Quanto vale a sua imagem?

Há fases em que montar o visual é um prazer, podemos nos dar este luxo e queremos encantar. Há pessoas para quem a aparência é da maior importância e irão julgar-nos e deduzir coisas sobre nós a partir do que estão vendo. Há situações em que a imagem impacta nosso futuro, traz lucro ou prejuízo e pode abrir ou fechar portas. Sabemos que o nosso estilo comunica e que a primeira impressão fica. Sendo assim, arrumar-nos com pressa ou ficar em casa de qualquer jeito não é a melhor coisa a fazer.

Quando temos pouco dinheiro para investir no vestuário e no salão, precisamos recorrer à criatividade e ao planejamento. Podemos aprender a costurar, tricotar e bordar ou fazer visitas aos sapateiros, costureiras e alfaiates para consertos. Aprender a cuidar das unhas, pele e cabelo certamente é muito útil. Consulte os artigos “Com que roupa eu vou” e “Autonomia nos cuidados pessoais” aqui do blog da Voute Contar. Não repetir o figurino pode custar muito caro para nós e para o meio-ambiente, dá para variar e manter uma boa imagem sem falir.

Perder tempo todos os dias – às vezes mais de uma vez por dia – escolhendo e combinando roupas e depois acessórios, cabelo, maquiagem, sobrancelhas e barba, interfere na produtividade. Para isso o “armário cápsula” pode ajudar e não precisamos obedecer aos números (de 15 a 50 peças) como se fosse uma seita religiosa. Podemos  escolher nossas peças favoritas e algumas mais clássicas, fáceis de combinar com outras.

Sabemos que chamar a atenção para o nosso exterior pode distrair os outros e atrapalhar o que realmente importa. Quando o conteúdo da conversa é a prioridade, por exemplo em uma reunião de trabalho ou em uma aula, qualquer aspecto da aparência que desvie a atenção não é bem-vindo. Isso requer cuidados básicos, inclusive de higiene, além de evitar excessos para não ter nada tão bom ou tão ruim que grite mais alto que a nossa voz.

Em um determinado meio, quanto mais arrumada a pessoa, maior a auto-estima, popularidade, poder. No outro grupo, o mesmo cuidado com a aparência será considerado futilidade e desperdício de tempo. Isso já diz muito sobre o tipo de grupo que frequentamos. Há momentos de nos destacarmos e outros de nos igualarmos e a arte de saber diferenciá-los exige inteligência emocional. Muitas pessoas preferem ter roupas de trabalho padronizadas como um uniforme e deixam para inovar e ousar na hora de sair (dependendo da profissão).

Você hoje está em que fase? Quanto tempo e dinheiro gasta por ano com a sua imagem? Que retorno este gasto te traz?

Andréa Voûte

imagem free de DreamsTime

TEM O SUFICIENTE PARA TODOS?

Se você acompanhou os números divulgados no Dia da Água e Dia da Terra, já tem uma ideia dos problemas climáticos e ambientais atuais. Estamos abusando do limite da Biocapacidade do planeta, ela tem diminuído pela degradação dos solos e mares. Já estamos roubando recursos das próximas gerações.

A pegada ecológica é medida nas empresas, cidades, países e pode ser medida por pessoa. Cada país é avaliado como credor ou devedor do meio-ambiente. Se todos consumissem como os americanos, precisaríamos de 5 planetas Terra. Um paulistano típico gasta 200 litros de água e produz 1 kg de lixo por dia. Os 20% mais ricos do mundo consomem 76% dos bens e serviços da Terra, a classe média que representa 60% das pessoas é responsável por 20% do consumo e os 20% mais pobres consomem somente 4% dos bens e serviços. Os números só não são piores e a devastação do meio-ambiente só não é maior porque há países muito pobres com baixo consumo e emissão de poluentes, como algumas regiões do continente africano, que só tem 15 litros de água por pessoa por dia em média.

Calcule a sua pegada ecológica em termos de água, energia, alimentação, consumo, descarte e transporte no teste da WWF:  http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php  e analise sua rotina para identificar se nela há algumas destas práticas:

Consumismo: refere-se a um modo de vida orientado por uma crescente propensão ao consumo de bens ou serviços, em geral supérfluos, em razão do seu significado simbólico (prazer, sucesso, felicidade), frequentemente atribuído pelos meios de comunicação de massa. Quando se torna doença, chama-se Oniomania.

