Risco – start e stop

Conceitos usados no mercado financeiro podem e devem ser aplicados em gestão de empresas, de projetos e qualquer situação pessoal ou profissional que envolva riscos.

Start ou Gatilho de entrada é um fato, um número ou uma situação que seja favorável ao sucesso, portanto no caso do gatilho tornar-se real, você deve entrar no negócio, comprar ou investir. Um exemplo simples seria saber de futuros empreendimentos vizinhos ao imóvel que você pensa em comprar ou construir. Stop ou Gatilho de saída é um indicador de que algo vai mal e tende a piorar, te dando prejuízo ou problemas legais, devendo ser respeitado para você se retirar do negócio. Um exemplo é perceber que o valor atual está muito acima do valor justo.

Ora, se foi você mesmo quem determinou o gatilho, então é óbvio que você saberá a hora certa de comprar ou vender e não precisa do gatilho! Isso parece bonito na teoria, mas na prática não funciona quando os valores são maiores, como é comum no mercado de risco. Saber a hora de parar é uma arte que exige muito autocontrole. As emoções interferem no conhecimento técnico e você não consegue fazer o que deveria… Ex: no start o excesso de confiança que o faz entrar antes da hora ou o medo que o paralisa e impede de entrar na hora certa, no stop a recusa em assumir o erro e portanto o prejuízo ou a ganância que o impede de sair durante a alta. Mesmo usando Start e Stop não há garantias, mas aumentam muito suas chances de sucesso.

Digamos que você simpatize com um novo grupo e comece a frequentá-lo. Mas tem certas desconfianças e estabelece três sinais de perigo:  1. as pessoas que saíram do grupo são maltratadas, ameaçadas, etc;  2. depois de um tempo lá, mudam radicalmente de comportamento, fazendo coisas que nunca fariam só porque o líder mandou ou porque todo mundo faz;  3. a maioria dos integrantes vive pior do que vivia quando entrou. Você só tem consciência disso antes de entrar, depois o grupo se adapta e parece tudo normal. Chegando nisto, tem que sair, não é para ficar filosofando ou dando desculpas, foi o seu lado inteligente e lúcido que decidiu que é o caso de sair e pronto.

Depois de estar emocionalmente envolvido, apegado e comprometido, você perde parte da clareza mental. Você pensa: já fiz tanta coisa, agora não vou desistir. Ou: admitir que fracassei seria terrível. Ou ainda: Agora que já estamos quase chegando e o sucesso pode estar na próxima esquina, vamos em frente. Ou vai cozinhando aos poucos na água do abuso, sem perceber, como a história do sapo na panela (se tivesse entrado direto na água fervendo, teria fugido).

São os seus limites! Os bandidos tem limites, as prostitutas tem limites, os políticos tem limites. Todo mundo tem um ponto do qual não quer ultrapassar e ele impacta no seu caráter e sua honra. Já sabemos que tudo que fazemos de errado aparece mais e dura mais na memória.

Os gatilhos podem ser em tempo, dinheiro, sintomas de saúde, abusos, stress ou qualquer outra condição que mude significativamente o jogo. Por exemplo, um negócio. Se daqui a dois anos a empresa estiver viva e saudável, eu entro. Se for escalável, eu invisto. Se determinada pessoa entrar na sociedade, eu saio. Se me causar insônia por uma semana seguida, eu vendo. Se o endividamento chegar ao valor X, eu fecho.

Saiba o que você realmente quer da vida, o que te motiva e inspira. Mantenha isso em mente todos os dias e construa seus gatilhos de entrada baseados em critérios reais. Busque tudo o que harmonize com os seus valores, seus propósitos e aquilo que você tem de melhor. Agarre as oportunidades e envolva-se com o que acrescenta e constrói, o que enriquece em todos os sentidos a você e ao máximo de pessoas possível.

Defina claramente o intolerável, o inadmissível, o inaceitável. Você pode se adaptar, isso é inteligente e necessário, mas só até a página dois. Superar os seus limites pode ser a coisa mais linda ou pode ser fatal, já que risco e retorno andam juntos. Defina o absurdo, o escravizante e o insano e lembre-se bem dessas definições. Você pode mudar de ideia ou até amadurecer e expandir o limite, mas ele ainda existirá. No caso de tudo estar tão diferente a ponto de o gatilho não fazer mais sentido, pelo menos analise, mude a estratégia e tome uma atitude.

Quanto custa jogar?

