Serei um polvo benevolente ou um eremita humilde

Visualize este paraíso: você tem liberdade, independência e autonomia. Você escolhe o que fazer com o seu dinheiro. Você pode fazer o que ama, trabalhando com as pessoas certas, recebendo o valor justo, dentro do prazo conveniente. Quando você enriquece, outros aspectos de sua vida além do material melhoram, você compartilha generosamente a riqueza e as pessoas lhe retribuem com gratidão. Quando você passa por dificuldades, age com discrição e poupa as outras pessoas de envolverem-se em seus problemas dos quais elas não tem culpa. Suas bênçãos o tornam um polvo benevolente e poderoso e suas maldições o tornam um eremita humilde.

Agora vamos à realidade.

Você vai indo bem e prospera a cada dia mais. Investe em coisas que acredita e gasta no que gosta, melhorando de vida. Naturalmente quer levar em sua excitante jornada todos os que você ama e os que se encaixariam bem em seus promissores projetos. Tem certeza de que irão atingir metas incríveis juntos e alcançar novos patamares, evoluindo continuamente e sendo cada vez mais felizes! É verdade que o dinheiro pode comprar liberdade e controle, mas isso tem limites, ainda bem.

Ninguém tem obrigação de te acompanhar, convide sem manipular. Nem todos estão preparados para subir, muitos não querem crescer, alguns temem qualquer mudança. Respeite-os no ponto em que estão, ajude-os sem forçar e ame-os como são. Talvez em um outro momento e talvez não com você, compreenda isso. Algumas pessoas começam junto e desistem, tentam mas não conseguem, paciência. Respeite a individualidade, o ritmo e o direito de errar de todos. E ainda tem as decepções ao realizar alguns planos e ver que nem tudo é o que esperamos e nem todos adaptam-se à nova vida.

Cada degrau que você subir junto com as vitórias pede escolhas complicadas. Romper laços com quem ficou na escala anterior, formar novos grupos, voltar um degrau e puxar alguém que ficou, empurrar quem não tem forças, enfrentar quem bloqueia a subida. Leve quem se dispuser voluntariamente e quem estiver preparado. Cuide do seu desenvolvimento e conquiste a sua privacidade, selecione os companheiros e afaste os interesseiros.

Em outro momento, você vai indo mal e se endivida a cada dia mais. Os problemas se multiplicam e fogem ao seu controle, prejudicando o seu futuro e outros aspectos da sua vida que não tem nada a ver com as finanças. Naturalmente você não quer levar ninguém para o fundo do poço, mas não há como evitar, você está fraco e caindo. Trouxe problemas a quem menos desejava e às vezes nem viu ou entendeu como. O alcance da sua pobreza vai se ampliando automaticamente, criando novas dívidas.

Você pode querer resolver tudo sozinho mas não consegue, pede ajuda e se depara com avareza ou recebe apoio inesperado sem pedir. Situações extremas e difíceis podem revelar o melhor ou o pior das pessoas. É preciso resolver o quanto antes e da melhor maneira possível, afetando menos gente em um grau não tão comprometedor.

A riqueza é mais fácil de organizar e administrar do que a pobreza. Com o sucesso, você tem mais espaço para planejar e agir dentro do plano. O fracasso invade e não te permite tanta liberdade, ele restringe o seu poder de ação. Não há garantia de nada, mas o impacto das boas notícias é mais previsível do que o impacto das más notícias. É mais fácil escolher quem levar para o alto da montanha do que escolher quem arrastar ladeira abaixo.

 

Andréa Voûte
imagem free de Ben Dumond para Unsplash

Quanto vale a sua imagem?

Há fases em que montar o visual é um prazer, podemos nos dar este luxo e queremos encantar. Há pessoas para quem a aparência é da maior importância e irão julgar-nos e deduzir coisas sobre nós a partir do que estão vendo. Há situações em que a imagem impacta nosso futuro, traz lucro ou prejuízo e pode abrir ou fechar portas. Sabemos que o nosso estilo comunica e que a primeira impressão fica. Sendo assim, arrumar-nos com pressa ou ficar em casa de qualquer jeito não é a melhor coisa a fazer.