Obsolescência programada: é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.

Ostentação: é o ato de, com muito excesso e orgulho, exibir realizações, posses ou habilidades de si próprio, com vaidade e pompa, bens, direitos ou outra propriedade, normalmente fazendo referência à necessidade de mostrar luxo, riqueza ou poder.

Avareza: é a dificuldade e o medo de perder algo que possui, como bens materiais e recursos. Uma pessoa avarenta não quer abrir mão do que tem mesmo que receba algo em troca, tem cuidado com seus pertences e é egoísta.

Colecionismo: é a prática que as pessoas têm de guardar, organizar, selecionar, trocar e expor diversos itens por categoria, em função de seus interesses pessoais. Há vantagens como aprender a classificar e aprender sobre o objeto colecionado, e há desvantagens por gerar acúmulo em excesso.

Ganância:  opondo-se à generosidade, é uma vontade de possuir tudo que se admira para si próprio. É um desejo excessivo direcionado principalmente à riqueza material ou poder. Com ela você pode corromper terceiros e se deixar corromper, manipular e enganar chegando ao extremo de matar.

Alguns movimentos estão surgindo para solucionar os problemas atuais, escolha os seus:

Minimalismo: Com o lema “menos é mais”, o minimalista reduz a quantidade de bens, de compras, de serviços, mas não necessariamente reduz os gastos, o conforto e o luxo. Ele só evita os excessos, a complexidade e o desperdício. Tem estreita relação com o Essencialismo, do livro de Greg McKeown, que busca fazer menos mas melhor

Frugalismo: O frugalista sim, gasta menos, normalmente é naturalista e fica no básico. Ele consome menos, mas pode ser um acumulador porque reaproveita, conserta e reutiliza coisas. Muitos desenvolvem autonomia e habilidades manuais no estilo DIY (Do It Yourself ou faça-você-mesmo). Um exemplo é a Compostagem, que transforma restos de comida em adubo e nos aproxima do Lixo Zero.

Simplicidade voluntária: ter uma vida mais simples voluntariamente e voltar-se mais para o seu interior, mais para o “ser” do que para o “ter”. Muitos dão menos atenção ao lado material da vida para focar no emocional, intelectual ou espiritual.

Consumo consciente: Ao ter consciência das consequências na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo melhor. Uma meta do consumidor consciente é praticar os 7 Rs da ecologia: repensar, recusar, reduzir, reparar, reutilizar, reciclar e reintegrar.

Slow food: em oposição ao Fast Food, o Slow Food (em inglês, literalmente, “comida lenta”) é um movimento e uma organização não governamental fundados por Carlo Petrini em 1986, tendo como objetivo promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente.

Economia solidária: é definida como o “conjunto de atividades econômicas – de produção, distribuição, consumo solidário, troca, comércio justo, poupança e crédito – organizadas sob a forma de autogestão. Trata-se de uma forma de organização centrada na valorização do ser humano e não do capital, caracterizada pela igualdade. Ela está ligada à Economia Colaborativa e o Capitalismo 2.0, que preferem dividir e colaborar do que acumular, criando novas formas de fazer negócios.

Empresa social: busca associar a expertise do mundo dos negócios empresariais (administração, finanças, economia) com a expertise social das organizações sem fins lucrativos, trata-se de um híbrido dos chamados segundo e terceiro setor, denominado por alguns como setor 2.5 (dois e meio).

Feiras de trocas: são uma maneira engajada e divertida de repensar a forma como consumimos, envolvendo adultos e crianças com o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre as consequências do consumismo, e minimizar e prevenir os prejuízos decorrentes dele.

Referências: Wikipedia, Criança e Consumo, Slow Food, Ministério do Meio Ambiente.

Direitos não muito direitos

O Código de Defesa do Consumidor foi um grande avanço sem dúvida. A dúvida é sobre os abusos que alguns consumidores cometem. Será que sempre devemos fazer o que temos o direito de fazer? Eu acho que depende do caso.