As microtransações são compras de bens ou serviços virtuais que você faz dentro do videogame. Elas podem aumentar o seu poder, deixar as coisas mais divertidas, agilizar processos e até pular etapas. Começaram só nos jogos gratuitos junto com as propagandas e agora são comuns em todo tipo de jogo. As microtransações estão na vitrine sempre disponíveis: roupas, ferramentas, armas, veículos, miras, personalizações em geral. Pay-to-win é a mais polêmica: uma taxa para terminar o jogo…

Quanto custa um videogame? Começa com o custo do equipamento – console, celular ou computador – que não pode ser muito antigo ou básico. Quem joga com frequência quer equipamento para gamers, compensando o desconforto causado pelo sedentarismo e aumentando o desempenho. Isso tudo custa milhares de Reais, mas pode durar anos.

Existem games de diferentes preços, alguns gratuitos e muitos com preço em torno de R$ 200. Se você quiser jogar online com outros jogadores simultaneamente, pode ter mais uma mensalidade de cerca de R$ 30 para a empresa do console e mais um valor pago à empresa que criou o jogo.

Totalmente gratuito? A fantasia deveria ficar restrita ao conteúdo do jogo e não transbordar para a nossa realidade! Um jogo elaborado que funcione bem custa várias horas de trabalho de uma equipe de pessoas talentosas e com ótimos equipamentos. O preço pode ser cobrado de diversas maneiras, visíveis ou não. Por exemplo coletar seus dados em um nível de detalhe inacreditável e vende-los ou outro usuário gastador compulsivo financiando o seu jogo gratuito. A empresa precisa pagar os custos e isso é normal, especialmente se você espera qualidade.

Outra forma de compensar os custos são as vendas em forma de propagandas diversas (nos jogos gratuitos) e microtransações. Tudo opcional, mas inteligente: um mau jogador que é gastador recebe uma oferta de pagar para pular de fase. As primeiras microtransações podem ser gratuitas ou bem baratas e depois vão encarecendo. Como na vida real, a propaganda está em toda parte, cada vez mais bem informada e manipuladora e você ainda pode clicar nela sem querer.

Muitos destes privilégios pagos podem viciar e alterar positivamente a experiência do jogador privilegiado e negativamente a dos outros competidores que não compraram as vantagens. Para desbloquear um único personagem, você pode ter que jogar 1.000 horas, mas comprando é instantâneo! Não parece justo que com dinheiro alguns personagens fiquem cada vez mais fortes e poderosos e alguns impérios só cresçam, certo?

Cosméticos não afetam seriamente o desempenho: são roupas, emojis e itens decorativos para o seu personagem ou cenário, danças divertidas para aumentar a interação online. Assim como no mundo real, a estética e o lazer são gatilhos que levam muita gente a gastar mais do que deveria. Uma peça de roupa pode custar 20 Euros e uma dança 30 Euros, a soma pode gerar uma conta extra em seu cartão de crédito.

As estratégias das fichas de cassino, pacotes, pontos e valores diferentes são utilizadas no mundo virtual também. Isso pela Economia Comportamental produz uma confusão de valores e te faz perder o controle. Adquira 5.100 diamantes por apenas R$ 150, só que não dá nem para comprar 3 “skins” com esse valor.

Sabe os polêmicos brinquedos surpresa? Aqui são caixas ou baús de itens que você não sabe exatamente o que tem dentro e arrisca a sorte. São as “Loot Boxes” para você apostar. Quer tenha pago com dinheiro ou horas de jogo, pode não vir o item que você quer e você se vê obrigado a continuar comprando até consegui-lo. Por exemplo, 24 caixas por 19 Euros.

Obsolescência programada é um termo que você já deve ter ouvido. É uma forma de fabricar já encurtando o prazo de validade e forçando uma nova compra. Isso também acontece dentro dos jogos, trocando uma arma atual por uma não tão potente por exemplo, mas que pertence à nova fase do jogo.

São muitos os jogos que usam microtransações: Anthem, Battlefield, Call of Duty, Candy Crush, Clash of Clans, Clash Royale, Counter-Strike, FIFA, Fortnite, Forza Horizon, Free Fire, Overwatch. O site (em inglês)  MICROTRANSACTION.ZONE  informa detalhes sobre cada jogo e os classfica.

É verdade que os games são uma forma de lazer e rendem diversão e novas habilidades. Só que eles são desenhados para viciar, portanto não deixe que eles te viciem e te roubem muito tempo, dinheiro e energia. Se você já for consumista ou excessivamente competitivo, alerta dobrado. E as crianças são mais vulneráveis, não deveriam estar expostas a vendas diretas ou “monetização” do vício. Há jogos faturando milhões de dólares por dia e há pessoas comuns gastando milhares de dólares por ano com eles. Avalie o que vale a pena para você ou não.