Quando temos pouco dinheiro para investir no vestuário e no salão, precisamos recorrer à criatividade e ao planejamento. Podemos aprender a costurar, tricotar e bordar ou fazer visitas aos sapateiros, costureiras e alfaiates para consertos. Aprender a cuidar das unhas, pele e cabelo certamente é muito útil. Consulte os artigos “Com que roupa eu vou” e “Autonomia nos cuidados pessoais” aqui do blog da Voute Contar. Não repetir o figurino pode custar muito caro para nós e para o meio-ambiente, dá para variar e manter uma boa imagem sem falir.

Perder tempo todos os dias – às vezes mais de uma vez por dia – escolhendo e combinando roupas e depois acessórios, cabelo, maquiagem, sobrancelhas e barba, interfere na produtividade. Para isso o “armário cápsula” pode ajudar e não precisamos obedecer aos números (de 15 a 50 peças) como se fosse uma seita religiosa. Podemos  escolher nossas peças favoritas e algumas mais clássicas, fáceis de combinar com outras.

Sabemos que chamar a atenção para o nosso exterior pode distrair os outros e atrapalhar o que realmente importa. Quando o conteúdo da conversa é a prioridade, por exemplo em uma reunião de trabalho ou em uma aula, qualquer aspecto da aparência que desvie a atenção não é bem-vindo. Isso requer cuidados básicos, inclusive de higiene, além de evitar excessos para não ter nada tão bom ou tão ruim que grite mais alto que a nossa voz.

Em um determinado meio, quanto mais arrumada a pessoa, maior a auto-estima, popularidade, poder. No outro grupo, o mesmo cuidado com a aparência será considerado futilidade e desperdício de tempo. Isso já diz muito sobre o tipo de grupo que frequentamos. Há momentos de nos destacarmos e outros de nos igualarmos e a arte de saber diferenciá-los exige inteligência emocional. Muitas pessoas preferem ter roupas de trabalho padronizadas como um uniforme e deixam para inovar e ousar na hora de sair (dependendo da profissão).

Você hoje está em que fase? Quanto tempo e dinheiro gasta por ano com a sua imagem? Que retorno este gasto te traz?

Andréa Voûte

imagem free de DreamsTime

TEM O SUFICIENTE PARA TODOS?

Se você acompanhou os números divulgados no Dia da Água e Dia da Terra, já tem uma ideia dos problemas climáticos e ambientais atuais. Estamos abusando do limite da Biocapacidade do planeta, ela tem diminuído pela degradação dos solos e mares. Já estamos roubando recursos das próximas gerações.

A pegada ecológica é medida nas empresas, cidades, países e pode ser medida por pessoa. Cada país é avaliado como credor ou devedor do meio-ambiente. Se todos consumissem como os americanos, precisaríamos de 5 planetas Terra. Um paulistano típico gasta 200 litros de água e produz 1 kg de lixo por dia. Os 20% mais ricos do mundo consomem 76% dos bens e serviços da Terra, a classe média que representa 60% das pessoas é responsável por 20% do consumo e os 20% mais pobres consomem somente 4% dos bens e serviços. Os números só não são piores e a devastação do meio-ambiente só não é maior porque há países muito pobres com baixo consumo e emissão de poluentes, como algumas regiões do continente africano, que só tem 15 litros de água por pessoa por dia em média.

Calcule a sua pegada ecológica em termos de água, energia, alimentação, consumo, descarte e transporte no teste da WWF:  http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php  e analise sua rotina para identificar se nela há algumas destas práticas:

Consumismo: refere-se a um modo de vida orientado por uma crescente propensão ao consumo de bens ou serviços, em geral supérfluos, em razão do seu significado simbólico (prazer, sucesso, felicidade), frequentemente atribuído pelos meios de comunicação de massa. Quando se torna doença, chama-se Oniomania.

Obsolescência programada: é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.

Ostentação: é o ato de, com muito excesso e orgulho, exibir realizações, posses ou habilidades de si próprio, com vaidade e pompa, bens, direitos ou outra propriedade, normalmente fazendo referência à necessidade de mostrar luxo, riqueza ou poder.

Avareza: é a dificuldade e o medo de perder algo que possui, como bens materiais e recursos. Uma pessoa avarenta não quer abrir mão do que tem mesmo que receba algo em troca, tem cuidado com seus pertences e é egoísta.

Colecionismo: é a prática que as pessoas têm de guardar, organizar, selecionar, trocar e expor diversos itens por categoria, em função de seus interesses pessoais. Há vantagens como aprender a classificar e aprender sobre o objeto colecionado, e há desvantagens por gerar acúmulo em excesso.