Consumir somente um café e uma água e ficar horas trabalhando ou batendo papo no café não é proibido. Devo me lembrar que ali não é minha casa e que custa muito caro manter uma infraestrutura de móveis, pessoas, limpeza, alimentos, bebida, empresa aberta, etc.

Se a minha conta vier errada eu posso exigir que o valor cobrado a mais seja devolvido em dobro. Será que foram tantas perdas e danos assim que justifiquem dar esse prejuízo aos proprietários do estabelecimento?

A loja claramente errou na etiqueta do produto colocando um dígito a menos e eu tenho o direito de levar o produto pelo preço da etiqueta. Posso, mas não preciso.

Comprei um vestido em loja virtual, desfilei com ele por um dia e devolvi no dia seguinte. Estou exercendo o meu direito, mas não é direito fazer isso.

Saí e passei em vários lugares. Quando chego ao carro que deixei no estacionamento, vejo que o meu celular novo e chamativo sumiu, eu não faço ideia de onde o perdi e perguntando em todos os lugares ninguém encontrou. Vou responsabilizar o estacionamento só porque ele tem um seguro?

Perdi a comanda e não me lembro exatamente do que consumi, mas o garçom se lembra e não é nada absurdo. Vou discutir com ele?

Fiquei muito irritada com um defeito em meu eletrodoméstico e a empresa está demorando para solucionar. Vou reclamar na Internet e acabo me excedendo nos comentários. Queria o eletrodoméstico consertado ou vingança?

Recebi um cartão de crédito sem tê-lo solicitado. Preciso processar o banco por isso?

Estar claramente desmotivado e improdutivo no trabalho atual e ficar provocando o empregador para ser demitido ao invés de pedir logo para sair pode até ser legal, mas é correto?

Se abusarmos de nossos direitos, podemos acabar perdendo alguns deles, abrindo espaço para que amanhã a lei mude ou até sendo obrigados a indenizar os danos que causamos ao fornecedor. Melhor pensar bem se não há formas mais limpas e pacíficas de economizar.

Andréa Voûte

Leve x pesado

Imagine aquela pessoa que se orgulha de não ser materialista, que tem horror a mesquinharias e raramente fala sobre dinheiro, especialmente à mesa. É uma pessoa leve, alto astral, que sempre acredita que as coisas vão melhorar. Prefere assuntos agradáveis e boas notícias, adora humanas e odeia matemática. Não procura problemas, evita conversas pessimistas, irrita-se com gente que fica falando o que ela não pode fazer. É do tipo que segue o coração, que afirma que pessoas são mais importantes do que coisas e para certos assuntos não se faz conta. É a alegria da festa e sempre topa um programa de última hora. Está sempre ligada no que realmente importa na vida e o dinheiro não compra – o lado espiritual e humano – nunca no material. Algumas decisões mais racionais ela vê como vender a alma ou ser uma pessoa fria. Orçamento prende, lucro é pecado, economistas são tensos, financistas são medrosos e economizar não resolve.

Corta para 20 anos depois. Na vida adulta, ela tem dependentes e contas para pagar, passou por crises financeiras e altos e baixos na carreira como a maioria de nós. Ela não quis administrar o dinheiro e hoje administra dívidas. Ela não planejou a aposentadoria e agora tem perspectiva de uma velhice difícil. É refém das contas que não gostava de fazer, é obrigada a calcular e recalcular cada passo. Os cortes no orçamento dos quais tanto fugiu a alcançaram e a obrigaram a escolher que contas não pagar, agora com menos liberdade. O dinheiro que desprezava é de “quem” ela muitas vezes passa dias correndo atrás. As pessoas a quem ela realmente valoriza foram prejudicadas direta ou indiretamente pelas suas dívidas. Os graves problemas financeiros abalaram os relacionamentos, o sono, a saúde, a reputação, autoestima e até a fé, por sentir-se culpada, revoltada e impotente ao mesmo tempo. Ironicamente, quem era tão leve e se alegrava com isso, hoje é uma pessoa pesada e tensa. Quem não queria prender-se a planos e limitações, hoje não consegue voar.