Que papel o cartão de crédito tem em sua vida?

O polêmico cartão de crédito merece ser estudado antes que você se enrole em novas e modernas formas de pagamento que surgem a cada dia.

Ele organiza as suas contas em uma fatura detalhada, que você pode consultar quando quiser. Na fatura você vê o que é assinatura mensal fixa, custos do próprio cartão, custos de faturas anteriores com encargos, compras do período em Reais e outras moedas, compras parceladas em que ponto estão do parcelamento. As datas das compras estão todas ali também, em ordem crescente. Quem morre de preguiça de controlar o que gastou adora tudo isso. Só tem um probleminha: nem sempre você consegue transportar estes dados para um controle decente, que contenha o resto da sua vida financeira, faça os diversos cálculos que você precisa e te permita classificar o assunto de cada gasto.

Simplificar. Viagens, supermercado, remédios, Uber, Netflix, cursos, várias coisas de um mês inteiro concentradas em um único pagamento, é como ter vários boletos em um. Gastos frequentes como combustível simplificados a uma vez por mês. Inclusive débito automático de diferentes datas ao longo dos últimos 40 dias você está pagando só agora. Não sabia que a data do débito automático não é a mesma da fatura do cartão? Que ótimo, espero que isso seja sinal de que você nunca usou todo o seu limite! Se você recebe um salário fixo logo antes da data da fatura, tudo bem. Se você for uma pessoa madura e responsável, com a perfeita noção de que os 40 dias passam voando e chegam com novas surpresas financeiras, relaxe!

Liberdade! Quando a fatura do cartão de crédito fecha, você sente-se livre para decidir o que quiser, um privilégio ter tantas opções. À vista total ou parcial, a prazo de 4 a 12 parcelas, com ou sem entrada. Isso porque antes você já decidiu comprar ou não, no débito ou no crédito, de que cartão, em quantas parcelas (o cartão de crédito nunca é à vista de verdade, ele te dá no mínimo 10 dias). Olha que desafio mental lembrar de toda a sua situação financeira para decidir sabiamente essas coisas enquanto a fila te espera impaciente. Na verdade, o processo é um verdadeiro teste de sanidade mental e habilidades matemáticas. Quanto mais cartões, mais o cérebro fica afiado e os músculos das costas fortalecidos de tanto malabarismo financeiro que eles exigem. Algumas operadoras de cartão te lembram da “melhor” data para compras. Melhor para quem?

Sobre o crédito, já falei tanto que você já sabe que aquele limite mencionado ali não é seu, nunca foi e nunca será. O limite é dinheiro a ser emprestado e devolvido na data certa ou vai doer, muito. Os juros mais altos do mercado, o dinheiro mais caro. Já foi pior, quando o uso do rotativo era ilimitado. A única vantagem em relação ao crédito convencional, de empréstimos ou cheque especial por exemplo, é que ao pagar a fatura por completo na data do vencimento (ou antes), não há juros, só conveniência. Feito sob medida para adultos disciplinados e não gastadores. O perigo é confundir o limite com “direito” seu ou complemento da renda. A culpa não é do cartão, da mesma forma que a culpa não é do álcool. Consumir antes e pagar depois é uma distorção dos fatos, use com moderação.

As vantagens são reais, você ganha pontos, milhagem e descontos. Isso é financeiramente favorável adivinhe a quem? Certo, os adultos, disciplinados e não gastadores. Aqueles que não vão se exceder só para acumular mais pontos, aqueles que desconhecem o gosto amargo residual de uma compra por impulso. Eles vão continuar vivendo sua vida normalmente, só mudando a forma de pagamento para melhorar o programa de fidelidade. Não sentem isso como incentivo a consumir além do planejado e do possível.

E as compras online? Verdade, nesse caso o cartão facilita bastante, mas hoje há outras opções eletrônicas com menos juros e burocracia. Em uma viagem, pode ser bem mais seguro andar com um cartão de crédito (apague o código e verifique lançamentos estranhos) do que com um montante de dinheiro. Despesas a serem reembolsadas também, são uma conveniência do cartão. Você gasta, comprova que gastou e a empresa ou a pessoa te reembolsa antes que a fatura chegue. Ou você compra uma coisa para vender e vende antes de pagar a fatura. Prazo pode ser sinônimo de conveniência e oportunidade, sabendo usar.

