentos em condições especiais: descontos em tarifas, remuneração maior, valor inicial reduzido. Agora sim, finalmente ter o prazer de cuidar do futuro.

Viagem que você faria de qualquer forma, portanto gastar com experiências e economizar ao mesmo tempo.

Presentes de natal que já estavam planejados, dentro da lista e do orçamento.

Quitar dívidas com desconto e fechar o ano mais livre. Melhor sair da Black List do que entrar na Black Friday!

É um produto ou serviço que você conhece bem e acompanha o preço há meses, sabe que o desconto é real.

Para um check-list de compras em geral que também serve para promoções, você tem o meu artigo “Por que comprar?” .

texto Andréa Voûte
imagem free de Dan Burton para Unsplash

Quanto custa jogar?

As microtransações são compras de bens ou serviços virtuais que você faz dentro do videogame. Elas podem aumentar o seu poder, deixar as coisas mais divertidas, agilizar processos e até pular etapas. Começaram só nos jogos gratuitos junto com as propagandas e agora são comuns em todo tipo de jogo. As microtransações estão na vitrine sempre disponíveis: roupas, ferramentas, armas, veículos, miras, personalizações em geral. Pay-to-win é a mais polêmica: uma taxa para terminar o jogo…

Quanto custa um videogame? Começa com o custo do equipamento – console, celular ou computador – que não pode ser muito antigo ou básico. Quem joga com frequência quer equipamento para gamers, compensando o desconforto causado pelo sedentarismo e aumentando o desempenho. Isso tudo custa milhares de Reais, mas pode durar anos.

Existem games de diferentes preços, alguns gratuitos e muitos com preço em torno de R$ 200. Se você quiser jogar online com outros jogadores simultaneamente, pode ter mais uma mensalidade de cerca de R$ 30 para a empresa do console e mais um valor pago à empresa que criou o jogo.

Totalmente gratuito? A fantasia deveria ficar restrita ao conteúdo do jogo e não transbordar para a nossa realidade! Um jogo elaborado que funcione bem custa várias horas de trabalho de uma equipe de pessoas talentosas e com ótimos equipamentos. O preço pode ser cobrado de diversas maneiras, visíveis ou não. Por exemplo coletar seus dados em um nível de detalhe inacreditável e vende-los ou outro usuário gastador compulsivo financiando o seu jogo gratuito. A empresa precisa pagar os custos e isso é normal, especialmente se você espera qualidade.

Outra forma de compensar os custos são as vendas em forma de propagandas diversas (nos jogos gratuitos) e microtransações. Tudo opcional, mas inteligente: um mau jogador que é gastador recebe uma oferta de pagar para pular de fase. As primeiras microtransações podem ser gratuitas ou bem baratas e depois vão encarecendo. Como na vida real, a propaganda está em toda parte, cada vez mais bem informada e manipuladora e você ainda pode clicar nela sem querer.

Muitos destes privilégios pagos podem viciar e alterar positivamente a experiência do jogador privilegiado e negativamente a dos outros competidores que não compraram as vantagens. Para desbloquear um único personagem, você pode ter que jogar 1.000 horas, mas comprando é instantâneo! Não parece justo que com dinheiro alguns personagens fiquem cada vez mais fortes e poderosos e alguns impérios só cresçam, certo?

Cosméticos não afetam seriamente o desempenho: são roupas, emojis e itens decorativos para o seu personagem ou cenário, danças divertidas para aumentar a interação online. Assim como no mundo real, a estética e o lazer são gatilhos que levam muita gente a gastar mais do que deveria. Uma peça de roupa pode custar 20 Euros e uma dança 30 Euros, a soma pode gerar uma conta extra em seu cartão de crédito.

As estratégias das fichas de cassino, pacotes, pontos e valores diferentes são utilizadas no mundo virtual também. Isso pela Economia Comportamental produz uma confusão de valores e te faz perder o controle. Adquira 5.100 diamantes por apenas R$ 150, só que não dá nem para comprar 3 “skins” com esse valor.

Sabe os polêmicos brinquedos surpresa? Aqui são caixas ou baús de itens que você não sabe exatamente o que tem dentro e arrisca a sorte. São as “Loot Boxes” para você apostar. Quer tenha pago com dinheiro ou horas de jogo, pode não vir o item que você quer e você se vê obrigado a continuar comprando até consegui-lo. Por exemplo, 24 caixas por 19 Euros.

