A PERGUNTA MAIS IMPORTANTE É A MAIS DIFÍCIL DE RESPONDER

Parte 1 de 2 que mostra a beleza da pergunta mais importante e a grande influência das suas respostas em nossas vidas. No segundo artigo exploraremos a complexidade de se chegar às melhores respostas e como simplificar isso. 

Perguntas essenciais

Já usou a ferramenta ágil 5W2H no planejamento da empresa ou de projetos? Ela sugere que você comece o seu plano respondendo às perguntas básicas O QUE, QUEM, QUANDO, ONDE, POR QUE, COMO E QUANTO. Conceito intuitivo para quem gosta de planejar e se faz perguntas assim naturalmente, é um método simples e eficaz para resumir as ideias. Se conseguir responder pelo menos a estas 7 perguntas você já tem informações importantes. Dentro do 5W2H (do inglês what, who, when, where, why, how, how much) uma pergunta se destaca por ser difícil de responder pela relevância da resposta que deve estar sempre em evidência: “por quê?”. O porquê esclarece as coisas para quem estiver chegando, dá motivação para superar obstáculos e propósito para persistir, por outro lado às vezes olhando para ele percebemos a necessidade de adaptações no plano ou até de desistir quando o porquê deixa de fazer sentido ou tudo muda radicalmente.

Camadas da mesma pergunta

E quando surge um problema que parece maior do que você? A ferramenta ágil sugerida é a dos 5 porquês. Tão simples que nos lembra aquela fase do desenvolvimento infantil em que a criança por volta dos 6-7 anos de idade não para de perguntar “por que”, inclusive o porquê do porquê, enlouquecendo os adultos que se dão conta da própria ignorância. Há uma sabedoria humilde em manter a curiosidade infantil, o encantamento com o mundo e a vontade de saber como funcionam e de onde vem as coisas, reconhecendo que sempre temos mais a aprender. A ferramenta dos 5 porquês consiste em começar do sintoma mais aparente do problema e ir perguntando “por que” em camadas até obter uma resposta que pareça resolver o problema pela raiz. Resuma o problema em uma frase, pergunte por que (1), dessa resposta você pergunta por que (2) – o porquê do porquê-  e assim por diante, normalmente 5 vezes basta, às vezes até antes disso já se chega à origem do problema.

Múltiplas funções

Na ferramenta 5W2H “por que” serve para planejar algo que deve ser feito, como um projeto, mostrando a razão dele. Na ferramenta dos 5 porquês é usado para investigar as causas de um problema e solucioná-lo. São úteis para tudo, não só nas empresas, como muitos dos métodos de administração se aplicam a situações pessoais também.

Uma ONG ou projeto social precisa arrecadar fundos, receber doações e trabalho voluntário. Explicar os porquês facilita bem o processo, é incrível a colaboração e a boa vontade que se vê no voluntariado. Todos movidos por uma causa em comum, um propósito claro que os une e desperta o seu lado solidário.

Em vendas e marketing, seja uma startup abordando investidores, um atleta ou artista procurando patrocinadores ou uma grande empresa vendendo para seus consumidores, mostrar os porquês sempre te aproxima do público certo e ajuda a vender mais. Por que a sua empresa e o seu produto?

Liderança e educação

Você foi uma criança desobediente ou adolescente rebelde que só obedecia quando tinha entendido e concordado com o porquê daquela ordem dos pais? Você ignora e até se diverte burlando as regras cuja razões te parecem completamente irrelevantes, incoerentes ou antiéticas? Para educar filhos que tenham um bom comportamento sem que tornem-se pessoas submissas, mostre a razão daquelas regras e pedidos. Assim eles irão incorporar a informação e praticar o certo mesmo na sua ausência, sem que você tenha que ficar repetindo diariamente.

Para liderar colaboradores, a inspiração é fundamental, como explica Simon Sinek em seu livro Comece pelo porquê – como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir: “Existem apenas duas maneiras de influenciar o comportamento humano: você pode manipulá-lo ou inspirá-lo”. O chefe que dá ordens, pressiona e castiga sofre e faz sofrer, enquanto o líder exemplar sempre explica o motivo de cada coisa e consegue um resultado melhor.