Ganância:  opondo-se à generosidade, é uma vontade de possuir tudo que se admira para si próprio. É um desejo excessivo direcionado principalmente à riqueza material ou poder. Com ela você pode corromper terceiros e se deixar corromper, manipular e enganar chegando ao extremo de matar.

Alguns movimentos estão surgindo para solucionar os problemas atuais, escolha os seus:

Minimalismo: Com o lema “menos é mais”, o minimalista reduz a quantidade de bens, de compras, de serviços, mas não necessariamente reduz os gastos, o conforto e o luxo. Ele só evita os excessos, a complexidade e o desperdício. Tem estreita relação com o Essencialismo, do livro de Greg McKeown, que busca fazer menos mas melhor

Frugalismo: O frugalista sim, gasta menos, normalmente é naturalista e fica no básico. Ele consome menos, mas pode ser um acumulador porque reaproveita, conserta e reutiliza coisas. Muitos desenvolvem autonomia e habilidades manuais no estilo DIY (Do It Yourself ou faça-você-mesmo). Um exemplo é a Compostagem, que transforma restos de comida em adubo e nos aproxima do Lixo Zero.

Simplicidade voluntária: ter uma vida mais simples voluntariamente e voltar-se mais para o seu interior, mais para o “ser” do que para o “ter”. Muitos dão menos atenção ao lado material da vida para focar no emocional, intelectual ou espiritual.

Consumo consciente: Ao ter consciência das consequências na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo melhor. Uma meta do consumidor consciente é praticar os 7 Rs da ecologia: repensar, recusar, reduzir, reparar, reutilizar, reciclar e reintegrar.

Slow food: em oposição ao Fast Food, o Slow Food (em inglês, literalmente, “comida lenta”) é um movimento e uma organização não governamental fundados por Carlo Petrini em 1986, tendo como objetivo promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente.

Economia solidária: é definida como o “conjunto de atividades econômicas – de produção, distribuição, consumo solidário, troca, comércio justo, poupança e crédito – organizadas sob a forma de autogestão. Trata-se de uma forma de organização centrada na valorização do ser humano e não do capital, caracterizada pela igualdade. Ela está ligada à Economia Colaborativa e o Capitalismo 2.0, que preferem dividir e colaborar do que acumular, criando novas formas de fazer negócios.

Empresa social: busca associar a expertise do mundo dos negócios empresariais (administração, finanças, economia) com a expertise social das organizações sem fins lucrativos, trata-se de um híbrido dos chamados segundo e terceiro setor, denominado por alguns como setor 2.5 (dois e meio).

Feiras de trocas: são uma maneira engajada e divertida de repensar a forma como consumimos, envolvendo adultos e crianças com o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre as consequências do consumismo, e minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dele.

Referências: Wikipedia, Criança e Consumo, Slow Food, Ministério do Meio Ambiente.

Direitos não muito direitos

O Código de Defesa do Consumidor foi um grande avanço sem dúvida. A dúvida é sobre os abusos que alguns consumidores cometem. Será que sempre devemos fazer o que temos o direito de fazer? Eu acho que depende do caso.

Consumir somente um café e uma água e ficar horas trabalhando ou batendo papo no café não é proibido. Devo me lembrar que ali não é minha casa e que custa muito caro manter uma infraestrutura de móveis, pessoas, limpeza, alimentos, bebida, empresa aberta, etc.

Se a minha conta vier errada eu posso exigir que o valor cobrado a mais seja devolvido em dobro. Será que foram tantas perdas e danos assim que justifiquem dar esse prejuízo aos proprietários do estabelecimento?

A loja claramente errou na etiqueta do produto colocando um dígito a menos e eu tenho o direito de levar o produto pelo preço da etiqueta. Posso, mas não preciso.

Comprei um vestido em loja virtual, desfilei com ele por um dia e devolvi no dia seguinte. Estou exercendo o meu direito, mas não é direito fazer isso.

Saí e passei em vários lugares. Quando chego ao carro que deixei no estacionamento, vejo que o meu celular novo e chamativo sumiu, eu não faço ideia de onde o perdi e perguntando em todos os lugares ninguém encontrou. Vou responsabilizar o estacionamento só porque ele tem um seguro?