Obsolescência programada é um termo que você já deve ter ouvido. É uma forma de fabricar já encurtando o prazo de validade e forçando uma nova compra. Isso também acontece dentro dos jogos, trocando uma arma atual por uma não tão potente por exemplo, mas que pertence à nova fase do jogo.

São muitos os jogos que usam microtransações: Anthem, Battlefield, Call of Duty, Candy Crush, Clash of Clans, Clash Royale, Counter-Strike, FIFA, Fortnite, Forza Horizon, Free Fire, Overwatch. O site (em inglês)  MICROTRANSACTION.ZONE  informa detalhes sobre cada jogo e os classfica.

É verdade que os games são uma forma de lazer e rendem diversão e novas habilidades. Só que eles são desenhados para viciar, portanto não deixe que eles te viciem e te roubem muito tempo, dinheiro e energia. Se você já for consumista ou excessivamente competitivo, alerta dobrado. E as crianças são mais vulneráveis, não deveriam estar expostas a vendas diretas ou “monetização” do vício. Há jogos faturando milhões de dólares por dia e há pessoas comuns gastando milhares de dólares por ano com eles. Avalie o que vale a pena para você ou não.

POR QUE COMPRAR?

Trago algumas sugestões de perguntas inteligentes para você fazer no ato da compra. Nesta ordem.

 

SINAL VERDE

 

Preciso?

Este gasto será útil.

Satisfaz uma necessidade minha.

Está na minha lista.

Ainda não tenho.

Combina com o meu estilo de vida.

Cabe na minha rotina.

Melhora minha vida.

 

Posso?

Vou pagar agora e de preferência à vista.

Consigo arcar com os custos da manutenção.

É possível conciliar com meus outros gastos.

Cabe na minha receita.

 

É um bom negócio?

O preço é justo ou abaixo do mercado.

Amanhã pode não estar disponível.

Já pesquisei em outros lugares e sei o quanto vale.

Confio no produto / serviço e fornecedor.

 

SINAL AMARELO

 

Me apaixonei?

Me identifiquei.

É perfeito, lindo, chique e moderno.

Quero mais do que tudo.

É a minha cara, meu número e de mais ninguém.

Tem que ser meu custe o que custar.

 

Acabei de receber?

Me sinto rico/a.

Agora eu posso.

Mereço depois de trabalhar tanto.

O dinheiro é meu e eu faço com ele o que quiser.

Cabe no meu saldo de hoje / limite do cartão.

 

Vou usar mesmo?

Na verdade, já tenho algo parecido.

Eu nunca teria a ideia de comprar isso se não tivesse visto.

Ficou lindo na vizinha e… talvez ela pudesse me emprestar ou trocar.

É um antigo desejo, mas que agora não faz mais sentido.

Não acrescenta muita coisa na minha vida.

 

SINAL VERMELHO

 

Fere meus princípios?

É barato demais ou caro demais.

É pirata ou de origem obscura.

Prejudica alguém.

Terei que mentir sobre este gasto.

Vou deixar de pagar uma conta importante para me mimar com isso.

Depois eu vejo como pagar.

 

É um dia de pânico / tristeza / ira / euforia?

Aconteceu algo muito bom ou muito ruim hoje, dia errado para tomar decisões inteligentes, financeiras ou não.

Há várias maneiras de se resolver os problemas e a shoppingterapia não é a melhor delas.

 

Perdi o controle das finanças?

Há algum tempo que não olho meu saldo, receita, despesa, extratos e faturas.

Tenho usado o limite do cheque especial e dos cartões de crédito.

Essa decisão imediatista vai atrasar minhas metas para o futuro.

Não planejo as finanças e vou gastando conforme as promoções aparecem.

 

Andréa Voûte

Quanto vale a sua imagem?

Há fases em que montar o visual é um prazer, podemos nos dar este luxo e queremos encantar. Há pessoas para quem a aparência é da maior importância e irão julgar-nos e deduzir coisas sobre nós a partir do que estão vendo. Há situações em que a imagem impacta nosso futuro, traz lucro ou prejuízo e pode abrir ou fechar portas. Sabemos que o nosso estilo comunica e que a primeira impressão fica. Sendo assim, arrumar-nos com pressa ou ficar em casa de qualquer jeito não é a melhor coisa a fazer.

