Equilíbrio do equilíbrio

Eu considero as palavras “tudo”, “nada”, “nunca” e “sempre” pesadas, da mesma forma que fica estranho colocar “meio”, “talvez” ou “mais ou menos” em todas as frases. Muitas pessoas acreditam ser importante ter equilíbrio em tudo, mas vamos pensar como seria o equilíbrio do equilíbrio. Soou desequilibrado para você?

Se eu pegar um sonho e transformá-lo em meta, focando meus recursos nela, há grandes possibilidades de ele ser atingindo. Dedicação e persistência são qualidades que ajudam a realizar coisas e isso costuma trazer muitos benefícios. No entanto, algumas situações exigem um desvio, uma adaptação, um momento multitarefa. A meta pode tornar-se impossível ou inadequada. De qualquer forma, toda experiência é válida.

Neste mundo competitivo, fazer as coisas pela metade pode causar muitas perdas e muitos danos. Trabalhar em algo que não sabemos fazer, por exemplo, toma um tempo enorme e gastamos muita energia para obter um resultado que, com certeza, será medíocre e, quem sabe, poderá até nos custar o emprego. Há certos tipos de trabalho em que não podemos errar e tudo precisa ser perfeito ou é melhor nem começar.

Da mesma forma, relacionamentos superficiais ou frios podem causar mais brigas do que alegrias, mais traições do que lealdade e mais obrigações do que prazeres. Algumas situações de relacionamento pedem entrega e amor incondicional, outras pedem respeito e moderação e há as que pedem distância e rupturas. E isso nem sempre está sob controle.

Ser sério, sem dúvida, é muito importante, mas há também os momentos em que podemos relaxar um pouco para que as preocupações não se tornem neuroses. A rigidez constante faz tão mal quanto a irresponsabilidade.

Ter fé aumenta nossa qualidade de vida, se comparada à vida de alguém totalmente incrédulo, desde que essa fé não ultrapasse a linha do fanatismo. O concreto e o cientificamente comprovado são fundamentais para o mundo.

Gastar e consumir, nem demais nem de menos. Ambição na medida certa. Risco do tamanho da sua tolerância. Generosidade sem facilitar abusos. Precisamos prestar atenção em nosso comportamento financeiro, testando e buscando.

Portanto, “equilíbrio do equilíbrio” é saber dosar as coisas, sejam elas quais forem, de acordo com você e com a situação que se apresenta. Alguns chamam de equilíbrio a alternância entre um extremo e outro, alguns escolhem sempre o meio, sendo radicais na moderação…

Para certas coisas eu sou radical assumida, em outras tenho equilíbrio e o maior desafio é lutar contra o desequilíbrio, quando acontece o extremo no momento que deveria ser ameno e vice-versa.

foto de Ruslan Z H para Unsplash

Andréa Voûte

Dinheiro é sujo

É verdade que as moedas e principalmente as cédulas de dinheiro são sujas, literalmente falando, mas percebo que a sujeira do dinheiro recebe uma atenção exagerada em relação a outras coisas igualmente ou mais contaminadas.

Tudo em que pegamos, especialmente na rua, vai juntando sujeira e deve receber uma limpeza regularmente… Há frequentes pesquisas alertando para os campeões da sujeira: corrimão, maçaneta, teclado e mouse, celular, volante e câmbio de carro, carrinho de supermercado, entre outros. Raramente se limpa esses objetos ou diz: eca, fechou a porta e agora está comendo com esta mão suja! E é muito comum ver alguém comendo no carro, ônibus, metrô, ou deixando o celular em cima da mesa do restaurante.

Essa noção de que dinheiro é fisicamente sujo não contribui em nada para nossa inteligência financeira, ela pode transcender a parte biológica e se impregnar como uma má impressão. É verdade que não é saudável beijar dinheiro, dormir ou tomar banho com ele, guardar junto ao corpo, como vemos em cenas de filmes… Só quero lembrar que dinheiro é importante, deve ser respeitado, valorizado, bem gasto e bem investido. Não precisa idolatrá-lo, colocá-lo em primeiro lugar ou usá-lo como instrumento de poder, mas enxergar o dinheiro como uma imundice não ajuda a sua inteligência financeira.