Perdi a comanda e não me lembro exatamente do que consumi, mas o garçom se lembra e não é nada absurdo. Vou discutir com ele?

Fiquei muito irritada com um defeito em meu eletrodoméstico e a empresa está demorando para solucionar. Vou reclamar na Internet e acabo me excedendo nos comentários. Queria o eletrodoméstico consertado ou vingança?

Recebi um cartão de crédito sem tê-lo solicitado. Preciso processar o banco por isso?

Estar claramente desmotivado e improdutivo no trabalho atual e ficar provocando o empregador para ser demitido ao invés de pedir logo para sair pode até ser legal, mas é correto?

Se abusarmos de nossos direitos, podemos acabar perdendo alguns deles, abrindo espaço para que amanhã a lei mude ou até sendo obrigados a indenizar os danos que causamos ao fornecedor. Melhor pensar bem se não há formas mais limpas e pacíficas de economizar.

Andréa Voûte

Leve x pesado

Imagine aquela pessoa que se orgulha de não ser materialista, que tem horror a mesquinharias e raramente fala sobre dinheiro, especialmente à mesa. É uma pessoa leve, alto astral, que sempre acredita que as coisas vão melhorar. Prefere assuntos agradáveis e boas notícias, adora humanas e odeia matemática. Não procura problemas, evita conversas pessimistas, irrita-se com gente que fica falando o que ela não pode fazer. É do tipo que segue o coração, que afirma que pessoas são mais importantes do que coisas e para certos assuntos não se faz conta. É a alegria da festa e sempre topa um programa de última hora. Está sempre ligada no que realmente importa na vida e o dinheiro não compra – o lado espiritual e humano – nunca no material. Algumas decisões mais racionais ela vê como vender a alma ou ser uma pessoa fria. Orçamento prende, lucro é pecado, economistas são tensos, financistas são medrosos e economizar não resolve.

Corta para 20 anos depois. Na vida adulta, ela tem dependentes e contas para pagar, passou por crises financeiras e altos e baixos na carreira como a maioria de nós. Ela não quis administrar o dinheiro e hoje administra dívidas. Ela não planejou a aposentadoria e agora tem perspectiva de uma velhice difícil. É refém das contas que não gostava de fazer, é obrigada a calcular e recalcular cada passo. Os cortes no orçamento dos quais tanto fugiu a alcançaram e a obrigaram a escolher que contas não pagar, agora com menos liberdade. O dinheiro que desprezava é de “quem” ela muitas vezes passa dias correndo atrás. As pessoas a quem ela realmente valoriza foram prejudicadas direta ou indiretamente pelas suas dívidas. Os graves problemas financeiros abalaram os relacionamentos, o sono, a saúde, a reputação, autoestima e até a fé, por sentir-se culpada, revoltada e impotente ao mesmo tempo. Ironicamente, quem era tão leve e se alegrava com isso, hoje é uma pessoa pesada e tensa. Quem não queria prender-se a planos e limitações, hoje não consegue voar.

Ficção baseada em fatos reais, coisas que já vi e ouvi inúmeras vezes. Não dá para ser tão desligado de dinheiro assim, a não ser que você esteja disposto a largar tudo dos tempos atuais e da vida comum. Organize as finanças começando hoje!

Andréa Voûte

(imagem free de Jenelle Ball para Unsplash)

Extratos – essa leitura chata

Por favor, pelo bem de sua inteligência financeira, não pague contas sem saber, esteja consciente do que está sendo cobrado, especialmente dos débitos automáticos. Os lançamentos das suas contas correntes e de investimentos devem ser acompanhados de perto, no mínimo uma vez por semana e comparados aos seus controles. O mesmo vale para as faturas dos cartões de crédito, contas de telefone, energia elétrica, etc.

Fique atento ao que está acontecendo com o seu dinheiro, assuma o controle de suas finanças! Você como consumidor ao pagar contas deveria saber a que elas se referem. E você como empresário ao receber em cartão deveria acompanhar os extratos de sua maquininha porque ali já vi muito prejuízo e até erros. No banco, uma assinatura pode ser renovada automaticamente sem o seu conhecimento. No telefone, você não usa a metade do plano que é superdimensionado para você, mas quando ligam para te oferecer um maior ainda você aceita porque o desconto era bom.