Ficção baseada em fatos reais, coisas que já vi e ouvi inúmeras vezes. Não dá para ser tão desligado de dinheiro assim, a não ser que você esteja disposto a largar tudo dos tempos atuais e da vida comum. Organize as finanças começando hoje!

Andréa Voûte

(imagem free de Jenelle Ball para Unsplash)

Extratos – essa leitura chata

Por favor, pelo bem de sua inteligência financeira, não pague contas sem saber, esteja consciente do que está sendo cobrado, especialmente dos débitos automáticos. Os lançamentos das suas contas correntes e de investimentos devem ser acompanhados de perto, no mínimo uma vez por semana e comparados aos seus controles. O mesmo vale para as faturas dos cartões de crédito, contas de telefone, energia elétrica, etc.

Fique atento ao que está acontecendo com o seu dinheiro, assuma o controle de suas finanças! Você como consumidor ao pagar contas deveria saber a que elas se referem. E você como empresário ao receber em cartão deveria acompanhar os extratos de sua maquininha porque ali já vi muito prejuízo e até erros. No banco, uma assinatura pode ser renovada automaticamente sem o seu conhecimento. No telefone, você não usa a metade do plano que é superdimensionado para você, mas quando ligam para te oferecer um maior ainda você aceita porque o desconto era bom.

Os extratos trazem abreviações e termos técnicos que desconhecemos, ou pior, temos a impressão que sabemos o que quer dizer, mas é um engano. Se você não entendeu a descrição pergunte e, se determinado lançamento lhe pareceu estranho, procure saber exatamente o que é. Eu já presenciei vários casos de débitos que não deveriam ter acontecido, serviços que não foram contratados e tarifas que foram cobradas indevidamente por meses seguidos! Sim, enganos acontecem e má fé também, aproveitando-se da distração ou comodismo do cliente… Se pagou o que não devia, peça reembolso.

Às vezes um cidadão correto contrai dívidas por ignorar suas obrigações. Por ex. se você tiver uma empresa, seu contador precisa estar muitíssimo bem informado sobre os tributos ou você pode acumular dívidas com o governo e levar um susto de repente. Nomenclaturas estranhas como “recolher” e “reter” um imposto, tantas siglas que mais parecem uma sopa de letrinhas e uma legislação mutante dificultam manter as contas em dia. Fale de vez em quando com o contador, acompanhe notícias e visite os sites do governo para saber mais.

E não se trata só de detectar problemas e investigar fraudes ou abusos. Os documentos aqui citados trazem um pouco do seu histórico: por onde você andou, de quem, quando, como e quanto recebeu, a evolução de seu saldo no decorrer do mês e vários outros números importantes para a consciência da sua saúde financeira e das tendências estabelecidas. A partir deles você monta índices e gráficos que te ajudam a decidir melhor.

Isso talvez seja um ótimo estímulo ao minimalismo nas contas e cartões, reduzindo a complexidade de extratos a acompanhar.

Andréa Voûte

Dinheiro é sujo

É verdade que as moedas e principalmente as cédulas de dinheiro são sujas, literalmente falando, mas percebo que a sujeira do dinheiro recebe uma atenção exagerada em relação a outras coisas igualmente ou mais contaminadas.

Tudo em que pegamos, especialmente na rua, vai juntando sujeira e deve receber uma limpeza regularmente… Há frequentes pesquisas alertando para os campeões da sujeira: corrimão, maçaneta, teclado e mouse, celular, volante e câmbio de carro, carrinho de supermercado, entre outros. Raramente se limpa esses objetos ou diz: eca, fechou a porta e agora está comendo com esta mão suja! E é muito comum ver alguém comendo no carro, ônibus, metrô, ou deixando o celular em cima da mesa do restaurante.

Essa noção de que dinheiro é fisicamente sujo não contribui em nada para nossa inteligência financeira, ela pode transcender a parte biológica e se impregnar como uma má impressão. É verdade que não é saudável beijar dinheiro, dormir ou tomar banho com ele, guardar junto ao corpo, como vemos em cenas de filmes… Só quero lembrar que dinheiro é importante, deve ser respeitado, valorizado, bem gasto e bem investido. Não precisa idolatrá-lo, colocá-lo em primeiro lugar ou usá-lo como instrumento de poder, mas enxergar o dinheiro como uma imundice não ajuda a sua inteligência financeira.