Como prever o futuro

Na época da Primeira Guerra Mundial as mulheres começaram a trabalhar fora, nos anos 70 isso se intensificou e recentemente tem crescido o número de mulheres em altos cargos. Quantas transformações radicais aconteceram na sociedade em decorrência desta situação? Era fácil prever que novos problemas familiares e novas oportunidades de negócios surgiriam pelas funções que a dona de casa deixaria de exercer. Quem abriu uma empresa que cuida das tarefas domésticas, crianças, idosos e doentes, encontrou demanda para o seu serviço. Não se trata de pensar só em “como ganhar dinheiro com isso”, é lógico que vamos celebrar as conquistas femininas e nos adaptar à nova realidade. Trata-se de prever o futuro de forma inteligente, estar atento aos acontecimentos e aos padrões.

Devia ter pensado nisso antes

Quantos de nossos problemas são resultado de um longo processo ou hábitos antigos?

O uso do crédito rotativo do cartão que começou nos dias das compras que não deveriam ter acontecido e não no dia do pagamento da fatura. A inadimplência que começou na contratação do empréstimo e não no vencimento da parcela. Os problemas familiares que começaram na permissividade ao dizer sim a tudo o que os filhos pediam. O curso que se tornou um peso começou com uma matrícula por impulso, entusiasmada com os benefícios, sem saber se teria tempo e disposição para estudar. A ingenuidade de pagar todas as contas e sair sem nada do casamento ou da sociedade anos depois. A velhice pobre, solitária e doente que começou nas escolhas de nunca olhar para o futuro. A demissão que começou anos antes ao tratar o emprego como um mal necessário.

Preparando-se para o futuro

Quanto maior a realização, mais provável que você tenha chegado nela depois de investir esforço, tempo e dinheiro.

A boa comunicação que se construiu com boas leituras, bons relacionamentos e interesse na cultura e não com discursos ensaiados. As notas altas que começaram anos antes, estudando o assunto certo com o método certo e não no dia da prova. A fidelidade dos clientes que se conquistou com centenas de pequenas atitudes e não no ato da renovação do contrato. A bela carteira de investimentos que se acompanhou e aplicou com disciplina nem precisou de uma grande sacada com atalho para enriquecer. O troféu que se ganhou átomo por átomo em cada minuto de treino e não só no dia da competição.

A pretensão da precisão da previsão

Não caia nesta armadilha. Certeza não temos, detalhes não sabemos, mas podemos nos preparar o melhor possível. Os controladores podem relaxar um pouco e as deduções dos espertos são falhas. Parte do futuro é previsível sim, cuidemos dela e já está bom demais.

Doação também é investimento

Podemos viver uma vida inteira sem nos lembrar das pessoas que precisam de ajuda; é uma opção feita por muitos. Só que doar faz parte da relação com o dinheiro, assim como ganhar, gastar e guardar.  Mesmo quando nossa situação não for das melhores, tem sempre alguém com mais carência, em dificuldades maiores e passando por necessidades diversas. Sempre há algo para trocar com o outro.

Trocar uma caprichada refeição por um sorriso de barriga cheia. Pode ser para uma criança, um animal ou um idoso, no meio da rua ou em uma instituição, pode ser até uma doação distante, mas esteja lá para ver a pessoa beneficiada saboreando. Trocar um agasalho ou cobertor quentinho por uma expressão de prazer. Às vezes bastam alguns minutos de sua atenção, um estímulo à autoestima de pessoas que são tratadas como entulho. Bastam dois ouvidos que podem escutar, dois braços que podem abraçar, uma boca que pode confortar, apenas para tratá-las como gente.

O trabalho voluntário não rende um centavo, pelo contrário, frequentemente ele custa. Doamos um corte de cabelo, um exame médico, uma aula ou uma festa. Gastamos o nosso tempo, normalmente mais do que o planejado. Gastamos a nossa energia vendo situações tristes e atuando em condições precárias. Sempre gastamos alguma quantia em doações ou algo que faltou e precisou ser comprado na última hora. Gastamos ou investimos? Quando há retorno do que foi gasto não chamamos de investimento?

Investir tempo e dinheiro no outro tem retorno em auto realização, na maravilhosa sensação se ser útil, em amizade, em percepção de abundância. Inclusive muitas vezes um retorno financeiro acontece: surgem oportunidades de trabalho, pois foi pela doação de tempo e talento que acabamos mostrando o melhor de nós. É no trabalho voluntário que adquirimos experiência em novas tarefas e aprendemos a improvisar. Lá sentiremos o poder da boa vontade, que une com eficácia uma equipe que nunca se viu antes.