Comunicação Não Violenta (CNV) e terapias

Como enfrentar e principalmente evitar a violência? A CNV nos incentiva a olhar para tudo o que está envolvido naquela situação. As ações e as palavras agressivas das pessoas ficam em evidência, é preciso um esforço consciente para isolar o que é fato objetivo e investigar mais fundo os sentimentos, pensamentos e necessidades. A informação chave é: “que necessidades cada pessoa estava procurando atender direta ou indiretamente (vantagens óbvias ou ganhos secundários) com aquele comportamento”. Ou seja: por quê?

Independentemente de gostarmos ou entendermos as ações, palavras, pensamentos, sentimentos e necessidades de todos envolvidos no conflito, inclusive nós mesmos, elas são reais. Cada pessoa fez o que fez ou falou o que falou motivada por pelo menos uma necessidade. E o que chamamos de simples interesse ou desejo, para aquela pessoa pode ser uma necessidade visceral. Investigar, validar e lidar com a realidade se possível usando respeito e gentileza já evita muita briga desnecessária.

Nas terapias, quando você descobre seus gatilhos, seus traumas, os padrões familiares, o significado de determinadas coisas e pessoas na sua infância, um mundo de possibilidades se abre. Por exemplo, você entende porque sente-se tão bem diante de certa cor, cheiro, som ou local que para outros é neutro. A partir do conhecimento dos porquês fica mais fácil ressignificar acontecimentos, reconectar-se com você mesmo e com outras pessoas importantes, perdoar, superar, quebrar padrões prejudiciais evoluindo em direção a uma vida adulta leve e funcional.  

Um detalhe insignificante ou um segredo?

Você pode não ser detalhista por natureza e esquecer de considerar certas minúcias ou até se irritar com as pequenas coisas. De fato, há vários assuntos na vida em que detalhes são irrelevantes. Não quando você estiver lidando com as finanças. Pequenos valores importam, datas importam, formas de pagamento importam, sutilezas nos percentuais importam, mini hábitos importam. Hoje vamos falar das formas de pagamento e como elas podem fazer diferença nos seus resultados.

À vista é a forma de pagamento mais simples, em que você ao mesmo tempo desembolsa o valor e começa a usufruir do bem ou serviço comprado. Traz agilidade e praticidade aos dois lados, quem recebe à vista também já usufrui do valor assim que entrega o seu serviço ou produto. Com menos burocracia e parcelas para controlar, os pagamentos à vista facilitam o planejamento e a organização financeira. Os descontos são mais fáceis de ser negociados em pagamentos à vista, você pode economizar bastante só por essa escolha.

Pagar em dinheiro tem vantagens de consciência para quem é gastador, sentindo mais fortemente a dor da perda ao ver e contar as notas e conferir o troco. Em tempos de invasão constante de privacidade, pagar em dinheiro possibilita algum anonimato. O dinheiro em espécie é propenso a perda, roubo, falsificação e desvalorização pela inflação. É a forma de pagamento que requer disciplina para registrar quanto, como, quando e onde ele foi usado. O bom e velho método dos envelopes é didático e ainda funciona para algumas pessoas, separando fisicamente um valor para cada categoria de gastos e ajudando os controles.

No cartão de débito, débito em conta (ao pagar um boleto por exemplo) ou transferência, você tem todas as vantagens citadas dos pagamentos à vista, só que agora utilizando instituições financeiras. O pagamento em dinheiro convida o pagador ao realismo, que só usa o que tem e assim inibe os gastos por impulso. No caso de passar por uma instituição financeira você pode ter acesso ao crédito do cheque especial, que talvez seja uma tentação para usar e depois pagar o alto preço que ele custa (juros). Uma vantagem em relação ao dinheiro é que deixam pistas de informação nos extratos bancários. A caderneta de poupança não é grande coisa como investimento, mas pode ser uma alternativa à conta corrente. Também conta com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), é isenta do custo das tarifas e das tentações do cheque especial e permite pagamentos e transferências à vista já com a informação listada no extrato.

Explore formas de pagamento alternativas que vão surgindo com a tecnologia. Considere a praticidade e conveniência sim, sem esquecer dos riscos e das suas habilidades e limitações de conhecimento. Experimente as trocas de produto por produto, serviço por serviço ou produto por serviço. Se você tiver opção de escolher como recebe o dinheiro, planeje bem seu sistema de cobrança para não sofrer com atrasos e calotes.