Os extratos trazem abreviações e termos técnicos que desconhecemos, ou pior, temos a impressão que sabemos o que quer dizer, mas é um engano. Se você não entendeu a descrição pergunte e, se determinado lançamento lhe pareceu estranho, procure saber exatamente o que é. Eu já presenciei vários casos de débitos que não deveriam ter acontecido, serviços que não foram contratados e tarifas que foram cobradas indevidamente por meses seguidos! Sim, enganos acontecem e má fé também, aproveitando-se da distração ou comodismo do cliente… Se pagou o que não devia, peça reembolso.

Às vezes um cidadão correto contrai dívidas por ignorar suas obrigações. Por ex. se você tiver uma empresa, seu contador precisa estar muitíssimo bem informado sobre os tributos ou você pode acumular dívidas com o governo e levar um susto de repente. Nomenclaturas estranhas como “recolher” e “reter” um imposto, tantas siglas que mais parecem uma sopa de letrinhas e uma legislação mutante dificultam manter as contas em dia. Fale de vez em quando com o contador, acompanhe notícias e visite os sites do governo para saber mais.

E não se trata só de detectar problemas e investigar fraudes ou abusos. Os documentos aqui citados trazem um pouco do seu histórico: por onde você andou, de quem, quando, como e quanto recebeu, a evolução de seu saldo no decorrer do mês e vários outros números importantes para a consciência da sua saúde financeira e das tendências estabelecidas. A partir deles você monta índices e gráficos que te ajudam a decidir melhor.

Isso talvez seja um ótimo estímulo ao minimalismo nas contas e cartões, reduzindo a complexidade de extratos a acompanhar.

Andréa Voûte

Exame de consciência

Antes de tudo, vamos esclarecer que não vim para nos carregar com o peso da culpa, nem nos entristecer com a dor do arrependimento ou nos revoltar com a fraqueza humana. Também não são perguntas aleatórias ou todas as perguntas mais importantes. Este é um exercício de aprendizado e aperfeiçoamento para melhorar de vida com ações e atitude.

A cada resposta que te incomoda pergunte-se COMO COMEÇAR A MUDAR ISSO JÁ e a cada resposta que te deixa feliz, COMEMORE E CONTINUE ASSIM! A ideia é que daqui a um ano você esteja mais consciente, satisfeito e realizado.

Neste ano:

Quanto dinheiro entrou e saiu de minhas contas?

Usei bem o meu dinheiro? Sei para onde ele foi e isso combina com o que é importante para mim?

Empobreci ou enriqueci?

Que bens valorizaram e que bens sofreram depreciação?

Quantas dívidas quitei e quantas adquiri ao longo do ano?

Consegui cumprir todos os compromissos financeiros que assumi?

O que me estimulou a ser perseverante e responsável com o dinheiro?

Quanto durou o meu prazer em cada compra por impulso?

Nas ocasiões em que deixei-me levar pelos vícios, quanto custou isso?

Fui intolerante com os gastadores? Ou com os avarentos?

Me alegrei com o sucesso de quem? Tive compaixão diante dos problemas alheios?

Manipulei em minhas negociações e relacionamentos para “vencer”?

O que estudei, aprendi e me aperfeiçoei neste ano sobre finanças?

Quantas vezes persegui os atalhos, o caminho mais fácil e rápido?

Consegui poupar e investir de acordo com meus planos e necessidades?

Fiquei alardeando meus sucessos financeiros ou a fortuna que gastei?

Quem me ajudou a prosperar? E quem me prejudicou financeiramente?

Coloquei a aparência em primeiro lugar gastando demais com ela?

Com quem eu compartilhei riquezas e conhecimento, a quem socorri ou em quem investi?

O que fiz para manter minha vida financeira minimamente organizada?

Em que situações me perdi nos detalhes e na rigidez do perfeccionismo?

Que oportunidades de negócio consegui aproveitar e o que perdi por hesitar demais?

Fiquei financeiramente mais independente ou mais dependente?

Mantive uma coerência e estabilidade emocional na maior parte dos meus dias? Como isso afetou minhas finanças?

Tratei com respeito quem me deve ou trabalha para mim?

Soube vender e cobrar sem chantagens e mentiras?

Uso bem o poder? Como me comportei quando fui contrariado/a?

Julguei alguém pela aparência e depois soube que me enganei?