Ele pode conter germes, mas também pode conter uma possibilidade de realizar algum sonho. Ele pode estar meio rasgado e ainda assim servir para comprar coisas de que necessitamos. Ele pode passar de mão em mão, mas ele foi feito para circular e ser movimentado. A história de cada moeda poderia dar um interessante filme, com muitas vidas envolvidas. Um determinado valor pode ter chegado às mãos de um bandido como fruto de caminhos desonestos e pode ser usado em seguida para pagar uma conta comum de um serviço “limpo”. Em termos de ética, mesmo o chamado “dinheiro sujo” não é realmente sujo, suja é a atitude de quem praticou a corrupção, a contravenção. O dinheiro é somente um meio, um veículo neutro.

Lavar as mãos e limpar os objetos em que elas tocam não é suficiente? Por que ter mais nojo da sujeira do dinheiro do que das outras coisas? Porque o dinheiro seria assunto proibido nas refeições? Isso pode vir de alguns preconceitos que nem sempre fazem sentido. A noção de que lucro é palavrão, acumular é sempre pecado, ter ambição é errado, vender é trabalho sujo, economizar é coisa de gente mesquinha, investir é só para milionários. Mas o trabalho é nobre e comprar é maravilhoso… Pense no que faz a combinação dessas crenças.

Andréa Voûte

Nem tudo o que é barato é ruim

Por um momento vamos deixar de lado o preconceito e voltar nossa atenção às coisas baratas. Nem tudo o que tem um preço menor do que o normal do mercado é ilegal ou de baixa qualidade. Se teimarmos em ficar fechados neste conceito, várias oportunidades de bons negócios serão perdidas.

Alguém desesperado para vender, porque precisa desovar o estoque, ou usar o dinheiro para outra coisa, ou ainda por estratégia comercial para ganhar mercado e conquistar novos clientes, é alguém que abaixa o preço.

Os usados também podem ser muito adequados a uma situação em que você não precisa do produto novíssimo. Basta um pouco de tempo e paciência para pesquisar e verá quantos bons objetos podem ser comprados pela metade do preço. A família que está vendendo tudo porque precisa mudar-se tem ótimos móveis, eletrodomésticos e às vezes um lindo pet esperando ser adotado. A pessoa que mudou de peso ou de estilo de vida tem roupas, bicicleta, prancha. As feiras de trocas são ricas em livros e brinquedos interessantes. Os leilões oferecem imóveis a preços muito convidativos.

Pesquisar antes de comprar vale para tudo, certo? Então aí vai uma dica: sites de vendas diretas entre pessoas tem uma incrível variedade de produtos – novos e usados – além dos tradicionais classificados nos jornais. Depois de tomar um banho de informações, você estará mais preparado para uma boa compra.

Veja quantas dicas práticas nas seções #BB (Bom e Barato), #OBQSC (O Barato Que Sai Caro), #NVQC (Não Vale Quanto Custa) e #VCC (Vale Cada Centavo) da Voute Contar no Facebook e Instagram. Assim poderá repensar suas escolhas e tentar novas experiências de compra, dando valor ao seu tempo e dinheiro. Você já sabe também que nem tudo o que é caro é bom.

No lazer também há muitas opções para situações de escassez financeira. Parques, museus, shows, praia, esportes, saraus, reuniões de amigos ou familiares, programinhas românticos. Eventos em que você usa a criatividade para a decoração e as atividades podem ser muito divertidos. Nem só de shopping centers, festas cinematográficas e baladas pirotécnicas vive o lazer.

Cuidado, depois de seguir estas recomendações, é possível que você seja contagiado e comece a pensar em trocar, vender ou doar aqueles objetos e bens sem uso… Afinal, que desperdício deixar as coisas mofando e empoeirando quando podiam ter um fim útil para outra pessoa. Que desperdício pagar caro em uma coisa sem necessidade em vez de fazer melhor uso do dinheiro!

Andréa Voûte
foto de Frank McKenna para Unsplash

Para onde os seus impulsos estão te levando?

