O que chamamos de dinheiro

Primeiro foram os cartões de crédito e débito, depois formas de pagamento como PayPal (do E-bay, EUA) que passa pelo cartão de crédito, sua digital, íris e tokens e agora outras que não tem qualquer relação com o que já conhecemos. O dinheiro vivo é cada vez menos usado, somente cerca de 5% das transações financeiras do mundo. Na China, é comum pagar nas lojas e camelôs apontando o celular para uma plaquinha com um QR Code (uma espécie de código de barras) do estabelecimento e Alipay da empresa Alibaba e WeChatPay da empresa Tencent são os meios de pagamento mais usados.

As fintechs são empresas do mercado financeiro que usam intensamente a tecnologia para prestar serviços modernos, menos burocráticos e mais baratos. Elas costumam ser mais especializadas, oferecendo somente um serviço, como conta digital, cartão de crédito, investimentos ou empréstimos. Bancos digitais sem agências físicas, cartões de crédito sem tarifas, empréstimos a juros menores. Quanto mais a tecnologia avança e o seu custo cai, mais estímulos para as fintechs decolarem. Mesmo assim, algumas já quebraram e muitas dão prejuízo ou um lucro que nem chega perto das instituições financeiras convencionais.

São fruto da insatisfação dos clientes bancários que ficam nos bancos por obrigação e por insegurança mas não gostam dos serviços, desconfiam da isenção dos conselhos recebidos, acham caras as tarifas e juros e prefeririam ter mais opções de bancos concorrendo. Os bancos já estão reagindo, tentando criar alternativas competitivas e questionando a segurança dos dados e do patrimônio dos clientes que as fintechs proporcionam.

“A criptomoeda (ou criptodinheiro) é um meio de troca que se utiliza de criptografia para assegurar transações e para controlar a criação de novas unidades da moeda.[1] Criptomoedas são um subconjunto das moedas digitais. O Bitcoin tornou-se a primeira criptomoeda descentralizada em 2009.[2]  Desde então, inúmeras criptomoedas foram criadas.[3] Criptomoedas usam um controle descentralizado, ao contrário de sistemas bancários centralizados.[4]  O controle descentralizado está relacionado ao uso do block chain (Banco de transações do Bitcoin) no papel de livro de registros.[5] ”  Wikipedia

Um programador japonês (ou empresa) de pseudônimo Satoshi Sakamoto desenvolveu o Bitcoin – BTC – em 2009. A partir daí, surgiram muitas outras, como Ethereum (ETH), Stratis (STRAT), Ripple (XRP), Siacoin (SC), Dash (DASH), Aeon (AEON).

Você baixa um programa que é uma carteira virtual, compra seus primeiros Bitcoins com dinheiro real e depois começa a usar, por exemplo, pagando compras virtuais. Tem algumas semelhanças com câmbio de moedas estrangeiras, inclusive com emissão limitada. Usuários “mineiros” emprestam o seu computador para resolver cálculos e ganham Bitcoins, mas a mineração rende pouco e exige muito processamento e energia elétrica.

Os governos tratam as criptomoedas de formas bem diferentes e todos estão atentos e planejando maneiras de taxar e regular as transações feitas com elas. A ideia é ter moedas internacionais, independentes e anônimas que diminuam a violência e economizem as despesas com impressão, transporte e armazenagem do dinheiro físico. Mas não ter para quem reclamar ou a quem rastrear e processar não inspira segurança. Além disso, dinheiro virtual também precisa ser protegido e ver os dígitos sumirem da sua conta também é uma forma de violência.

Algumas pessoas estão usando as criptomoedas para especular, o que é arriscadíssimo pela alta volatilidade (os preços oscilam mais do que ações, dólar e ouro) e alto índice de roubo e fraude. A liquidez é menor do que Dólar e Euro e mesmo para usar como forma de pagamento ainda é pequena a aceitação. Para arriscar-se a investir nas criptomoedas, você precisaria acompanhar de perto as notícias sobre elas, sobre tecnologia e todos os fatores políticos e econômicos que poderiam influenciar a moeda a subir ou cair. Mesmo que use uma corretora.

O dinheiro em espécie é algo concreto e portanto fácil de entender e sentir. Por tudo o que já estudei sobre psicologia do dinheiro e finanças comportamentais, imagino os gastadores gastando mais e os desligados do dinheiro ficando ainda mais desligados. Pagar com dinheiro em papel faz com que você use o tato, a visão e o olfato; para planejar os saques e contar o troco você pensou e adquiriu uma consciência maior do seu gasto. Receber em dinheiro também é gostoso e contar as notas, esconder no cofre, ver a criança juntar no cofrinho, colecionar moedas estrangeiras, tudo isso tende a virar história em breve. Os conceitos de liquidez, riqueza, crédito e investimento estão mudando e quanto mais você entender de tecnologia melhor.

