A PERGUNTA MAIS IMPORTANTE É A MAIS DIFÍCIL DE RESPONDER

Parte 1 de 2 que mostra a beleza da pergunta mais importante e a grande influência das suas respostas em nossas vidas. No segundo artigo exploraremos a complexidade de se chegar às melhores respostas e como simplificar isso. 

Perguntas essenciais

Já usou a ferramenta ágil 5W2H no planejamento da empresa ou de projetos? Ela sugere que você comece o seu plano respondendo às perguntas básicas O QUE, QUEM, QUANDO, ONDE, POR QUE, COMO E QUANTO. Conceito intuitivo para quem gosta de planejar e se faz perguntas assim naturalmente, é um método simples e eficaz para resumir as ideias. Se conseguir responder pelo menos a estas 7 perguntas você já tem informações importantes. Dentro do 5W2H (do inglês what, who, when, where, why, how, how much) uma pergunta se destaca por ser difícil de responder pela relevância da resposta que deve estar sempre em evidência: “por quê?”. O porquê esclarece as coisas para quem estiver chegando, dá motivação para superar obstáculos e propósito para persistir, por outro lado às vezes olhando para ele percebemos a necessidade de adaptações no plano ou até de desistir quando o porquê deixa de fazer sentido ou tudo muda radicalmente.

Camadas da mesma pergunta

E quando surge um problema que parece maior do que você? A ferramenta ágil sugerida é a dos 5 porquês. Tão simples que nos lembra aquela fase do desenvolvimento infantil em que a criança por volta dos 6-7 anos de idade não para de perguntar “por que”, inclusive o porquê do porquê, enlouquecendo os adultos que se dão conta da própria ignorância. Há uma sabedoria humilde em manter a curiosidade infantil, o encantamento com o mundo e a vontade de saber como funcionam e de onde vem as coisas, reconhecendo que sempre temos mais a aprender. A ferramenta dos 5 porquês consiste em começar do sintoma mais aparente do problema e ir perguntando “por que” em camadas até obter uma resposta que pareça resolver o problema pela raiz. Resuma o problema em uma frase, pergunte por que (1), dessa resposta você pergunta por que (2) – o porquê do porquê-  e assim por diante, normalmente 5 vezes basta, às vezes até antes disso já se chega à origem do problema.

Múltiplas funções

Na ferramenta 5W2H “por que” serve para planejar algo que deve ser feito, como um projeto, mostrando a razão dele. Na ferramenta dos 5 porquês é usado para investigar as causas de um problema e solucioná-lo. São úteis para tudo, não só nas empresas, como muitos dos métodos de administração se aplicam a situações pessoais também.

Uma ONG ou projeto social precisa arrecadar fundos, receber doações e trabalho voluntário. Explicar os porquês facilita bem o processo, é incrível a colaboração e a boa vontade que se vê no voluntariado. Todos movidos por uma causa em comum, um propósito claro que os une e desperta o seu lado solidário.

Em vendas e marketing, seja uma startup abordando investidores, um atleta ou artista procurando patrocinadores ou uma grande empresa vendendo para seus consumidores, mostrar os porquês sempre te aproxima do público certo e ajuda a vender mais. Por que a sua empresa e o seu produto?

Liderança e educação

Você foi uma criança desobediente ou adolescente rebelde que só obedecia quando tinha entendido e concordado com o porquê daquela ordem dos pais? Você ignora e até se diverte burlando as regras cuja razões te parecem completamente irrelevantes, incoerentes ou antiéticas? Para educar filhos que tenham um bom comportamento sem que tornem-se pessoas submissas, mostre a razão daquelas regras e pedidos. Assim eles irão incorporar a informação e praticar o certo mesmo na sua ausência, sem que você tenha que ficar repetindo diariamente.