Acabei comprometendo minha segurança e dignidade por causa da carência excessiva?

Deixei-me seduzir pelos apelos do consumo?

Troquei de celular, carro ou decoração sem necessidade?

Se no mundo houvesse mais pessoas que lidam com o dinheiro da mesma maneira que eu, o mundo seria melhor ou pior?

Faça balanços como este de vez em quando, reflita e escolha algumas ações para começar bem o próximo ano.

Andréa Voûte

imagem free de Martin Sanchez para Unsplash

Equilíbrio do equilíbrio

Eu considero as palavras “tudo”, “nada”, “nunca” e “sempre” pesadas, da mesma forma que fica estranho colocar “meio”, “talvez” ou “mais ou menos” em todas as frases. Muitas pessoas acreditam ser importante ter equilíbrio em tudo, mas vamos pensar como seria o equilíbrio do equilíbrio. Soou desequilibrado para você?

Se eu pegar um sonho e transformá-lo em meta, focando meus recursos nela, há grandes possibilidades de ele ser atingindo. Dedicação e persistência são qualidades que ajudam a realizar coisas e isso costuma trazer muitos benefícios. No entanto, algumas situações exigem um desvio, uma adaptação, um momento multitarefa. A meta pode tornar-se impossível ou inadequada. De qualquer forma, toda experiência é válida.

Neste mundo competitivo, fazer as coisas pela metade pode causar muitas perdas e muitos danos. Trabalhar em algo que não sabemos fazer, por exemplo, toma um tempo enorme e gastamos muita energia para obter um resultado que, com certeza, será medíocre e, quem sabe, poderá até nos custar o emprego. Há certos tipos de trabalho em que não podemos errar e tudo precisa ser perfeito ou é melhor nem começar.

Da mesma forma, relacionamentos superficiais ou frios podem causar mais brigas do que alegrias, mais traições do que lealdade e mais obrigações do que prazeres. Algumas situações de relacionamento pedem entrega e amor incondicional, outras pedem respeito e moderação e há as que pedem distância e rupturas. E isso nem sempre está sob controle.

Ser sério, sem dúvida, é muito importante, mas há também os momentos em que podemos relaxar um pouco para que as preocupações não se tornem neuroses. A rigidez constante faz tão mal quanto a irresponsabilidade.

Ter fé aumenta nossa qualidade de vida, se comparada à vida de alguém totalmente incrédulo, desde que essa fé não ultrapasse a linha do fanatismo. O concreto e o cientificamente comprovado são fundamentais para o mundo.

Gastar e consumir, nem demais nem de menos. Ambição na medida certa. Risco do tamanho da sua tolerância. Generosidade sem facilitar abusos. Precisamos prestar atenção em nosso comportamento financeiro, testando e buscando.

Portanto, “equilíbrio do equilíbrio” é saber dosar as coisas, sejam elas quais forem, de acordo com você e com a situação que se apresenta. Alguns chamam de equilíbrio a alternância entre um extremo e outro, alguns escolhem sempre o meio, sendo radicais na moderação…

Para certas coisas eu sou radical assumida, em outras tenho equilíbrio e o maior desafio é lutar contra o desequilíbrio, quando acontece o extremo no momento que deveria ser ameno e vice-versa.

foto de Ruslan Z H para Unsplash

Andréa Voûte

Dinheiro é sujo

É verdade que as moedas e principalmente as cédulas de dinheiro são sujas, literalmente falando, mas percebo que a sujeira do dinheiro recebe uma atenção exagerada em relação a outras coisas igualmente ou mais contaminadas.

Tudo em que pegamos, especialmente na rua, vai juntando sujeira e deve receber uma limpeza regularmente… Há frequentes pesquisas alertando para os campeões da sujeira: corrimão, maçaneta, teclado e mouse, celular, volante e câmbio de carro, carrinho de supermercado, entre outros. Raramente se limpa esses objetos ou diz: eca, fechou a porta e agora está comendo com esta mão suja! E é muito comum ver alguém comendo no carro, ônibus, metrô, ou deixando o celular em cima da mesa do restaurante.