A maioria de nós quer ser bom e sente prazer em ajudar, a pessoa com um propósito maior costuma viver mais satisfeita. Mãos ocupadas com um trabalho voluntário não têm tempo de fazer besteira e coração solidário não cabem raiva e compaixão juntos. Novas experiências, novas perspectivas, são como um intercâmbio em um cenário mais escasso e complexo que o nosso. Isso faz nossos problemas parecerem pequenos e acaba nos fortalecendo para outros momentos posteriores. Para quem desliza no desperdício, a doação mostra quanta coisa boa se faz com poucos recursos. Faz com que pensemos duas vezes antes de torrar em futilidades uma quantia que compraria uma cesta básica.

Como qualquer outro investimento, a doação requer atenção. Responsabilidade social implica sermos responsáveis pelas nossas doações até o fim e fazê-las com amor e alguma isenção.

1. Não adianta esperar sobrar no fim do mês, o ideal é separar assim que receber.

2. O destinatário da doação precisa e está preparado para receber isso neste momento e nesta quantidade.

3. A doação será tratada com seriedade, sem margem para desvios ou negligência.

4. A ajuda é gentil e respeita o outro. Ouve e compreende sem impor, sem manipulações ou jogo de poder.

Às vezes é preferível o silêncio e o afastamento. Pode ser mais produtivo deixar a pessoa aprender e oferecer coisas como educação financeira ou capacitação profissional e não dinheiro.

O HERÓI IMPROVÁVEL

Cada segundo dedicado a ler os livros de Cressida Cowell e assistir os filmes e seriados da Dreamworks compensa, eles conseguem lançar novidades sem perder a qualidade. Explorando novas ilhas e novos dragões, essas são suas aventuras favoritas e nossas também! As animações são lindas e dinâmicas, com paisagens deslumbrantes e rica trilha sonora. Alguns detalhes marcantes destaquei a seguir.

Tudo começa em Berk, uma aldeia viking em uma ilha nórdica no meio do nada. A ilha tinha poucos recursos por limitações geográficas como neve e granizo e limitações da época em que a história se passa. O povo pescava e caçava, mas sofria constantes ataques de dragões que roubavam ovelhas e peixes, provocando incêndios e mutilando ou até matando pessoas. Soluço é o personagem principal, ele recebeu esse nome viking para espantar gnomos e trolls.

GUERRA x PAZ

Os vikings viviam em guerra com os dragões e gostavam disto, quando não tinham com quem brigar brigavam entre si. Eles construíam e usavam vários tipos de arma como lanças, catapultas, machados, espadas, escudo, boleadeira. Os vikings acreditavam que os dragões eram inimigos mortais que deveriam ser combatidos e eliminados em lutas brutas.

A mãe de Soluço achava que a paz era possível e a guerra só piorava tudo, mas isso não era uma opinião muito popular. “Um dia um dragão entrou em nossa casa e o que eu vi foi uma prova de tudo o que eu acreditava. Não era uma besta, mas uma criatura gentil e inteligente, cuja alma refletia a minha.”

Soluço nunca teve ódio dos dragões e se recusava a lutar com eles. “Eles mataram centenas de nós e nós matamos milhares deles, estão só se defendendo.” Ao longo da história, os dragões passaram de pestes a pets e passaram a lutar por eles, contra os caçadores de dragões. “Com os vikings montados nos dragões, o mundo ficou muito maior.”

IDENTIDADE

Soluço era desajeitado e desastrado, não tinha muita coordenação motora e se metia em muitos problemas sem querer.  Sofreu bullying a vida toda e queria pertencer, ser aceito pelo grupo e pelo pai. Ele demorou a se conhecer e a descobrir quem realmente era. “Sinto muito, pai. Eu não sou o líder que você queria que eu fosse nem sou o pacificador que eu pensei que fosse.” Soluço agiu como a mãe sem ter convivido com ela. Quando finalmente a reencontrou, compreendeu muita coisa sobre a sua natureza. A empatia pelos dragões, o gosto pela liberdade de voar, a defesa da paz. “Agora sabemos de onde vem minhas extravagâncias.”

DRAGÕES

São muitos tipos de dragões que a imaginação humana criou para povoar essas histórias e os todos eram realmente poderosos, perigosos e ameaçadores. Mas ao mesmo tempo podiam ser fieis e carinhosos. Segundo Soluço, “Depois que você ganha a lealdade dele, não há nada que um dragão não faça por você.”

Soluço tentou pegar um dragão para provar seu valor ao pai e capturou o raríssimo Fúria da Noite. Ao encontra-lo, não conseguiu matá-lo e o soltou “ele estava tão assustado quanto eu, eu me vi nele”. Fabricou uma prótese para a parte perdida da cauda e domou o dragão para voar com ele. Soluço e Banguela eram amigos e cúmplices, depois toda a turma desenvolveu o mesmo, cada um com seu dragão.