Para liderar colaboradores, a inspiração é fundamental, como explica Simon Sinek em seu livro Comece pelo porquê – como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir: “Existem apenas duas maneiras de influenciar o comportamento humano: você pode manipulá-lo ou inspirá-lo”. O chefe que dá ordens, pressiona e castiga sofre e faz sofrer, enquanto o líder exemplar sempre explica o motivo de cada coisa e consegue um resultado melhor.

Comunicação Não Violenta (CNV) e terapias

Como enfrentar e principalmente evitar a violência? A CNV nos incentiva a olhar para tudo o que está envolvido naquela situação. As ações e as palavras agressivas das pessoas ficam em evidência, é preciso um esforço consciente para isolar o que é fato objetivo e investigar mais fundo os sentimentos, pensamentos e necessidades. A informação chave é: “que necessidades cada pessoa estava procurando atender direta ou indiretamente (vantagens óbvias ou ganhos secundários) com aquele comportamento”. Ou seja: por quê?

Independentemente de gostarmos ou entendermos as ações, palavras, pensamentos, sentimentos e necessidades de todos envolvidos no conflito, inclusive nós mesmos, elas são reais. Cada pessoa fez o que fez ou falou o que falou motivada por pelo menos uma necessidade. E o que chamamos de simples interesse ou desejo, para aquela pessoa pode ser uma necessidade visceral. Investigar, validar e lidar com a realidade se possível usando respeito e gentileza já evita muita briga desnecessária.

Nas terapias, quando você descobre seus gatilhos, seus traumas, os padrões familiares, o significado de determinadas coisas e pessoas na sua infância, um mundo de possibilidades se abre. Por exemplo, você entende porque sente-se tão bem diante de certa cor, cheiro, som ou local que para outros é neutro. A partir do conhecimento dos porquês fica mais fácil ressignificar acontecimentos, reconectar-se com você mesmo e com outras pessoas importantes, perdoar, superar, quebrar padrões prejudiciais evoluindo em direção a uma vida adulta leve e funcional.  

Nem tudo o que é barato é ruim

Por um momento vamos deixar de lado o preconceito e voltar nossa atenção às coisas baratas. Nem tudo o que tem um preço menor do que o normal do mercado é ilegal ou de baixa qualidade. Se teimarmos em ficar fechados neste conceito, várias oportunidades de bons negócios serão perdidas.

Alguém desesperado para vender, porque precisa desovar o estoque, ou usar o dinheiro para outra coisa, ou ainda por estratégia comercial para ganhar mercado e conquistar novos clientes, é alguém que abaixa o preço.

Os usados também podem ser muito adequados a uma situação em que você não precisa do produto novíssimo. Basta um pouco de tempo e paciência para pesquisar e verá quantos bons objetos podem ser comprados pela metade do preço. A família que está vendendo tudo porque precisa mudar-se tem ótimos móveis, eletrodomésticos e às vezes um lindo pet esperando ser adotado. A pessoa que mudou de peso ou de estilo de vida tem roupas, bicicleta, prancha. As feiras de trocas são ricas em livros e brinquedos interessantes. Os leilões oferecem imóveis a preços muito convidativos.

Pesquisar antes de comprar vale para tudo, certo? Então aí vai uma dica: sites de vendas diretas entre pessoas tem uma incrível variedade de produtos – novos e usados – além dos tradicionais classificados nos jornais. Depois de tomar um banho de informações, você estará mais preparado para uma boa compra.

Veja quantas dicas práticas nas seções #BB (Bom e Barato), #OBQSC (O Barato Que Sai Caro), #NVQC (Não Vale Quanto Custa) e #VCC (Vale Cada Centavo) da Voute Contar no Facebook e Instagram. Assim poderá repensar suas escolhas e tentar novas experiências de compra, dando valor ao seu tempo e dinheiro. Você já sabe também que nem tudo o que é caro é bom.