Essa noção de que dinheiro é fisicamente sujo não contribui em nada para nossa inteligência financeira, ela pode transcender a parte biológica e se impregnar como uma má impressão. É verdade que não é saudável beijar dinheiro, dormir ou tomar banho com ele, guardar junto ao corpo, como vemos em cenas de filmes… Só quero lembrar que dinheiro é importante, deve ser respeitado, valorizado, bem gasto e bem investido. Não precisa idolatrá-lo, colocá-lo em primeiro lugar ou usá-lo como instrumento de poder, mas enxergar o dinheiro como uma imundice não ajuda a sua inteligência financeira.

Ele pode conter germes, mas também pode conter uma possibilidade de realizar algum sonho. Ele pode estar meio rasgado e ainda assim servir para comprar coisas de que necessitamos. Ele pode passar de mão em mão, mas ele foi feito para circular e ser movimentado. A história de cada moeda poderia dar um interessante filme, com muitas vidas envolvidas. Um determinado valor pode ter chegado às mãos de um bandido como fruto de caminhos desonestos e pode ser usado em seguida para pagar uma conta comum de um serviço “limpo”. Em termos de ética, mesmo o chamado “dinheiro sujo” não é realmente sujo, suja é a atitude de quem praticou a corrupção, a contravenção. O dinheiro é somente um meio, um veículo neutro.

Lavar as mãos e limpar os objetos em que elas tocam não é suficiente? Por que ter mais nojo da sujeira do dinheiro do que das outras coisas? Porque o dinheiro seria assunto proibido nas refeições? Isso pode vir de alguns preconceitos que nem sempre fazem sentido. A noção de que lucro é palavrão, acumular é sempre pecado, ter ambição é errado, vender é trabalho sujo, economizar é coisa de gente mesquinha, investir é só para milionários. Mas o trabalho é nobre e comprar é maravilhoso… Pense no que faz a combinação dessas crenças.

Andréa Voûte

Nem tudo o que é barato é ruim

Por um momento vamos deixar de lado o preconceito e voltar nossa atenção às coisas baratas. Nem tudo o que tem um preço menor do que o normal do mercado é ilegal ou de baixa qualidade. Se teimarmos em ficar fechados neste conceito, várias oportunidades de bons negócios serão perdidas.

Alguém desesperado para vender, porque precisa desovar o estoque, ou usar o dinheiro para outra coisa, ou ainda por estratégia comercial para ganhar mercado e conquistar novos clientes, é alguém que abaixa o preço.

Os usados também podem ser muito adequados a uma situação em que você não precisa do produto novíssimo. Basta um pouco de tempo e paciência para pesquisar e verá quantos bons objetos podem ser comprados pela metade do preço. A família que está vendendo tudo porque precisa mudar-se tem ótimos móveis, eletrodomésticos e às vezes um lindo pet esperando ser adotado. A pessoa que mudou de peso ou de estilo de vida tem roupas, bicicleta, prancha. As feiras de trocas são ricas em livros e brinquedos interessantes. Os leilões oferecem imóveis a preços muito convidativos.

Pesquisar antes de comprar vale para tudo, certo? Então aí vai uma dica: sites de vendas diretas entre pessoas tem uma incrível variedade de produtos – novos e usados – além dos tradicionais classificados nos jornais. Depois de tomar um banho de informações, você estará mais preparado para uma boa compra.

Veja quantas dicas práticas nas seções #BB (Bom e Barato), #OBQSC (O Barato Que Sai Caro), #NVQC (Não Vale Quanto Custa) e #VCC (Vale Cada Centavo) da Voute Contar no Facebook e Instagram. Assim poderá repensar suas escolhas e tentar novas experiências de compra, dando valor ao seu tempo e dinheiro. Você já sabe também que nem tudo o que é caro é bom.

No lazer também há muitas opções para situações de escassez financeira. Parques, museus, shows, praia, esportes, saraus, reuniões de amigos ou familiares, programinhas românticos. Eventos em que você usa a criatividade para a decoração e as atividades podem ser muito divertidos. Nem só de shopping centers, festas cinematográficas e baladas pirotécnicas vive o lazer.

Cuidado, depois de seguir estas recomendações, é possível que você seja contagiado e comece a pensar em trocar, vender ou doar aqueles objetos e bens sem uso… Afinal, que desperdício deixar as coisas mofando e empoeirando quando podiam ter um fim útil para outra pessoa. Que desperdício pagar caro em uma coisa sem necessidade em vez de fazer melhor uso do dinheiro!

Andréa Voûte
foto de Frank McKenna para Unsplash