Quando temos pouco dinheiro para investir no vestuário e no salão, precisamos recorrer à criatividade e ao planejamento. Podemos aprender a costurar, tricotar e bordar ou fazer visitas aos sapateiros, costureiras e alfaiates para consertos. Aprender a cuidar das unhas, pele e cabelo certamente é muito útil. Consulte os artigos “Com que roupa eu vou” e “Autonomia nos cuidados pessoais” aqui do blog da Voute Contar. Não repetir o figurino pode custar muito caro para nós e para o meio-ambiente, dá para variar e manter uma boa imagem sem falir.

Perder tempo todos os dias – às vezes mais de uma vez por dia – escolhendo e combinando roupas e depois acessórios, cabelo, maquiagem, sobrancelhas e barba, interfere na produtividade. Para isso o “armário cápsula” pode ajudar e não precisamos obedecer aos números (de 15 a 50 peças) como se fosse uma seita religiosa. Podemos  escolher nossas peças favoritas e algumas mais clássicas, fáceis de combinar com outras.

Sabemos que chamar a atenção para o nosso exterior pode distrair os outros e atrapalhar o que realmente importa. Quando o conteúdo da conversa é a prioridade, por exemplo em uma reunião de trabalho ou em uma aula, qualquer aspecto da aparência que desvie a atenção não é bem-vindo. Isso requer cuidados básicos, inclusive de higiene, além de evitar excessos para não ter nada tão bom ou tão ruim que grite mais alto que a nossa voz.

Em um determinado meio, quanto mais arrumada a pessoa, maior a auto-estima, popularidade, poder. No outro grupo, o mesmo cuidado com a aparência será considerado futilidade e desperdício de tempo. Isso já diz muito sobre o tipo de grupo que frequentamos. Há momentos de nos destacarmos e outros de nos igualarmos e a arte de saber diferenciá-los exige inteligência emocional. Muitas pessoas preferem ter roupas de trabalho padronizadas como um uniforme e deixam para inovar e ousar na hora de sair (dependendo da profissão).

Você hoje está em que fase? Quanto tempo e dinheiro gasta por ano com a sua imagem? Que retorno este gasto te traz?

Andréa Voûte

imagem free de DreamsTime

TEM O SUFICIENTE PARA TODOS?

Se você acompanhou os números divulgados no Dia da Água e Dia da Terra, já tem uma ideia dos problemas climáticos e ambientais atuais. Estamos abusando do limite da Biocapacidade do planeta, ela tem diminuído pela degradação dos solos e mares. Já estamos roubando recursos das próximas gerações.

A pegada ecológica é medida nas empresas, cidades, países e pode ser medida por pessoa. Cada país é avaliado como credor ou devedor do meio-ambiente. Se todos consumissem como os americanos, precisaríamos de 5 planetas Terra. Um paulistano típico gasta 200 litros de água e produz 1 kg de lixo por dia. Os 20% mais ricos do mundo consomem 76% dos bens e serviços da Terra, a classe média que representa 60% das pessoas é responsável por 20% do consumo e os 20% mais pobres consomem somente 4% dos bens e serviços. Os números só não são piores e a devastação do meio-ambiente só não é maior porque há países muito pobres com baixo consumo e emissão de poluentes, como algumas regiões do continente africano, que só tem 15 litros de água por pessoa por dia em média.

Calcule a sua pegada ecológica em termos de água, energia, alimentação, consumo, descarte e transporte no teste da WWF:  http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php  e analise sua rotina para identificar se nela há algumas destas práticas:

Consumismo: refere-se a um modo de vida orientado por uma crescente propensão ao consumo de bens ou serviços, em geral supérfluos, em razão do seu significado simbólico (prazer, sucesso, felicidade), frequentemente atribuído pelos meios de comunicação de massa. Quando se torna doença, chama-se Oniomania.

Obsolescência programada: é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.