Soluço amava tanto o seu dragão que em muitos momentos abriu mão de suas vontades e necessidades para o bem do Banguela. Por ele, Soluço enfrentou seu próprio pai e muitos caçadores, comeu peixe babado, além de outros sacrifícios que fizeram todos chorar como crianças no último filme (não queremos spoiler do 3 né?). Sempre tentava proteger e defender o Banguela.

ACEITAÇÃO E RESPEITO

Soluço era introvertido e cultivava o diálogo e o respeito. A equipe era bastante diversa e todos tinham espaço e se entendiam sem preconceito. Os gêmeos de inteligência limitada, o gordinho medroso, a menina insensível e o egoísta impulsivo. Apesar de discutirem e brigarem, valorizavam muito a amizade. Todos aprendiam mais a cada aventura e assim aumentava a sinergia entre eles. O apoio da mãe e da namorada Astrid foi fundamental.

Soluço perdeu parte de uma perna defendendo o povo de Berk em sua primeira grande luta, quando finalmente ganhou o respeito do pai. Nessa luta todos aceitaram o Soluço como um novo tipo de líder e os dragões como aliados. Depois se adaptou bem à prótese que Bocão fez para ele e voltou a voar no “seu” dragão. Com o tempo a autoestima de Soluço foi aumentando e ele assumiu a liderança mais seguro de si.

COMPREENSÃO E CONHECIMENTO

Soluço estudou os dragões com paciência em teoria e prática. Observou o comportamento do seu dragão e aprendeu a lidar com os outros baseado nisto. Descobriu os medos, os carinhos que gostavam, os segredos destes misteriosos animais.

Quanto mais ele conhecia mais ele se apaixonava pelos dragões. “Tudo o que sabemos sobre vocês está errado.” Ele usava a mente e os outros usavam a força bruta. Ele era estratégico e planejava o treinamento baseado em evidências. Aos poucos foi mostrando aos amigos como era incrível voar e provou ao pai que os dragões não eram maus.

Soluço era criativo, tinha aptidão para usar as ferramentas, era engenhoso e construiu equipamentos e armas que os ajudavam no dia-a-dia e nas guerras. Ele mapeou ilhas antes desconhecidas e fez novas alianças com povos distantes.

LIDERANÇA

Herdar de Stoico – o imenso – o posto de líder da aldeia era o destino do Soluço, com o qual não se identificava. “Ser o líder não tem nada a ver comigo, fazer discursos e planejamento da aldeia.” O estilo de liderança do filho era completamente democrático e cooperativo. Havia competições e conflitos, mas todos acabavam se entendendo.

Soluço discute com o caçador Drago Sangue Bravo questionando o motivo de todas aquelas mortes e destruição, se era só para governar o mundo. Drago se vangloria por dominar o dragão Alpha e com isso os outros dragões, ele diz que o verdadeiro poder é o poder sobre a vontade dos outros. Soluço contesta afirmando que o verdadeiro líder protege a todos.

QUESTIONAR x OBEDECER

O pai não respeitava a vontade dele e nunca deixava ele falar. Inúmeras tentativas de conversa por parte do Soluço foram interrompidas e ninguém o ouvia. Soluço foi pressionado para matar dragões a vida toda, sem concordar com isso. Na primeira animação – Como Treinar o seu Dragão (2010) – Soluço tinha 13 anos quando domou Banguela. Em 300 anos foi o primeiro viking que se recusou a matar um dragão e foi o primeiro a montar em um.

Todos seguiam o destino sem questionar, ele não. Soluço era teimoso, rebelde e fugia toda hora. Tentava negociar com diplomacia e diálogo gentil, mas não era muito bom com as palavras. Com ações conseguiu provar o seu ponto de vista sobre a paz e sobre os dragões.

FORÇAS E FRAQUEZAS

Soluço era magrelo, fraco e distraído, um herói improvável e nada que lembre um líder. Mas tinha a resiliência e a teimosia dos vikings. Ele adorava aventuras e não tinha medo da guerra, só não queria matar dragões. Confundiam esta recusa com uma covardia, mas não era medo, era compaixão.

Há uma boa dose de tentativa e erro e improvisações nas batalhas. Novos inimigos, novos caçadores, novas ilhas e principalmente novos dragões. O povo de Berk tem que sobreviver e defender os animais enfrentando perigos reais sem tempo de planejar. As adversidades naturais somam-se aos imprevistos vindos dos próprios habitantes de Berk e povos que eles conhecem, especialmente no seriado.