No lazer também há muitas opções para situações de escassez financeira. Parques, museus, shows, praia, esportes, saraus, reuniões de amigos ou familiares, programinhas românticos. Eventos em que você usa a criatividade para a decoração e as atividades podem ser muito divertidos. Nem só de shopping centers, festas cinematográficas e baladas pirotécnicas vive o lazer.

Cuidado, depois de seguir estas recomendações, é possível que você seja contagiado e comece a pensar em trocar, vender ou doar aqueles objetos e bens sem uso… Afinal, que desperdício deixar as coisas mofando e empoeirando quando podiam ter um fim útil para outra pessoa. Que desperdício pagar caro em uma coisa sem necessidade em vez de fazer melhor uso do dinheiro!

Andréa Voûte
foto de Frank McKenna para Unsplash

Quatro cestos

Que tal terminar o ano mais leve? Sugestão: separe 4 cestos ou caixas e já comece uma arrumação. Separar por tipo de objeto e não por cômodo da casa facilita muito, só assim você vê o todo. Adote hábitos como descartar um produto sempre que compra outro novo ou escolha o que estiver sem uso por um ano ou mais e você tem dúvidas se usará novamente para um destes cestos. Deixe-os à vista e vá enchendo aos poucos enquanto organiza. Depois de dar um destino às coisas separadas, você recomeça o processo. Assim você facilita a limpeza e abre espaço para o novo.

1 DESCARTE PARA RECICLAGEM. Se você ainda mistura lixo comum com material que pode ser reaproveitado, comece a fazer a separação. Procure uma cooperativa ou um catador, eles ficarão felizes com a sua doação que poderá gerar renda para eles. O meio-ambiente agradece, os lixões são um sério problema e na vida urbana geramos um excesso de resíduos. Produtos rasgados, quebrados, mofados, esticados, manchados, faltando peça, etc podem descartados para reciclagem ou ser usados por mais algum tempo pelo próprio dono. 

2 TROCA OU VENDA. Troque em feiras ou entre conhecidos. Há coisas que você usa uma vez ou duas como livros, discos ou jogos. Aquela linda peça de vestuário em bom estado que não te serve mais ou que não era o que você esperava. O brinquedo da criança que cresceu ou ganhou dois iguais. O enfeite que você não tem mais tempo de limpar. A planta que já gerou mudas. O material de construção que sobrou da obra. Navegue pelos sites e redes sociais onde pessoas compram e vendem usados, veja os anúncios, pesquise os preços e as condições das vendas. Mesmo novos na caixa normalmente os objetos são vendidos por um valor bem menor do que na loja. Divulgue em grupos de comércio e troca da região, amigos e familiares e colecionadores. Fique atento a coisas que valorizaram pela raridade, pela moda, pela antiguidade ou qualquer outro motivo, você pode se surpreender. Isso pode desafogar suas finanças e o seu espaço.

3 DOAÇÃO. Há famílias e instituições realmente pobres para quem sua doação fará muita diferença. Procure-as e ajude, diretamente ou através de campanhas! Participe de todo o processo se possível, doando também o seu tempo para organizar e entregar as doações, conhecendo quem recebeu e o que mais ela precisa. Respeite as pessoas doando objetos em bom estado, faça novas amizades e pratique a generosidade. Doar é um ato que dá prazer e vicia, você pode fazer disso um hábito e contemplar pessoas diferentes com a sua doação.

4. CONSERTOS OU MELHORIAS. Reutilizar também é reciclar, mas não vale acumular por anos e anos sem uso. Há infinitas ideias de artesanato e decoração do tipo “faça você mesmo” que dão um novo uso para algo já desgastado. Os objetos difíceis de se encontrar e que você ainda tem interesse podem valer o conserto. Antigos celulares que quando descartados geram lixo tóxico podem ser usados por mais alguns anos como um segundo aparelho em uma de suas funções como câmera, gravador, transações bancárias, bloco de anotações, somente telefone, alarme, etc.

Andréa Voûte