Adiar a gratificação é um dos segredos do sucesso, comprovado por um famoso estudo da universidade Stanford com crianças de 4 anos: elas ficaram sozinhas em uma sala com um marshmallow, sabendo que se conseguissem esperar 15 minutos para comê-lo, ganhariam mais um e depois poderiam comer os dois. Apenas 1/3 das crianças resistiu à tentação e elas obtiveram 100% de retorno pelo sacrifício de esperar 15 minutos, ou seja, “patrimônio” dobrado. Quando foram verificar a vida dessas crianças quinze anos depois, todas estavam melhor nos estudos e na vida em geral, enquanto os outros jovens eram problemáticos. Ter a paciência de esperar e a disciplina de pensar mais no resultado do que no prazer imediato impacta o futuro mais do que QI e mais do que nível socioeconômico dos seus pais.

Ser impulsivo e inconsequente custa caro. Muitos dos piores gastos dos quais nos arrependemos são decididos nos primeiros segundos e os vendedores sabem disto. Espere pelo menos 24 horas para gastar, observe se a motivação é o medo de não ter aquilo de novo ou o prazer da compra em si, pense se você pode pagar. Cuidado com o impulso de levar vantagem, mentir ou assumir um compromisso que já sabe que não conseguirá cumprir. Cultive a compaixão para não explorar o outro e desenvolva a esperteza para evitar ser enganado. Escolha bem o conteúdo que você lê e assiste, seja seletivo em suas companhias e no lazer.

Alguns negócios desastrosos que quebram uma empresa são fechados no calor do momento e bons negócios são recusados sem pensar direito. É só olhar à nossa volta para constatar que ter objetivos, planejar e executar corretamente dá resultado positivo nas finanças. Projetos bem-sucedidos e negócios de sucesso demandam planejamento sério, competência, muito trabalho, preparação, investimento de dinheiro e tempo para dar lucro. E o sucesso traz prazer também, mais sólido e duradouro; depois que você se supera sente-se muito bem. O prazer imediato é infantil e egoísta, enquanto a felicidade é generosa.

Ser atropelado pelos fatos e reagir a eles é bem diferente de agir e conduzir os acontecimentos. Falar e agir sem pensar costuma trazer problemas na esfera pessoal, acadêmica ou profissional, e afeta especialmente os relacionamentos. Prevenir-se contra imprevistos desfavoráveis tranquiliza e eles serão absorvidos naturalmente. Preparar-se para boas surpresas nos torna aptos a aproveitar melhor as oportunidades quando elas surgirem. Precisamos da inteligência emocional e do autocontrole e isso não quer dizer reprimir as emoções.

Perdeu dinheiro? Estude como recuperá-lo. Perdeu o controle? Retome e não prolongue a bagunça. Só não podemos exagerar e passar todo o tempo planejando, é preciso agir e colocar em prática o que foi planejado. A função maior do planejamento é saber qual a coisa certa a fazer, quando, como e onde. Se não houver ação, ele perdeu a finalidade. Se você se perder nos detalhes, talvez não dê tempo de executar — atualmente tudo acontece muito rápido. Tornar-se obcecado por controle não é saudável e nem realista. Resista aos impulsos, mas saiba diferenciá-los de uma intuição, um instinto verdadeiro. Viva bem o presente, lembrando-se de considerar o futuro.

Andréa Voûte

foto de Tommaso Fornoni para Unsplash

Com orçamento se vai mais longe

Tenho orçamento pessoal desde meus primeiros salários. Depois de tanto tempo, eu acabei desenvolvendo algumas noções básicas – o famoso bom-senso – e poderia até dispensar o uso desta ferramenta sem grandes prejuízos.

Então para que eu continuo alimentando aqueles controles, registrando despesa e receita? É porque gosto do resultado, de conhecer a minha real situação material, de observar os meus bons e maus hábitos financeiros e acompanhar a evolução do patrimônio. Consciência mesmo quando dolorida é importante, gosto de ter base para traçar metas para o meu futuro, enfim, de ter um controle nas mãos, até onde isto é possível.

Quem não conhece o método normalmente receia ficar preso a restrições e continhas chatas. É, não vou negar que você pode perder-se nos detalhes e isso tomaria tempo. Então, a norma é simplificar ao máximo. Faça um favor a você mesmo, aproveite e dê alguns passos na direção de sua independência financeira – reduza o número de contas correntes, de cartões de crédito, parcelas, cheques pré-datados e tudo o que complica e confunde.