O cartão de crédito mesmo quando é chamado de “à vista” te dá um prazo de 10 a 40 dias que pode ser gratuito se você pagar sempre a fatura integralmente. Você tem acesso a um limite de crédito mesmo que as contas correntes estejam zeradas e quanto mais distante do hoje e do concreto (só aproximação), menos consciência de já ter comprometido aquele valor. Você pode parcelar muitas compras e depois pode parcelar a fatura repetidas vezes. Ao se acostumar com os parcelamentos, perde-se a noção do quanto é despesa de fato e custo de taxas e juros, qual é o saldo real e a capacidade de pagamento. O uso inteligente do cartão exige do pagador uma visão de futuro, um planejamento estratégico e um nível de responsabilidade que são incomuns. Seus benefícios estão na praticidade de levar um pedacinho de plástico, na centralização de várias despesas e nos pontos que podem ser revertidos em cashback, passagens aéreas, produtos e vantagens.

Não siga os padrões alheios, teste as melhores formas de pagamento e recebimento que funcionem para você hoje. O segredo é usar o que for melhor para o seu perfil e da pessoa com quem você divide as finanças se houver. Considere os recebimentos, despesas fixas e variáveis, investimentos e comportamento financeiro em geral. “Como pagar” não é só um mero detalhe, pode ser o segredo do seu sucesso financeiro.

As decisões financeiras precisam ser matemáticas?

Embora a matemática seja de grande ajuda nas decisões financeiras, não deve ser a única forma de avaliar uma questão. Se fosse, haveria uma única resposta para pessoas diferentes e sabemos que não é assim. Ignorar o lado material não costuma dar bons resultados, mas é preciso ter o cuidado de considerar outros aspectos da decisão que não cabem em contas! Se toda decisão tem um preço, é sábio pensar nas consequências da escolha e no que deixei de escolher.

Estou desrespeitando alguém ou criando problemas para outras pessoas? Escondi alguma informação importante que, quando for revelada, o conflito será inevitável? É normal resolver a minha vida e prejudicar outra? Não é lucrativo, mas vou obter vantagens emocionais como satisfação ou intelectuais como conhecimento? É lucrativo, mas acaba com a minha saúde? Adianta economizar hoje e gastar o dobro amanhã?

As pessoas predominantemente racionais, ainda que tenham seus momentos de alegria, tristeza ou preocupação, na maior parte do tempo mantém a cabeça fria. Não são impulsivas e tomam decisões baseadas em números: Qual alternativa é mais barata e mais prática? Esta sim será a mais vantajosa, afinal ninguém tem tempo a perder e muito menos dinheiro. É assim que entro em financiamento de “suaves” prestações, qualquer trabalho que pague bem, almoço em fast-food, entre outros. Quanto maior a correria, mais decisões baseadas em números e não na qualidade.

Tipo de decisão que gera arrependimento: Com a desculpa da ansiedade, abrir mão da integridade com produtos piratas. Ou por medo, desistir de algum sonho que poderia me enriquecer. A ganância pode me levar a esquemas ilegais que roubam a minha paz. Motivada por pontos do cartão de crédito, avançar no limite que não conseguirei honrar. Atraída pela vitória, ficar tentando acertar o pico do mercado.

Mesmo escolhendo a lógica, não posso olhar somente o número principal. Devo pesar os riscos e as probabilidades de desvalorização ou valorização, a manutenção e todos os custos e benefícios que a minha decisão vai gerar. Enfim, se parece mais uma oportunidade ou uma armadilha.

Uma decisão atualmente, quando há tantas opções para tudo, é quase sempre complexa e envolve muito mais do que números, vai além e aquém do momento atual e afeta não apenas a pessoa que decide. Para sermos cidadãos conscientes e vivermos bem, uma das habilidades que precisamos construir é a de tomar decisões.

Que papel o cartão de crédito tem em sua vida?

O polêmico cartão de crédito merece ser estudado antes que você se enrole em novas e modernas formas de pagamento que surgem a cada dia.