Ostentação: é o ato de, com muito excesso e orgulho, exibir realizações, posses ou habilidades de si próprio, com vaidade e pompa, bens, direitos ou outra propriedade, normalmente fazendo referência à necessidade de mostrar luxo, riqueza ou poder.

Avareza: é a dificuldade e o medo de perder algo que possui, como bens materiais e recursos. Uma pessoa avarenta não quer abrir mão do que tem mesmo que receba algo em troca, tem cuidado com seus pertences e é egoísta.

Colecionismo: é a prática que as pessoas têm de guardar, organizar, selecionar, trocar e expor diversos itens por categoria, em função de seus interesses pessoais. Há vantagens como aprender a classificar e aprender sobre o objeto colecionado, e há desvantagens por gerar acúmulo em excesso.

Ganância:  opondo-se à generosidade, é uma vontade de possuir tudo que se admira para si próprio. É um desejo excessivo direcionado principalmente à riqueza material ou poder. Com ela você pode corromper terceiros e se deixar corromper, manipular e enganar chegando ao extremo de matar.

Alguns movimentos estão surgindo para solucionar os problemas atuais, escolha os seus:

Minimalismo: Com o lema “menos é mais”, o minimalista reduz a quantidade de bens, de compras, de serviços, mas não necessariamente reduz os gastos, o conforto e o luxo. Ele só evita os excessos, a complexidade e o desperdício. Tem estreita relação com o Essencialismo, do livro de Greg McKeown, que busca fazer menos mas melhor

Frugalismo: O frugalista sim, gasta menos, normalmente é naturalista e fica no básico. Ele consome menos, mas pode ser um acumulador porque reaproveita, conserta e reutiliza coisas. Muitos desenvolvem autonomia e habilidades manuais no estilo DIY (Do It Yourself ou faça-você-mesmo). Um exemplo é a Compostagem, que transforma restos de comida em adubo e nos aproxima do Lixo Zero.

Simplicidade voluntária: ter uma vida mais simples voluntariamente e voltar-se mais para o seu interior, mais para o “ser” do que para o “ter”. Muitos dão menos atenção ao lado material da vida para focar no emocional, intelectual ou espiritual.

Consumo consciente: Ao ter consciência das consequências na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo melhor. Uma meta do consumidor consciente é praticar os 7 Rs da ecologia: repensar, recusar, reduzir, reparar, reutilizar, reciclar e reintegrar.

Slow food: em oposição ao Fast Food, o Slow Food (em inglês, literalmente, “comida lenta”) é um movimento e uma organização não governamental fundados por Carlo Petrini em 1986, tendo como objetivo promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente.

Economia solidária: é definida como o “conjunto de atividades econômicas – de produção, distribuição, consumo solidário, troca, comércio justo, poupança e crédito – organizadas sob a forma de autogestão. Trata-se de uma forma de organização centrada na valorização do ser humano e não do capital, caracterizada pela igualdade. Ela está ligada à Economia Colaborativa e o Capitalismo 2.0, que preferem dividir e colaborar do que acumular, criando novas formas de fazer negócios.

Empresa social: busca associar a expertise do mundo dos negócios empresariais (administração, finanças, economia) com a expertise social das organizações sem fins lucrativos, trata-se de um híbrido dos chamados segundo e terceiro setor, denominado por alguns como setor 2.5 (dois e meio).

Feiras de trocas: são uma maneira engajada e divertida de repensar a forma como consumimos, envolvendo adultos e crianças com o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre as consequências do consumismo, e minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dele.

Referências: Wikipedia, Criança e Consumo, Slow Food, Ministério do Meio Ambiente.

Direitos não muito direitos

O Código de Defesa do Consumidor foi um grande avanço sem dúvida. A dúvida é sobre os abusos que alguns consumidores cometem. Será que sempre devemos fazer o que temos o direito de fazer? Eu acho que depende do caso.

Consumir somente um café e uma água e ficar horas trabalhando ou batendo papo no café não é proibido. Devo me lembrar que ali não é minha casa e que custa muito caro manter uma infraestrutura de móveis, pessoas, limpeza, alimentos, bebida, empresa aberta, etc.

Se a minha conta vier errada eu posso exigir que o valor cobrado a mais seja devolvido em dobro. Será que foram tantas perdas e danos assim que justifiquem dar esse prejuízo aos proprietários do estabelecimento?