Postura ativa e responsável

Imagine que estejamos vivendo um dia normal, quando de repente surge um imprevisto. Sabemos que isso pode acontecer e que são várias as atitudes que podemos tomar. Digamos que nossas reações em determinados momentos podem ter uma tendência ativa e, em outros momentos, passiva. Vamos ver o exemplo abaixo:

Uma pessoa, em um ato bastante comum e aparentemente generoso, empresta seu cartão de crédito para uma amiga fazer compras. Essa pessoa possivelmente acabará, com problemas e talvez o nome sujo na praça. Se isso acontecer, pela postura passiva adotada – provavelmente por considerar a amiga confiável – está claro que ela é igualmente responsável pela situação criada. Em situações assim, também é comum que, para não ficar chato, ela não cobre a amiga. Magoada e constrangida ela fala com o banco, reclama dos juros, perde tempo, dinheiro e, como não poderia deixar de ser, a amizade fica abalada. Para evitar esse tipo de situação, adotar uma postura “ativa” é sempre a melhor solução, que, nesse caso, seria simplesmente ter dito, de forma delicada, que não poderia emprestar o cartão. Talvez acompanhada de uma orientação de como não precisar pedir emprestado o cartão alheio para que a amiga também seja mais ativa e autônoma em suas finanças.

Nesse exemplo estamos falando de escolhas possíveis, sendo que a mais “fácil” pode tornar uma pessoa vítima das circunstâncias. A mais “difícil”, porém, poderá evitar problemas e trará mais tranquilidade no futuro. Decisões desse tipo tranquilizam e enriquecem. O autocontrole é bem melhor do que tentar controlar o outro; o autoconhecimento primeiro e depois conhecer o outro; a autocrítica é mais útil do que criticar o outro, a autoestima é mais importante do que os aplausos alheios.

Ser adulto é fazer a nossa parte primeiro, é vencer a preguiça, é ter coragem, é persistir, é ter palavra e sustentar-se. Você já observou uma pessoa imatura e pensou que caberia aos pais não mimarem os filhos e aos filhos recusarem os mimos? Isso se estende a outras relações também, por exemplo entre chefes e funcionários, entre marido e mulher ou até entre prestadores de serviços e clientes. Pessoas dependentes que ficam procurando alguém para seguir e pessoas mimadas que ficam procurando alguém que as sirva não se desenvolvem, não conquistam nada e desperdiçam o seu potencial no tédio da vida passiva.

Exemplos de perguntas improdutivas: Quem é o culpado?  O que pode ser pior do que isso?  Quem vai pagar por isso?  Como posso provar que estou certo?  Quando as coisas vão mudar?

Exemplos de perguntas produtivas: O que eu posso fazer para resolver ou minimizar o problema? O que eu posso aprender com isso? O que eu posso fazer para evitar que aconteça novamente? Como aceitar e me adaptar ao que não tenho sob controle? 

Andréa Voûte

Os desejos e a liberdade

Tantas coisas almejamos fazer com nosso dinheiro que já não sabemos o que nasceu em nosso interior e o que foi influência de quem convivemos ou “implantado” pelas grandes empresas, já que os mecanismos do marketing moderno são sofisticadíssimos e sutis. Hoje o marketing conhece nosso cérebro e comportamento melhor do que nós mesmos.

Vamos resolver isso então! Mergulhemos cada vez mais no autoconhecimento, observando diariamente a nós mesmos. Prestemos atenção nos números, nas emoções ao ganhar, gastar, poupar, investir, perder e doar. Parece que gastar traz felicidade, que merecemos mais, que podemos tudo, que as condições de pagamento estão facilitadas, mas racionalmente já sabemos que não é bem assim.

Como transformar um rico em pobre, um feliz em infeliz, um calmo em estressado? A fórmula é bem simples, faça ele desejar cada vez mais e gastar tudo o que tem e mais um pouco, faça ele sentir-se ultrapassado e por fora, aumente as expectativas e chame os luxos de necessidade. Toda a sua riqueza será engolida pelos juros, toda a sua satisfação será sufocada pela ambição insaciável e toda a sua calma será atormentada pelas dívidas e dúvidas sobre conseguir cumprir todos os compromissos que gerou.

Uma das coisas que a maioria das pessoas felizes tem em comum é gostar do que tem e dar valor às pequenas coisas. Só que estamos expostos a milhares de propagandas por dia que nos dizem claramente ou insinuam o contrário. Somos atraídos para a novidade, seduzidos pela perfeição, induzidos ao prazer do consumo e levados a acreditar que temos coisas antiquadas e uma vida sem graça. Não se trata de uma teoria da conspiração para deixar a todos mal, basta que quem venda algo seja egoísta e não se importe verdadeiramente com o consumidor nem com o meio-ambiente. É quem gasta que precisa ter muita consciência.

Tenho visto pobres que ganham muito bem e vivem no luxo, mas se ficarem um mês sem trabalhar seu castelo de areia desmorona e estão em sérios apuros. Tenho visto pessoas de natureza simples serem influenciadas pelo consumismo e aumentarem a sofisticação gradualmente até o ponto da futilidade. Tenho visto vaidosos que trocam o cuidar-se por produzir-se e ainda que gostem do que veem no espelho, não se reconhecem ali e, sem todos os acessórios e recursos, ao saírem do banho sentem-se incompletos, quando deveria ser o contrário. Tenho visto ricos que financiam o consumismo alheio e são coniventes com a preguiça dos seus dependentes, comprando assim o afeto e a presença de quem deveria estar por perto naturalmente.

Não precisamos nos torturar inutilmente por valores irrelevantes nem poupar cada centavo, não nos permitindo usufruir do fruto de nosso trabalho, é claro. É uma questão de cuidar da sanidade mental e da liberdade, evitando nos deixar escravizar por coisas que na verdade não importam.