Ele organiza as suas contas em uma fatura detalhada, que você pode consultar quando quiser. Na fatura você vê o que é assinatura mensal fixa, custos do próprio cartão, custos de faturas anteriores com encargos, compras do período em Reais e outras moedas, compras parceladas em que ponto estão do parcelamento. As datas das compras estão todas ali também, em ordem crescente. Quem morre de preguiça de controlar o que gastou adora tudo isso. Só tem um probleminha: nem sempre você consegue transportar estes dados para um controle decente, que contenha o resto da sua vida financeira, faça os diversos cálculos que você precisa e te permita classificar o assunto de cada gasto.

Simplificar. Viagens, supermercado, remédios, Uber, Netflix, cursos, várias coisas de um mês inteiro concentradas em um único pagamento, é como ter vários boletos em um. Gastos frequentes como combustível simplificados a uma vez por mês. Inclusive débito automático de diferentes datas ao longo dos últimos 40 dias você está pagando só agora. Não sabia que a data do débito automático não é a mesma da fatura do cartão? Que ótimo, espero que isso seja sinal de que você nunca usou todo o seu limite! Se você recebe um salário fixo logo antes da data da fatura, tudo bem. Se você for uma pessoa madura e responsável, com a perfeita noção de que os 40 dias passam voando e chegam com novas surpresas financeiras, relaxe!

Liberdade! Quando a fatura do cartão de crédito fecha, você sente-se livre para decidir o que quiser, um privilégio ter tantas opções. À vista total ou parcial, a prazo de 4 a 12 parcelas, com ou sem entrada. Isso porque antes você já decidiu comprar ou não, no débito ou no crédito, de que cartão, em quantas parcelas (o cartão de crédito nunca é à vista de verdade, ele te dá no mínimo 10 dias). Olha que desafio mental lembrar de toda a sua situação financeira para decidir sabiamente essas coisas enquanto a fila te espera impaciente. Na verdade, o processo é um verdadeiro teste de sanidade mental e habilidades matemáticas. Quanto mais cartões, mais o cérebro fica afiado e os músculos das costas fortalecidos de tanto malabarismo financeiro que eles exigem. Algumas operadoras de cartão te lembram da “melhor” data para compras. Melhor para quem?

Sobre o crédito, já falei tanto que você já sabe que aquele limite mencionado ali não é seu, nunca foi e nunca será. O limite é dinheiro a ser emprestado e devolvido na data certa ou vai doer, muito. Os juros mais altos do mercado, o dinheiro mais caro. Já foi pior, quando o uso do rotativo era ilimitado. A única vantagem em relação ao crédito convencional, de empréstimos ou cheque especial por exemplo, é que ao pagar a fatura por completo na data do vencimento (ou antes), não há juros, só conveniência. Feito sob medida para adultos disciplinados e não gastadores. O perigo é confundir o limite com “direito” seu ou complemento da renda. A culpa não é do cartão, da mesma forma que a culpa não é do álcool. Consumir antes e pagar depois é uma distorção dos fatos, use com moderação.

As vantagens são reais, você ganha pontos, milhagem e descontos. Isso é financeiramente favorável adivinhe a quem? Certo, os adultos, disciplinados e não gastadores. Aqueles que não vão se exceder só para acumular mais pontos, aqueles que desconhecem o gosto amargo residual de uma compra por impulso. Eles vão continuar vivendo sua vida normalmente, só mudando a forma de pagamento para melhorar o programa de fidelidade. Não sentem isso como incentivo a consumir além do planejado e do possível.

E as compras online? Verdade, nesse caso o cartão facilita bastante, mas hoje há outras opções eletrônicas com menos juros e burocracia. Em uma viagem, pode ser bem mais seguro andar com um cartão de crédito (apague o código e verifique lançamentos estranhos) do que com um montante de dinheiro. Despesas a serem reembolsadas também, são uma conveniência do cartão. Você gasta, comprova que gastou e a empresa ou a pessoa te reembolsa antes que a fatura chegue. Ou você compra uma coisa para vender e vende antes de pagar a fatura. Prazo pode ser sinônimo de conveniência e oportunidade, sabendo usar.

POR QUE COMPRAR?

Trago algumas sugestões de perguntas inteligentes para você fazer no ato da compra. Nesta ordem.

