Bom negócio de verdade

Ah, os bons negócios… Eles mexem com a gente de uma maneira muitas vezes incontrolável. Só quero garantir que seja mesmo um bom negócio para todos.

Nos últimos meses do ano, a alegria de gastar soma-se ao prazer de aproveitar boas oportunidades e sentir-se esperto. Os eventos se acumulam e agitam nossa vida: feriados, Black Friday, Dia do Solteiro, Décimo-terceiro salário, PLR, Natal, férias. Mas a vida não acaba em dezembro (esperamos que não) e queremos que você comece bem o ano e sem dívidas. O fluxo do dinheiro deve estar pronto para pagar tranquilamente o IPVA, material escolar, Carnaval ou simplesmente ter as finanças equilibradas.

Caso o seu negócio venda menos em dezembro ou janeiro, é recomendável cautela. Se o décimo-terceiro salário for a sua única renda extra, valorize esse dinheiro e use-o com sabedoria.

Promoção, liquidação, desconto, sale, off

Qualquer palavra que signifique uma redução do custo é persuasiva a ponto de ser o maior gatilho de consumo que existe. Hormônios são liberados na corrente sanguínea, supervalorizamos o produto / serviço que queremos, criamos justificativas lógicas para a compra. A coisa começa com impulsos e pode chegar a uma verdadeira histeria, não nos deixemos contaminar pela “manada”.

Temos instintos ultrapassados: de quando tudo era de difícil acesso ou de quando os preços subiam vertiginosamente de um dia para o outro, então diante do produto certo era preciso agir rápido. Temos oscilações de humor, cansaço acumulado, mudanças hormonais e momentos de fragilidade – hora de evitar o contato com as tentações financeiras.

A loja está fazendo o papel dela sendo persuasiva para te atrair a gastar e não tem como saber da sua situação financeira. Você é o único responsável por saber se pode agora e dizer sim ou não. As promoções continuarão a existir e essa não é sua única chance, melhor a frustração da espera do que a culpa depois. Espere o ano que vem ou as liquidações de janeiro que oferecem ótimos descontos também.

O que pode ser perda de tempo, dinheiro e energia:

Oferta do desnecessário – comprar o que não precisa só porque está barato. Comparado ao zero que estava planejado, deixou de ser barato.

Usar o cheque especial ou o cartão de crédito na compra – consumo é o pior uso do crédito. Se um desconto de 50% causa dívidas de 15% ao mês em juros, a vantagem virou complicação.

Agir de forma irresponsável usando um valor que estava comprometido com outras contas importantes e assim prejudicar suas finanças como um todo.

Cair em ciladas de lojas falsas ou Black Fraude (aumentam o preço para depois abaixar) muito comuns nesta época.

A cada presente comprado, outro para você que merece, claro. Será que você merece também mais um gasto não programado te atrapalhando?

Desperdiçar também o produto em si e o espaço que ele irá ocupar, comprando algo que nunca será usado. Tudo que se produz tem alto custo para o meio ambiente do nosso planeta, especialmente os eletrônicos.

Ficar muito tempo sem organizar as suas contas, os seus armários e as suas tarefas te deixa meio sem noção do que você realmente precisa e pode.

O que pode ser mesmo uma oportunidade imperdível:

Cursos, workshops, palestras e assinaturas que você vai usar.

Investimentos em condições especiais: descontos em tarifas, remuneração maior, valor inicial reduzido. Agora sim, finalmente ter o prazer de cuidar do futuro.

Viagem que você faria de qualquer forma, portanto gastar com experiências e economizar ao mesmo tempo.

Presentes de natal que já estavam planejados, dentro da lista e do orçamento.

Quitar dívidas com desconto e fechar o ano mais livre. Melhor sair da Black List do que entrar na Black Friday!

É um produto ou serviço que você conhece bem e acompanha o preço há meses, sabe que o desconto é real.

Para um check-list de compras em geral que também serve para promoções, você tem o meu artigo “Por que comprar?” .

texto Andréa Voûte
imagem free de Dan Burton para Unsplash

Nem tudo o que é barato é ruim

Por um momento vamos deixar de lado o preconceito e voltar nossa atenção às coisas baratas. Nem tudo o que tem um preço menor do que o normal do mercado é ilegal ou de baixa qualidade. Se teimarmos em ficar fechados neste conceito, várias oportunidades de bons negócios serão perdidas.

Alguém desesperado para vender, porque precisa desovar o estoque, ou usar o dinheiro para outra coisa, ou ainda por estratégia comercial para ganhar mercado e conquistar novos clientes, é alguém que abaixa o preço.

Os usados também podem ser muito adequados a uma situação em que você não precisa do produto novíssimo. Basta um pouco de tempo e paciência para pesquisar e verá quantos bons objetos podem ser comprados pela metade do preço. A família que está vendendo tudo porque precisa mudar-se tem ótimos móveis, eletrodomésticos e às vezes um lindo pet esperando ser adotado. A pessoa que mudou de peso ou de estilo de vida tem roupas, bicicleta, prancha. As feiras de trocas são ricas em livros e brinquedos interessantes. Os leilões oferecem imóveis a preços muito convidativos.

Pesquisar antes de comprar vale para tudo, certo? Então aí vai uma dica: sites de vendas diretas entre pessoas tem uma incrível variedade de produtos – novos e usados – além dos tradicionais classificados nos jornais. Depois de tomar um banho de informações, você estará mais preparado para uma boa compra.

Veja quantas dicas práticas nas seções #BB (Bom e Barato), #OBQSC (O Barato Que Sai Caro), #NVQC (Não Vale Quanto Custa) e #VCC (Vale Cada Centavo) da Voute Contar no Facebook e Instagram. Assim poderá repensar suas escolhas e tentar novas experiências de compra, dando valor ao seu tempo e dinheiro. Você já sabe também que nem tudo o que é caro é bom.

No lazer também há muitas opções para situações de escassez financeira. Parques, museus, shows, praia, esportes, saraus, reuniões de amigos ou familiares, programinhas românticos. Eventos em que você usa a criatividade para a decoração e as atividades podem ser muito divertidos. Nem só de shopping centers, festas cinematográficas e baladas pirotécnicas vive o lazer.

Cuidado, depois de seguir estas recomendações, é possível que você seja contagiado e comece a pensar em trocar, vender ou doar aqueles objetos e bens sem uso… Afinal, que desperdício deixar as coisas mofando e empoeirando quando podiam ter um fim útil para outra pessoa. Que desperdício pagar caro em uma coisa sem necessidade em vez de fazer melhor uso do dinheiro!

Andréa Voûte
foto de Frank McKenna para Unsplash