Existem várias maneiras de se elaborar e seguir um orçamento, truques e atitudes que o tornam ainda mais eficaz. Curiosidade: após alguns anos, me dei alguns luxos, como por exemplo, incluir uma categoria de despesas que pode ser “torrada” em qualquer coisa e, acreditem, às vezes eu prefiro poupá-la!

Não é para qualquer um, os primeiros meses exigem coragem… Eu olharei de frente para o fluxo meu dinheiro – de onde vem, para onde vai e conhecer quem sou eu financeiramente. Sem o orçamento, pensamos que sabemos, mas a maioria de nós se ilude muito. Sem ele, o planejamento será menos sólido e provavelmente otimista demais. Busque esta coragem e entre em ação.

O resultado vale muito à pena, ou as empresas e os projetos de sucesso não teriam orçamento!
Andréa Voûte

Quatro cestos

Que tal terminar o ano mais leve? Sugestão: separe 4 cestos ou caixas e já comece uma arrumação. Separar por tipo de objeto e não por cômodo da casa facilita muito, só assim você vê o todo. Adote hábitos como descartar um produto sempre que compra outro novo ou escolha o que estiver sem uso por um ano ou mais e você tem dúvidas se usará novamente para um destes cestos. Deixe-os à vista e vá enchendo aos poucos enquanto organiza. Depois de dar um destino às coisas separadas, você recomeça o processo. Assim você facilita a limpeza e abre espaço para o novo.

1 DESCARTE PARA RECICLAGEM. Se você ainda mistura lixo comum com material que pode ser reaproveitado, comece a fazer a separação. Procure uma cooperativa ou um catador, eles ficarão felizes com a sua doação que poderá gerar renda para eles. O meio-ambiente agradece, os lixões são um sério problema e na vida urbana geramos um excesso de resíduos. Produtos rasgados, quebrados, mofados, esticados, manchados, faltando peça, etc podem descartados para reciclagem ou ser usados por mais algum tempo pelo próprio dono. 

2 TROCA OU VENDA. Troque em feiras ou entre conhecidos. Há coisas que você usa uma vez ou duas como livros, discos ou jogos. Aquela linda peça de vestuário em bom estado que não te serve mais ou que não era o que você esperava. O brinquedo da criança que cresceu ou ganhou dois iguais. O enfeite que você não tem mais tempo de limpar. A planta que já gerou mudas. O material de construção que sobrou da obra. Navegue pelos sites e redes sociais onde pessoas compram e vendem usados, veja os anúncios, pesquise os preços e as condições das vendas. Mesmo novos na caixa normalmente os objetos são vendidos por um valor bem menor do que na loja. Divulgue em grupos de comércio e troca da região, amigos e familiares e colecionadores. Fique atento a coisas que valorizaram pela raridade, pela moda, pela antiguidade ou qualquer outro motivo, você pode se surpreender. Isso pode desafogar suas finanças e o seu espaço.

3 DOAÇÃO. Há famílias e instituições realmente pobres para quem sua doação fará muita diferença. Procure-as e ajude, diretamente ou através de campanhas! Participe de todo o processo se possível, doando também o seu tempo para organizar e entregar as doações, conhecendo quem recebeu e o que mais ela precisa. Respeite as pessoas doando objetos em bom estado, faça novas amizades e pratique a generosidade. Doar é um ato que dá prazer e vicia, você pode fazer disso um hábito e contemplar pessoas diferentes com a sua doação.

4. CONSERTOS OU MELHORIAS. Reutilizar também é reciclar, mas não vale acumular por anos e anos sem uso. Há infinitas ideias de artesanato e decoração do tipo “faça você mesmo” que dão um novo uso para algo já desgastado. Os objetos difíceis de se encontrar e que você ainda tem interesse podem valer o conserto. Antigos celulares que quando descartados geram lixo tóxico podem ser usados por mais alguns anos como um segundo aparelho em uma de suas funções como câmera, gravador, transações bancárias, bloco de anotações, somente telefone, alarme, etc.

Andréa Voûte