 

SINAL VERDE

 

Preciso?

Este gasto será útil.

Satisfaz uma necessidade minha.

Está na minha lista.

Ainda não tenho.

Combina com o meu estilo de vida.

Cabe na minha rotina.

Melhora minha vida.

 

Posso?

Vou pagar agora e de preferência à vista.

Consigo arcar com os custos da manutenção.

É possível conciliar com meus outros gastos.

Cabe na minha receita.

 

É um bom negócio?

O preço é justo ou abaixo do mercado.

Amanhã pode não estar disponível.

Já pesquisei em outros lugares e sei o quanto vale.

Confio no produto / serviço e fornecedor.

 

SINAL AMARELO

 

Me apaixonei?

Me identifiquei.

É perfeito, lindo, chique e moderno.

Quero mais do que tudo.

É a minha cara, meu número e de mais ninguém.

Tem que ser meu custe o que custar.

 

Acabei de receber?

Me sinto rico/a.

Agora eu posso.

Mereço depois de trabalhar tanto.

O dinheiro é meu e eu faço com ele o que quiser.

Cabe no meu saldo de hoje / limite do cartão.

 

Vou usar mesmo?

Na verdade, já tenho algo parecido.

Eu nunca teria a ideia de comprar isso se não tivesse visto.

Ficou lindo na vizinha e… talvez ela pudesse me emprestar ou trocar.

É um antigo desejo, mas que agora não faz mais sentido.

Não acrescenta muita coisa na minha vida.

 

SINAL VERMELHO

 

Fere meus princípios?

É barato demais ou caro demais.

É pirata ou de origem obscura.

Prejudica alguém.

Terei que mentir sobre este gasto.

Vou deixar de pagar uma conta importante para me mimar com isso.

Depois eu vejo como pagar.

 

É um dia de pânico / tristeza / ira / euforia?

Aconteceu algo muito bom ou muito ruim hoje, dia errado para tomar decisões inteligentes, financeiras ou não.

Há várias maneiras de se resolver os problemas e a shoppingterapia não é a melhor delas.

 

Perdi o controle das finanças?

Há algum tempo que não olho meu saldo, receita, despesa, extratos e faturas.

Tenho usado o limite do cheque especial e dos cartões de crédito.

Essa decisão imediatista vai atrasar minhas metas para o futuro.

Não planejo as finanças e vou gastando conforme as promoções aparecem.

 

Andréa Voûte

Exame de consciência

Antes de tudo, vamos esclarecer que não vim para nos carregar com o peso da culpa, nem nos entristecer com a dor do arrependimento ou nos revoltar com a fraqueza humana. Também não são perguntas aleatórias ou todas as perguntas mais importantes. Este é um exercício de aprendizado e aperfeiçoamento para melhorar de vida com ações e atitude.

A cada resposta que te incomoda pergunte-se COMO COMEÇAR A MUDAR ISSO JÁ e a cada resposta que te deixa feliz, COMEMORE E CONTINUE ASSIM! A ideia é que daqui a um ano você esteja mais consciente, satisfeito e realizado.

Neste ano:

Quanto dinheiro entrou e saiu de minhas contas?

Usei bem o meu dinheiro? Sei para onde ele foi e isso combina com o que é importante para mim?

Empobreci ou enriqueci?

Que bens valorizaram e que bens sofreram depreciação?

Quantas dívidas quitei e quantas adquiri ao longo do ano?

Consegui cumprir todos os compromissos financeiros que assumi?

O que me estimulou a ser perseverante e responsável com o dinheiro?

Quanto durou o meu prazer em cada compra por impulso?

Nas ocasiões em que deixei-me levar pelos vícios, quanto custou isso?

Fui intolerante com os gastadores? Ou com os avarentos?

Me alegrei com o sucesso de quem? Tive compaixão diante dos problemas alheios?

Manipulei em minhas negociações e relacionamentos para “vencer”?

O que estudei, aprendi e me aperfeiçoei neste ano sobre finanças?

Quantas vezes persegui os atalhos, o caminho mais fácil e rápido?

Consegui poupar e investir de acordo com meus planos e necessidades?

Fiquei alardeando meus sucessos financeiros ou a fortuna que gastei?