A loja claramente errou na etiqueta do produto colocando um dígito a menos e eu tenho o direito de levar o produto pelo preço da etiqueta. Posso, mas não preciso.

Comprei um vestido em loja virtual, desfilei com ele por um dia e devolvi no dia seguinte. Estou exercendo o meu direito, mas não é direito fazer isso.

Saí e passei em vários lugares. Quando chego ao carro que deixei no estacionamento, vejo que o meu celular novo e chamativo sumiu, eu não faço ideia de onde o perdi e perguntando em todos os lugares ninguém encontrou. Vou responsabilizar o estacionamento só porque ele tem um seguro?

Perdi a comanda e não me lembro exatamente do que consumi, mas o garçom se lembra e não é nada absurdo. Vou discutir com ele?

Fiquei muito irritada com um defeito em meu eletrodoméstico e a empresa está demorando para solucionar. Vou reclamar na Internet e acabo me excedendo nos comentários. Queria o eletrodoméstico consertado ou vingança?

Recebi um cartão de crédito sem tê-lo solicitado. Preciso processar o banco por isso?

Estar claramente desmotivado e improdutivo no trabalho atual e ficar provocando o empregador para ser demitido ao invés de pedir logo para sair pode até ser legal, mas é correto?

Se abusarmos de nossos direitos, podemos acabar perdendo alguns deles, abrindo espaço para que amanhã a lei mude ou até sendo obrigados a indenizar os danos que causamos ao fornecedor. Melhor pensar bem se não há formas mais limpas e pacíficas de economizar.

Andréa Voûte

Nem tudo o que é barato é ruim

Por um momento vamos deixar de lado o preconceito e voltar nossa atenção às coisas baratas. Nem tudo o que tem um preço menor do que o normal do mercado é ilegal ou de baixa qualidade. Se teimarmos em ficar fechados neste conceito, várias oportunidades de bons negócios serão perdidas.

Alguém desesperado para vender, porque precisa desovar o estoque, ou usar o dinheiro para outra coisa, ou ainda por estratégia comercial para ganhar mercado e conquistar novos clientes, é alguém que abaixa o preço.

Os usados também podem ser muito adequados a uma situação em que você não precisa do produto novíssimo. Basta um pouco de tempo e paciência para pesquisar e verá quantos bons objetos podem ser comprados pela metade do preço. A família que está vendendo tudo porque precisa mudar-se tem ótimos móveis, eletrodomésticos e às vezes um lindo pet esperando ser adotado. A pessoa que mudou de peso ou de estilo de vida tem roupas, bicicleta, prancha. As feiras de trocas são ricas em livros e brinquedos interessantes. Os leilões oferecem imóveis a preços muito convidativos.

Pesquisar antes de comprar vale para tudo, certo? Então aí vai uma dica: sites de vendas diretas entre pessoas tem uma incrível variedade de produtos – novos e usados – além dos tradicionais classificados nos jornais. Depois de tomar um banho de informações, você estará mais preparado para uma boa compra.

Veja quantas dicas práticas nas seções #BB (Bom e Barato), #OBQSC (O Barato Que Sai Caro), #NVQC (Não Vale Quanto Custa) e #VCC (Vale Cada Centavo) da Voute Contar no Facebook e Instagram. Assim poderá repensar suas escolhas e tentar novas experiências de compra, dando valor ao seu tempo e dinheiro. Você já sabe também que nem tudo o que é caro é bom.

No lazer também há muitas opções para situações de escassez financeira. Parques, museus, shows, praia, esportes, saraus, reuniões de amigos ou familiares, programinhas românticos. Eventos em que você usa a criatividade para a decoração e as atividades podem ser muito divertidos. Nem só de shopping centers, festas cinematográficas e baladas pirotécnicas vive o lazer.

Cuidado, depois de seguir estas recomendações, é possível que você seja contagiado e comece a pensar em trocar, vender ou doar aqueles objetos e bens sem uso… Afinal, que desperdício deixar as coisas mofando e empoeirando quando podiam ter um fim útil para outra pessoa. Que desperdício pagar caro em uma coisa sem necessidade em vez de fazer melhor uso do dinheiro!

Andréa Voûte
foto de Frank McKenna para Unsplash