Ele pode conter germes, mas também pode conter uma possibilidade de realizar algum sonho. Ele pode estar meio rasgado e ainda assim servir para comprar coisas de que necessitamos. Ele pode passar de mão em mão, mas ele foi feito para circular e ser movimentado. A história de cada moeda poderia dar um interessante filme, com muitas vidas envolvidas. Um determinado valor pode ter chegado às mãos de um bandido como fruto de caminhos desonestos e pode ser usado em seguida para pagar uma conta comum de um serviço “limpo”. Em termos de ética, mesmo o chamado “dinheiro sujo” não é realmente sujo, suja é a atitude de quem praticou a corrupção, a contravenção. O dinheiro é somente um meio, um veículo neutro.

Lavar as mãos e limpar os objetos em que elas tocam não é suficiente? Por que ter mais nojo da sujeira do dinheiro do que das outras coisas? Porque o dinheiro seria assunto proibido nas refeições? Isso pode vir de alguns preconceitos que nem sempre fazem sentido. A noção de que lucro é palavrão, acumular é sempre pecado, ter ambição é errado, vender é trabalho sujo, economizar é coisa de gente mesquinha, investir é só para milionários. Mas o trabalho é nobre e comprar é maravilhoso… Pense no que faz a combinação dessas crenças.

Andréa Voûte

Nem tudo o que é barato é ruim

Por um momento vamos deixar de lado o preconceito e voltar nossa atenção às coisas baratas. Nem tudo o que tem um preço menor do que o normal do mercado é ilegal ou de baixa qualidade. Se teimarmos em ficar fechados neste conceito, várias oportunidades de bons negócios serão perdidas.

Alguém desesperado para vender, porque precisa desovar o estoque, ou usar o dinheiro para outra coisa, ou ainda por estratégia comercial para ganhar mercado e conquistar novos clientes, é alguém que abaixa o preço.

Os usados também podem ser muito adequados a uma situação em que você não precisa do produto novíssimo. Basta um pouco de tempo e paciência para pesquisar e verá quantos bons objetos podem ser comprados pela metade do preço. A família que está vendendo tudo porque precisa mudar-se tem ótimos móveis, eletrodomésticos e às vezes um lindo pet esperando ser adotado. A pessoa que mudou de peso ou de estilo de vida tem roupas, bicicleta, prancha. As feiras de trocas são ricas em livros e brinquedos interessantes. Os leilões oferecem imóveis a preços muito convidativos.

Pesquisar antes de comprar vale para tudo, certo? Então aí vai uma dica: sites de vendas diretas entre pessoas tem uma incrível variedade de produtos – novos e usados – além dos tradicionais classificados nos jornais. Depois de tomar um banho de informações, você estará mais preparado para uma boa compra.

Veja quantas dicas práticas nas seções #BB (Bom e Barato), #OBQSC (O Barato Que Sai Caro), #NVQC (Não Vale Quanto Custa) e #VCC (Vale Cada Centavo) da Voute Contar no Facebook e Instagram. Assim poderá repensar suas escolhas e tentar novas experiências de compra, dando valor ao seu tempo e dinheiro. Você já sabe também que nem tudo o que é caro é bom.

No lazer também há muitas opções para situações de escassez financeira. Parques, museus, shows, praia, esportes, saraus, reuniões de amigos ou familiares, programinhas românticos. Eventos em que você usa a criatividade para a decoração e as atividades podem ser muito divertidos. Nem só de shopping centers, festas cinematográficas e baladas pirotécnicas vive o lazer.

Cuidado, depois de seguir estas recomendações, é possível que você seja contagiado e comece a pensar em trocar, vender ou doar aqueles objetos e bens sem uso… Afinal, que desperdício deixar as coisas mofando e empoeirando quando podiam ter um fim útil para outra pessoa. Que desperdício pagar caro em uma coisa sem necessidade em vez de fazer melhor uso do dinheiro!

Andréa Voûte
foto de Frank McKenna para Unsplash