Quem me ajudou a prosperar? E quem me prejudicou financeiramente?

Coloquei a aparência em primeiro lugar gastando demais com ela?

Com quem eu compartilhei riquezas e conhecimento, a quem socorri ou em quem investi?

O que fiz para manter minha vida financeira minimamente organizada?

Em que situações me perdi nos detalhes e na rigidez do perfeccionismo?

Que oportunidades de negócio consegui aproveitar e o que perdi por hesitar demais?

Fiquei financeiramente mais independente ou mais dependente?

Mantive uma coerência e estabilidade emocional na maior parte dos meus dias? Como isso afetou minhas finanças?

Tratei com respeito quem me deve ou trabalha para mim?

Soube vender e cobrar sem chantagens e mentiras?

Uso bem o poder? Como me comportei quando fui contrariado/a?

Julguei alguém pela aparência e depois soube que me enganei?

Acabei comprometendo minha segurança e dignidade por causa da carência excessiva?

Deixei-me seduzir pelos apelos do consumo?

Troquei de celular, carro ou decoração sem necessidade?

Se no mundo houvesse mais pessoas que lidam com o dinheiro da mesma maneira que eu, o mundo seria melhor ou pior?

Faça balanços como este de vez em quando, reflita e escolha algumas ações para começar bem o próximo ano.

Andréa Voûte

imagem free de Martin Sanchez para Unsplash

Para onde os seus impulsos estão te levando?

Adiar a gratificação é um dos segredos do sucesso, comprovado por um famoso estudo da universidade Stanford com crianças de 4 anos: elas ficaram sozinhas em uma sala com um marshmallow, sabendo que se conseguissem esperar 15 minutos para comê-lo, ganhariam mais um e depois poderiam comer os dois. Apenas 1/3 das crianças resistiu à tentação e elas obtiveram 100% de retorno pelo sacrifício de esperar 15 minutos, ou seja, “patrimônio” dobrado. Quando foram verificar a vida dessas crianças quinze anos depois, todas estavam melhor nos estudos e na vida em geral, enquanto os outros jovens eram problemáticos. Ter a paciência de esperar e a disciplina de pensar mais no resultado do que no prazer imediato impacta o futuro mais do que QI e mais do que nível socioeconômico dos seus pais.

Ser impulsivo e inconsequente custa caro. Muitos dos piores gastos dos quais nos arrependemos são decididos nos primeiros segundos e os vendedores sabem disto. Espere pelo menos 24 horas para gastar, observe se a motivação é o medo de não ter aquilo de novo ou o prazer da compra em si, pense se você pode pagar. Cuidado com o impulso de levar vantagem, mentir ou assumir um compromisso que já sabe que não conseguirá cumprir. Cultive a compaixão para não explorar o outro e desenvolva a esperteza para evitar ser enganado. Escolha bem o conteúdo que você lê e assiste, seja seletivo em suas companhias e no lazer.

Alguns negócios desastrosos que quebram uma empresa são fechados no calor do momento e bons negócios são recusados sem pensar direito. É só olhar à nossa volta para constatar que ter objetivos, planejar e executar corretamente dá resultado positivo nas finanças. Projetos bem-sucedidos e negócios de sucesso demandam planejamento sério, competência, muito trabalho, preparação, investimento de dinheiro e tempo para dar lucro. E o sucesso traz prazer também, mais sólido e duradouro; depois que você se supera sente-se muito bem. O prazer imediato é infantil e egoísta, enquanto a felicidade é generosa.

Ser atropelado pelos fatos e reagir a eles é bem diferente de agir e conduzir os acontecimentos. Falar e agir sem pensar costuma trazer problemas na esfera pessoal, acadêmica ou profissional, e afeta especialmente os relacionamentos. Prevenir-se contra imprevistos desfavoráveis tranquiliza e eles serão absorvidos naturalmente. Preparar-se para boas surpresas nos torna aptos a aproveitar melhor as oportunidades quando elas surgirem. Precisamos da inteligência emocional e do autocontrole e isso não quer dizer reprimir as emoções.