Tudo isso é tratado com uma serenidade surpreendente por Soluço e sua turma. (Lembra um pouco Tim dos Caçadores de Trolls.) Eles agem naturalmente, lidam com a vida em um clima de bom humor contagiante. Usam bem os poucos recursos que possuem, inclusive material dos próprios dragões. Migram quando necessário, adaptam-se às novas condições, assumem responsabilidades, respeitam a natureza (bem, exceto por alguns detalhes como catapultas de ovelhas). As histórias estimulam nosso espírito de aventura.

Escolhas da vida moderna

Viver bem neste mundo cada vez mais complexo não acontece espontaneamente. Se você já foi contaminado pelas síndromes da vida moderna, deve se sentir culpado por não ler toda a informação disponível, não dar a sua família o tempo e conforto que ela merece, não ter o sucesso profissional ou um currículo invejável, não ajudar a todos os que precisam de você e contribuir para salvar o meio-ambiente, não participar de tudo o que está na moda, como bares, viagens e, claro, o seu visual.

Estar diante de muitas opções requer uma maturidade, ou então você se sentirá eternamente frustrado por não dar conta de tudo. Ainda não conheci uma pessoa sempre admirável e que tenha sucesso em todos os aspectos da vida. Atenção amantes da liberdade, estas mudanças proporcionam uma oportunidade única de exercer o poder de escolha, de desenvolver um estilo de vida próprio, baseado em seus valores e sua personalidade. Que maravilha ter acesso a tanta informação, tecnologia e conforto.

As gerações anteriores precisavam viver de uma determinada forma por não terem escolha, os pais ou outras autoridades tomavam as decisões por eles, de carreira a casamento. Não tinham um leque tão grande de opções nem tantos obstáculos a enfrentar e, quando erravam, não eram tão cobrados por isto. É verdade que a limitação não é uma maravilha, mas o excesso é exaustivo.

O que nos aprisiona hoje? Continuamos deixando que outras pessoas façam as escolhas por nós, muitas vezes de maneira sutil. Quantas coisas fazemos sem saber o motivo, porque todos fazem, para agradar ou impressionar? Quantas pessoas comuns seguimos, esquecendo que elas não são exemplo em tudo (as vezes só tem uma boa comunicação)? Quantas loucuras financeiras fazemos gerando problemas para o nosso futuro e de nossa família? Nunca houve tantos vícios e eles também nos escravizam.

Cada decisão gera dúvidas, responsabilidades, consequências, possíveis arrependimentos, frustração por dizer não às outras opções, novas mini-escolhas associadas. E isso impacta diretamente na nossa felicidade e produtividade. O mais importante é ser realista e humilde para reconhecer que não precisamos e não podemos tudo – não temos tempo, dinheiro e energia disponíveis para ficar com todas as opções. Melhor escolher bem só o que é realmente importante como moradia, companhias, carreira, viagens, tipo de alimentação e exercício. As micro decisões podemos reduzir, simplificar e automatizar. Este é o meu segredo, e o seu?

POR QUE COMPRAR?

Trago algumas sugestões de perguntas inteligentes para você fazer no ato da compra. Nesta ordem.

 

SINAL VERDE

 

Preciso?

Este gasto será útil.

Satisfaz uma necessidade minha.

Está na minha lista.

Ainda não tenho.

Combina com o meu estilo de vida.

Cabe na minha rotina.

Melhora minha vida.

 

Posso?

Vou pagar agora e de preferência à vista.

Consigo arcar com os custos da manutenção.

É possível conciliar com meus outros gastos.

Cabe na minha receita.

 

É um bom negócio?

O preço é justo ou abaixo do mercado.

Amanhã pode não estar disponível.

Já pesquisei em outros lugares e sei o quanto vale.

Confio no produto / serviço e fornecedor.

 

SINAL AMARELO

 

Me apaixonei?

Me identifiquei.

É perfeito, lindo, chique e moderno.

Quero mais do que tudo.

É a minha cara, meu número e de mais ninguém.

Tem que ser meu custe o que custar.

 

Acabei de receber?

Me sinto rico/a.

Agora eu posso.

Mereço depois de trabalhar tanto.

O dinheiro é meu e eu faço com ele o que quiser.

Cabe no meu saldo de hoje / limite do cartão.

 

Vou usar mesmo?

Na verdade, já tenho algo parecido.

Eu nunca teria a ideia de comprar isso se não tivesse visto.

Ficou lindo na vizinha e… talvez ela pudesse me emprestar ou trocar.

