As decisões financeiras precisam ser matemáticas?

Embora a matemática seja de grande ajuda nas decisões financeiras, não deve ser a única forma de avaliar uma questão. Se fosse, haveria uma única resposta para pessoas diferentes e sabemos que não é assim. Ignorar o lado material não costuma dar bons resultados, mas é preciso ter o cuidado de considerar outros aspectos da decisão que não cabem em contas! Se toda decisão tem um preço, é sábio pensar nas consequências da escolha e no que deixei de escolher.

Estou desrespeitando alguém ou criando problemas para outras pessoas? Escondi alguma informação importante que, quando for revelada, o conflito será inevitável? É normal resolver a minha vida e prejudicar outra? Não é lucrativo, mas vou obter vantagens emocionais como satisfação ou intelectuais como conhecimento? É lucrativo, mas acaba com a minha saúde? Adianta economizar hoje e gastar o dobro amanhã?

As pessoas predominantemente racionais, ainda que tenham seus momentos de alegria, tristeza ou preocupação, na maior parte do tempo mantém a cabeça fria. Não são impulsivas e tomam decisões baseadas em números: Qual alternativa é mais barata e mais prática? Esta sim será a mais vantajosa, afinal ninguém tem tempo a perder e muito menos dinheiro. É assim que entro em financiamento de “suaves” prestações, qualquer trabalho que pague bem, almoço em fast-food, entre outros. Quanto maior a correria, mais decisões baseadas em números e não na qualidade.

Tipo de decisão que gera arrependimento: Com a desculpa da ansiedade, abrir mão da integridade com produtos piratas. Ou por medo, desistir de algum sonho que poderia me enriquecer. A ganância pode me levar a esquemas ilegais que roubam a minha paz. Motivada por pontos do cartão de crédito, avançar no limite que não conseguirei honrar. Atraída pela vitória, ficar tentando acertar o pico do mercado.

Mesmo escolhendo a lógica, não posso olhar somente o número principal. Devo pesar os riscos e as probabilidades de desvalorização ou valorização, a manutenção e todos os custos e benefícios que a minha decisão vai gerar. Enfim, se parece mais uma oportunidade ou uma armadilha.

Uma decisão atualmente, quando há tantas opções para tudo, é quase sempre complexa e envolve muito mais do que números, vai além e aquém do momento atual e afeta não apenas a pessoa que decide. Para sermos cidadãos conscientes e vivermos bem, uma das habilidades que precisamos construir é a de tomar decisões.

Escolhas da vida moderna

Viver bem neste mundo cada vez mais complexo não acontece espontaneamente. Se você já foi contaminado pelas síndromes da vida moderna, deve se sentir culpado por não ler toda a informação disponível, não dar a sua família o tempo e conforto que ela merece, não ter o sucesso profissional ou um currículo invejável, não ajudar a todos os que precisam de você e contribuir para salvar o meio-ambiente, não participar de tudo o que está na moda, como bares, viagens e, claro, o seu visual.

Estar diante de muitas opções requer uma maturidade, ou então você se sentirá eternamente frustrado por não dar conta de tudo. Ainda não conheci uma pessoa sempre admirável e que tenha sucesso em todos os aspectos da vida. Atenção amantes da liberdade, estas mudanças proporcionam uma oportunidade única de exercer o poder de escolha, de desenvolver um estilo de vida próprio, baseado em seus valores e sua personalidade. Que maravilha ter acesso a tanta informação, tecnologia e conforto.

As gerações anteriores precisavam viver de uma determinada forma por não terem escolha, os pais ou outras autoridades tomavam as decisões por eles, de carreira a casamento. Não tinham um leque tão grande de opções nem tantos obstáculos a enfrentar e, quando erravam, não eram tão cobrados por isto. É verdade que a limitação não é uma maravilha, mas o excesso é exaustivo.

O que nos aprisiona hoje? Continuamos deixando que outras pessoas façam as escolhas por nós, muitas vezes de maneira sutil. Quantas coisas fazemos sem saber o motivo, porque todos fazem, para agradar ou impressionar? Quantas pessoas comuns seguimos, esquecendo que elas não são exemplo em tudo (as vezes só tem uma boa comunicação)? Quantas loucuras financeiras fazemos gerando problemas para o nosso futuro e de nossa família? Nunca houve tantos vícios e eles também nos escravizam.

Cada decisão gera dúvidas, responsabilidades, consequências, possíveis arrependimentos, frustração por dizer não às outras opções, novas mini-escolhas associadas. E isso impacta diretamente na nossa felicidade e produtividade. O mais importante é ser realista e humilde para reconhecer que não precisamos e não podemos tudo – não temos tempo, dinheiro e energia disponíveis para ficar com todas as opções. Melhor escolher bem só o que é realmente importante como moradia, companhias, carreira, viagens, tipo de alimentação e exercício. As micro decisões podemos reduzir, simplificar e automatizar. Este é o meu segredo, e o seu?