Perdeu dinheiro? Estude como recuperá-lo. Perdeu o controle? Retome e não prolongue a bagunça. Só não podemos exagerar e passar todo o tempo planejando, é preciso agir e colocar em prática o que foi planejado. A função maior do planejamento é saber qual a coisa certa a fazer, quando, como e onde. Se não houver ação, ele perdeu a finalidade. Se você se perder nos detalhes, talvez não dê tempo de executar — atualmente tudo acontece muito rápido. Tornar-se obcecado por controle não é saudável e nem realista. Resista aos impulsos, mas saiba diferenciá-los de uma intuição, um instinto verdadeiro. Viva bem o presente, lembrando-se de considerar o futuro.

Andréa Voûte

foto de Tommaso Fornoni para Unsplash

Com orçamento se vai mais longe

Tenho orçamento pessoal desde meus primeiros salários. Depois de tanto tempo, eu acabei desenvolvendo algumas noções básicas – o famoso bom-senso – e poderia até dispensar o uso desta ferramenta sem grandes prejuízos.

Então para que eu continuo alimentando aqueles controles, registrando despesa e receita? É porque gosto do resultado, de conhecer a minha real situação material, de observar os meus bons e maus hábitos financeiros e acompanhar a evolução do patrimônio. Consciência mesmo quando dolorida é importante, gosto de ter base para traçar metas para o meu futuro, enfim, de ter um controle nas mãos, até onde isto é possível.

Quem não conhece o método normalmente receia ficar preso a restrições e continhas chatas. É, não vou negar que você pode perder-se nos detalhes e isso tomaria tempo. Então, a norma é simplificar ao máximo. Faça um favor a você mesmo, aproveite e dê alguns passos na direção de sua independência financeira – reduza o número de contas correntes, de cartões de crédito, parcelas, cheques pré-datados e tudo o que complica e confunde.

Existem várias maneiras de se elaborar e seguir um orçamento, truques e atitudes que o tornam ainda mais eficaz. Curiosidade: após alguns anos, me dei alguns luxos, como por exemplo, incluir uma categoria de despesas que pode ser “torrada” em qualquer coisa e, acreditem, às vezes eu prefiro poupá-la!

Não é para qualquer um, os primeiros meses exigem coragem… Eu olharei de frente para o fluxo meu dinheiro – de onde vem, para onde vai e conhecer quem sou eu financeiramente. Sem o orçamento, pensamos que sabemos, mas a maioria de nós se ilude muito. Sem ele, o planejamento será menos sólido e provavelmente otimista demais. Busque esta coragem e entre em ação.

O resultado vale muito à pena, ou as empresas e os projetos de sucesso não teriam orçamento!
Andréa Voûte

A vulgarização do crédito

Ouvir que uma pessoa ou empresa tem crédito soa como elogio. Podemos entender com isto que ali há o costume de honrar os compromissos, de cumprir a palavra e agir com responsabilidade. Partindo dessa premissa, basta analisar as condições: qual o valor a ser emprestado e de que forma este dinheiro pode voltar para as mãos do credor com algum lucro e menor risco.

Não faz tanto tempo assim que o uso do crédito respeitava um bom senso, apenas em situações realmente urgentes, oportunidades únicas e “casos de vida ou morte”, como se dizia na época. E era comum ver pessoas físicas e jurídicas que ao longo da vida endividavam-se uma ou duas vezes, no exato valor da emergência. A oferta era menor, algum “fiado” era aceitável.

Hoje isto mudou, o crédito está infiltrado na sociedade e quase todos convivem com ele por anos, como se fosse normal ou até necessário. Para que viver a vida que o salário pode pagar se estamos rodeados de ofertas intermináveis de um dinheirinho extra a ser “somado” ao nosso? Isso nos permite satisfazer mais desejos e parecer que temos e podemos muito mais, como aqueles que estão um degrau acima na escala social podem e tem! Não te parece fácil demais?

Permitam-me ser a chata que chama para a realidade àqueles que sentem os limites do cheque especial e cartão de crédito como sendo seus… Isto é um recurso de terceiros, a ser devolvido a um preço bastante alto por sinal. Na prática, quem usar estes recursos para consumo, muitas vezes estará “presenteando” o credor com um valor equivalente, pagando o dobro do que vale aquele bem. Se o uso for para pagar as contas do dia-a-dia, é necessário rever imediatamente o orçamento, ou elaborá-lo, caso não exista ainda.