É um antigo desejo, mas que agora não faz mais sentido.

Não acrescenta muita coisa na minha vida.

 

SINAL VERMELHO

 

Fere meus princípios?

É barato demais ou caro demais.

É pirata ou de origem obscura.

Prejudica alguém.

Terei que mentir sobre este gasto.

Vou deixar de pagar uma conta importante para me mimar com isso.

Depois eu vejo como pagar.

 

É um dia de pânico / tristeza / ira / euforia?

Aconteceu algo muito bom ou muito ruim hoje, dia errado para tomar decisões inteligentes, financeiras ou não.

Há várias maneiras de se resolver os problemas e a shoppingterapia não é a melhor delas.

 

Perdi o controle das finanças?

Há algum tempo que não olho meu saldo, receita, despesa, extratos e faturas.

Tenho usado o limite do cheque especial e dos cartões de crédito.

Essa decisão imediatista vai atrasar minhas metas para o futuro.

Não planejo as finanças e vou gastando conforme as promoções aparecem.

 

Andréa Voûte

Serei um polvo benevolente ou um eremita humilde

Visualize este paraíso: você tem liberdade, independência e autonomia. Você escolhe o que fazer com o seu dinheiro. Você pode fazer o que ama, trabalhando com as pessoas certas, recebendo o valor justo, dentro do prazo conveniente. Quando você enriquece, outros aspectos de sua vida além do material melhoram, você compartilha generosamente a riqueza e as pessoas lhe retribuem com gratidão. Quando você passa por dificuldades, age com discrição e poupa as outras pessoas de envolverem-se em seus problemas dos quais elas não tem culpa. Suas bênçãos o tornam um polvo benevolente e poderoso e suas maldições o tornam um eremita humilde.

Agora vamos à realidade.

Você vai indo bem e prospera a cada dia mais. Investe em coisas que acredita e gasta no que gosta, melhorando de vida. Naturalmente quer levar em sua excitante jornada todos os que você ama e os que se encaixariam bem em seus promissores projetos. Tem certeza de que irão atingir metas incríveis juntos e alcançar novos patamares, evoluindo continuamente e sendo cada vez mais felizes! É verdade que o dinheiro pode comprar liberdade e controle, mas isso tem limites, ainda bem.

Ninguém tem obrigação de te acompanhar, convide sem manipular. Nem todos estão preparados para subir, muitos não querem crescer, alguns temem qualquer mudança. Respeite-os no ponto em que estão, ajude-os sem forçar e ame-os como são. Talvez em um outro momento e talvez não com você, compreenda isso. Algumas pessoas começam junto e desistem, tentam mas não conseguem, paciência. Respeite a individualidade, o ritmo e o direito de errar de todos. E ainda tem as decepções ao realizar alguns planos e ver que nem tudo é o que esperamos e nem todos adaptam-se à nova vida.

Cada degrau que você subir junto com as vitórias pede escolhas complicadas. Romper laços com quem ficou na escala anterior, formar novos grupos, voltar um degrau e puxar alguém que ficou, empurrar quem não tem forças, enfrentar quem bloqueia a subida. Leve quem se dispuser voluntariamente e quem estiver preparado. Cuide do seu desenvolvimento e conquiste a sua privacidade, selecione os companheiros e afaste os interesseiros.

Em outro momento, você vai indo mal e se endivida a cada dia mais. Os problemas se multiplicam e fogem ao seu controle, prejudicando o seu futuro e outros aspectos da sua vida que não tem nada a ver com as finanças. Naturalmente você não quer levar ninguém para o fundo do poço, mas não há como evitar, você está fraco e caindo. Trouxe problemas a quem menos desejava e às vezes nem viu ou entendeu como. O alcance da sua pobreza vai se ampliando automaticamente, criando novas dívidas.

Você pode querer resolver tudo sozinho mas não consegue, pede ajuda e se depara com avareza ou recebe apoio inesperado sem pedir. Situações extremas e difíceis podem revelar o melhor ou o pior das pessoas. É preciso resolver o quanto antes e da melhor maneira possível, afetando menos gente em um grau não tão comprometedor.

A riqueza é mais fácil de organizar e administrar do que a pobreza. Com o sucesso, você tem mais espaço para planejar e agir dentro do plano. O fracasso invade e não te permite tanta liberdade, ele restringe o seu poder de ação. Não há garantia de nada, mas o impacto das boas notícias é mais previsível do que o impacto das más notícias. É mais fácil escolher quem levar para o alto da montanha do que escolher quem arrastar ladeira abaixo.

 

Andréa Voûte
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