A maternidade é um filme diferente para cada atriz

As imagens de mães e filhos podem ser registros maravilhosos e emocionantes de momentos e ângulos que captam amor, laços eternos e cuidado. Mas na verdade a maternidade é um filme diferente para cada atriz, porque cada mulher é única e traz em si a herança genética e cultural de seus ancestrais, vivências só dela e novas influências do mundo moderno. Cada fase deste filme poderia ser um filme separado. A própria mãe está sofrendo constantes transformações, assim como o pai da criança, seus irmãos e avós, enquanto o mundo muda em alta velocidade.

Os filhos tem suas particularidades que afetam a dinâmica da maternidade e a ela é vivida de forma diversa entre um filho e outro. É completamente diferente a situação de ser mãe de um feto, um bebê, uma criança, adolescente, adulto ou idoso. Cada etapa tem um orçamento, fundo musical, ritmo, ângulo de câmera, figurino, iluminação, paleta de cores e cenário. Às vezes a maternidade traz uma dose maior de drama, romance ou ação (infelizmente pode ser terror também). Tem fãs achando lindo e merecedor de Oscar e outros detestando. O elenco muda, alguns atores coadjuvantes roubam a cena enquanto certos personagens parece que estariam melhor em outro filme…

A maternidade é repleta de surpresas, por mais que a mãe tente se preparar ela estará frequentemente sendo obrigada a improvisar, se superar e aprender. Eu ainda não conheci uma mãe excelente em todas as fases, haverá altos e baixos. Quanto mais apoio ela tiver, melhor será para aquela família diretamente e para a sociedade como um todo pelo impacto que a maternidade tem na vida dos filhos. Apoio pode ser oferecer ajuda com a casa ou as crianças, dar espaço a quem sempre cede, cuidar de quem cuida, ouvir suas necessidades, respeitar sua intuição, tratar a ela e aos filhos com paciência e gentileza. Aliviar a carga e o cansaço para deixar as coisas mais leves.

Quando menos mitos e romantização melhor. Ser mãe pode ser sim o maior amor que há nessa vida, mas não necessariamente e se for nem sempre será um amor à primeira vista. Existe quem ame os filhos sem amar a maternidade ou vice-versa. Não vamos propagar estes rótulos da supermãe que dá conta de tudo, se anula e tem paciência infinita. Procuremos contribuir para reduzir a culpa que cai sobre as costas já doloridas, ajudando a voltar à rota e não condenando. Ser mãe pode ser a maior glória e realização pessoal, só não podemos criar essa expectativa. Não ser mãe deveria ser uma possibilidade mais respeitada, seja por opção ou por falta dela. O nosso lado maternal pode ser exercido em outras situações semelhantes que envolvam uma ou mais dessas coisas: gerar, parir, cuidar, educar, dar exemplo, sustentar, alimentar, acompanhar o crescimento e soltar no mundo.

A última letra do alfabeto

Somos classificados por religião, nacionalidade, nível socioeconômico ou cultural, signo do zodíaco e muitos outros grupos. Um dos fatores que pode afetar a personalidade de maneira global é a geração à qual pertencemos. E nunca houve tantas gerações convivendo em família e no trabalho. A geração Z é formada por nascidos entre os anos 90 e 2010, depois já é geração Alpha, recomeçando a contagem.

De modo geral, acredita-se que cada geração seja mais livre do que a anterior. Financeiramente nem sempre, os seus pais da geração X ou Y estavam em situação melhor. Segundo pesquisa do SPC divulgada em agosto de 2019, a maioria dos jovens adultos Z abusa do crédito e cerca de 1/3 já teve o nome sujo. Estourando os limites do cartão e cheque especial com impulsos de consumo, sem poder contar com a previdência social amanhã ou com o emprego certo hoje, eles montam seus próprios negócios. Muitos deles operando no vermelho e vivendo de empréstimos e aportes de capital.

O vício do smartphone e das redes sociais pegou a todos meio despreparados. Tanto a geração Z de nativos digitais como seus pais X e Y fazem uso abusivo da tecnologia e estão tentando equilibrar as coisas agora, repensando a sua relação com as máquinas. Ouvir música, conversar, informar-se, assistir vídeos, tirar e compartilhar fotos e jogar são as atividades mais comuns.

Os sonhos de consumo das gerações anteriores como casas e carros luxuosos, roupas toda semana e emprego seguro estão sendo substituídos por viagens, festas e tecnologia. Não precisam possuir se podem compartilhar ou alugar. A família tradicional com papai, mamãe, criançada, cachorro e jardim não é tão atraente para a geração Z quanto a liberdade de experimentar diversos tipos de relacionamento e moradia sem muito apego. Se os animais eram maltratados, hoje alguns são humanizados e ocupam o lugar dos filhos. Muitos Zs não terão filhos e dos que tiverem, a maioria precisará da ajuda dos filhos para sustentar-se em sua longa velhice e não deixará qualquer patrimônio de herança. É bom a geração Alpha se virar…

A educação financeira e as fintechs estão mais presentes na vida da geração Z. Mais da metade realiza um controle financeiro, tem conta bancária e dinheiro guardado (a maioria na caderneta de poupança). Demoram a conquistar a independência, mais da metade ainda mora com os pais, mas possui fonte de renda e contribui para o sustento da casa. Mesmo depois de sair de casa ainda querem a comida e a roupa lavada, talvez uma mesadinha…

O mercado de trabalho é inconstante, profissões tradicionais desaparecem e os jovens Z podem inventar uma nova atividade do zero com ideias incríveis. Para o seu futuro as qualidades humanas como paciência e a inteligência emocional para trabalhar em equipe podem valer mais do que um diploma universitário de peso. Vamos fechar o alfabeto com chave de ouro, geração Z?