Tem certeza?

TEM CERTEZA?

Andréa Voûte

Tempo perdido não se recupera nunca mais.  Todos nós convivemos com o desperdício, inclusive de tempo… vamos minimizar isto para liberar mais recursos para o que é realmente importante.  Reflita sobre o tempo e dinheiro que você perde tentando agradar aos outros, explicar-se e seguir protocolos.

Agradar a todos sabemos que é impossível, mas tentar é considerado bonito ou até um ato de amor.  Receber pessoas quando não temos tempo, oferecer coisas que não podemos comprar, frequentar lugares caros e dividir suas altas contas, emprestar o nome correndo enorme risco de sujá-lo, vale tudo em nome da simpatia!  Ajudar, ser amigo e companheiro não quer dizer agradar, quando for necessário mesmo talvez seja melhor ceder de vez e servir com amor ao outro, pela preocupação sincera com o bem-estar geral.  Ou então ser direto ao dizer “não” e deixar para outra oportunidade, quando tiver mais recursos disponíveis, afinal ninguém mais tem tempo e dinheiro para perder com cerimônias e aparências vazias, o que a sociedade diz que pega bem nem sempre faz bem.  Melhor dizer “sim” menos vezes mas com todo o coração, mente e alma do que somente da boca para fora, não é verdade?

Damos satisfação demais de nossas vidas!  Detalhes deveriam ficar para as deliciosas conversas íntimas com os amigos, parentes ou profissionais da terapia de nossa confiança, mas nunca porque nos sentimos obrigados a falar.  Isso compromete nossa segurança e privacidade, é um direito nosso ter segredos e não responder a determinadas perguntas.  Sem esquecer, é claro, que omitir é uma forma de mentir, então não estou incentivando a “esconder o jogo”, afinal há coisas que os outros tem sim o direito de saber e devem mesmo ser reveladas.  Estou falando das invasões ao nosso espaço reservado, que já foi tão reduzido com a globalização e a informatização.  Perguntas sobre quanto você ganha, como você gasta seu tempo e dinheiro, para quem irá deixar isto ou aquilo, que tipo de relação matrimonial escolheu, como cria os filhos ou porque não os teve, e por aí vai…  Só para não perder o costume vou mencionar o assunto das dívidas – além de termos que nos explicar para as autoridades governamentais, profissionais e às vezes familiares, quem faz dívidas ainda deve satisfações aos credores!

O Natal é um exemplo interessante de protocolo que muitos seguem sem questionar.  Todos acreditam, fazem compras mil, se reúnem naquela data e horário, homenageiam um personagem comercial e iludem as crianças, cumprem direitinho o ritual.  Mas quem inventou este ritual?  Há toda uma história, ou melhor uma mistura delas, que originaram estes costumes, mas se você curte natal, é melhor nem procurar saber…

Fugir do convencional tem um preço, claro. Seremos mal interpretados, pressionados e discriminados. E tem mais, observe que sempre que uma pessoa criativa inventa algo novo e o resultado parece bom, logo aquilo vira “regra” e sai um monte de gente copiando. Pronto, ela não só quebrou tradições como criou uma nova e começa tudo de novo…  Às vezes eu me pergunto se já consegui lançar uma nova “moda” de pagar à vista, contestando a maré. 🙂

Ouse quebrar as tradições que lhe atrapalham ou não lhe acrescentam nada de bom!  Pergunte-se: Por que eu preciso fazer isto?  É espontâneo e natural?  Quem ganha o que com isto?