Como já sabemos, o dinheiro pode ser muito bem utilizado, mas os juros do crédito não são um bom exemplo disso. Dever compromete a liberdade, a dignidade, a honestidade, a paz, o futuro e a qualidade de vida, isso sem falar nos prejuízos materiais… Pense se é realmente necessário cair nesta situação. Pode ser que não haja mesmo outra saída e, neste caso, as escolhas devem ser pesquisadas e planejadas com extremo cuidado, da melhor forma possível.
Andréa Voûte

O problema é o que deixamos de fazer

As coisas mais sujas são as que recebem menos limpeza e não as que recebem menos sujeira. Sabemos que alguma sujeira é até boa, que celulares podem ser mais sujos do que sapatos, que mais vale uma limpeza frequente do que um produto forte. Interessante é que muitos destes conceitos se aplicam às finanças.

Nos recusamos a encarar as dívidas até que o nome fique sujo e com isso o crédito negado. Depois de estar sem tempo, dinheiro e energia para nada, sofrendo pressão dos cobradores, nossa reputação na lama, aí sim seremos obrigados a tomar uma atitude. Recomeçar, mudar hábitos, renegociar e limpar o nome levam tempo. Não se acostume a viver pendurado em dívidas, comece hoje a pensar e agir sobre isso!

Deixamos de fazer os controles financeiros porque são chatos, a não ser quando já estamos perdidos na escassez, desemprego ou fraudes. Quando fazemos, percebemos a importância deles e desfrutamos do resultado financeiro e mental. Não saber para onde vai o dinheiro, qual é a nossa real situação ou que opções temos é jogar com a sorte e normalmente resulta em azar. Se as suas finanças estiverem descontroladas, experimente mudar isso!

Emendamos uma atividade na outra, maratonamos seriados, trabalhamos sem interrupção, lotamos a agenda, navegamos na Internet por horas, boicotando as pausas necessárias. Sabemos que o sedentarismo é o novo cigarro! Só quando engordamos ou sentimos os sintomas físicos e mentais começamos a dar atenção para o que realmente importa. Mexa-se agora!

Da mesma forma, os gastos acontecem em um ritmo diário, mas não paramos para fazer um balanço e análise destes gastos até que as contas comecem a atrasar. Consumimos a nós mesmos no consumismo e a vida vai passando até o dia em que percebemos que desperdiçamos parte dela com ilusões e compulsões. Desprezamos os pequenos valores na hora de gastar e na hora de ganhar, acostumamo-nos com alguns desperdícios, subestimamos os custos e os riscos e superestimamos os benefícios e as possibilidades. Tenha consciência!

A velhice chega para todos os que estiverem vivos, a aposentadoria chega para quem trabalha, mas… parecem tão longe no tempo… Faça o seu planejamento financeiro ou estará nas mãos de seus filhos, INSS, bancos, planos de saúde e todas as mudanças que estes venham a sofrer.  Quanto antes você começar a preparar a sua aposentadoria, melhor ela tende a ser. Se você nunca ligou para conforto ou segurança, na velhice mudará de prioridades. Não espere mais para cuidar deste assunto inevitável!

Esquecemo-nos dos pobres com quem não temos contato e procuramos distância cada vez maior deles. Só quando nos ameaçam, nos incomodam, fedem ou nos fazem sentir culpados, começamos a pensar neles. Doações e trabalho voluntário são parte normal da vida, tratar empregados com justiça, pensar no coletivo e desenvolver a generosidade são atitudes sábias. Olhe para o lado por cima dos muros do egoísmo!

Não fique parado por medo da mudança ou por desconhecer o assunto, vá à luta! Não resolva somente os problemas visíveis e que já te atrapalham há tempos, resolva também os invisíveis e os previstos. Não esgote a boa vontade de quem te ajuda e compreende, deixando chegar ao ponto de ser julgado e desrespeitado. Não se preocupe só com o que aparece e afeta a sua imagem, trabalhe as coisas que só a terapeuta e o espelho sabem, ou nem eles… Não faça o certo simplesmente para evitar multas e punições, faça por você mesmo!

Andréa Voûte