A PERGUNTA MAIS IMPORTANTE É A MAIS DIFÍCIL DE RESPONDER parte 2

“Por que” é frequentemente a pergunta mais inteligente que você pode fazer, ao mesmo tempo que pode ser a mais difícil de se responder. Faça a pergunta, mesmo quando não conseguir chegar a uma resposta definitiva. Só a busca do porquê já mostra tanta coisa que te eleva a outro patamar de discernimento!

Um assunto onde se observa uma vasta diferença de opinião é a saúde. Todo mundo tenta explicar os problemas atuais de saúde física e mental. Podem ser consequência de:

Excesso de telas com sua manipulação sofisticada, algoritmos fechando bolhas, estímulos constantes, relacionamentos superficiais, vidas editadas, positividade tóxica, falsas aparências, superexposição das intimidades, opiniões sobre tudo, notícias falsas ou sensacionalistas, apostas, violência, pornografia, guerra pela nossa atenção. Fica o convite à rebeldia de fazer pausas das telas.

Na infância não termos pais presentes para conviver, conversar, abraçar, jogar, cuidar da casa, orientar, apoiar, dar limites, proteger, amar e até questionar. Fica o convite a se conhecer, se cuidar e estar presente para as crianças.

Química pesada na caixinha de remédios que deixou de ser “coisa de velho”, nos alimentos com agrotóxicos e ingredientes indecifráveis, nas bebidas em que a única coisa natural é água, nos cosméticos milagrosos e desodorantes que duram dias, no reino do plástico, em vários materiais para retardar as chamas de um possível incêndio, nas práticas panelas antiaderentes. Fica o convite a uma vida mais natural.

Comer e beber pode e deve ser prazeroso, mas é antes de tudo para satisfazer necessidades básicas de nutrir e hidratar o organismo, assim ele pode funcionar bem. Comer compulsivamente ou alimentos sofisticados só por status ou comer enquanto trabalha / assiste algo mudam nossa relação com a comida e tem consequências nas saúdes, inclusive a financeira. Fica o convite de prestar atenção ao que estamos ingerindo.

Usar mais o intelecto e deixar de lado os outros aspectos da vida, vulgo “viver do pescoço para cima”. Informação de todo tipo entrando sem parar, sobrecarregando a mente e não deixando espaço para processar a informação. Fica o convite para lembrar que somos animais feitos para o movimento, mamíferos emotivos, seres humanos com intuição e desejos espirituais, pessoas sociais.

Supervalorização do visual em detrimento dos outros 4 sentidos. Nosso olfato irritado por cheiros artificiais não consegue mais identificar milhares de aromas, o que enriqueceria a vida e ironicamente o intelecto. Nossa pele toca cada vez menos coisas e seres, executamos poucos trabalhos manuais, o que deixa o tato menos sensível. A audição está sofrendo com os fones de ouvido, a música alta, as sirenes e outros tipos de poluição sonora. O paladar não tem noção do que come porque a lista de ingredientes é cada vez maior. Fica o convite para procurar desenvolver os 5 sentidos.

Estilo de vida moderno que compromete os pilares das saúdes – além da alimentação e exercício físico, também o sono. Eis uma coisa que está no centro da nossa qualidade de vida e nem sempre nos damos conta disso. Fica o convite para alterar hábitos e ambientes a fim de chegar a um bom sono em termos de qualidade e quantidade.

Há também quem afirme que as doenças são punição de pecados, somatização de emoções mal resolvidas, falta de , efeito colateral das vacinas, influência dos espíritos e até que na verdade não existem doenças, somente a saúde. Mesmo diante de tantas incertezas, tudo o que investigamos nos fez aprender, aumentou nossa consciência e provavelmente nos fez cuidar melhor da saúde.

Os técnicos lhe lembrarão que correlação não implica em causalidade, ou seja, eventos podem ocorrer juntos sem serem necessariamente causa e consequência um do outro. Estatísticas mostram probabilidades e relação direta ou indireta, por exemplo o câncer. Pessoas que fumam bastante, quando recebem um diagnóstico de câncer de pulmão logo associam ao cigarro e mesmo assim não se pode afirmar qual foi a causa.

observação atenta possui um incrível poder! A partir dela você cria hipóteses, investiga, pesquisa, testa e finalmente valida. Especialistas da área científica lhe dirão que são necessários vários estudos diferentes para comprovar uma tese. Se você conseguir repetir a experiência, é um indício de que seja verdade. Você pode fazer isso em pequena escala na sua vida, mantendo a sua curiosidade e lembrando que não será uma lei da natureza que vale para todos.

Comparação inteligente de preços

Imagem gratuita do Pixabay

As diferentes embalagens dificultam bastante nossa comparação entre os produtos e uma decisão rápida e consciente. Vejam o caso do supermercado, onde o certo seria saber o preço por litro / kilo / metro / unidade, na prateleira. Além disso, vale considerar a qualidade e o rendimento (ou concentração) do produto, que podem variar bastante. Para quem acha que todos os produtos industrializados seguem um padrão mínimo de qualidade, pergunte a quem já visitou ou trabalhou em mais de uma indústria…

Tomemos como exemplo o papel higiênico e o suco pronto.

Rolos de papel higiênico podem ter 30 ou 60 metros. Qual compra vale mais à pena – 8 rolos de 30 metros folha simples comum por $5,69 ou 4 rolos de 30 metros folha dupla macia por $7,14? O simples custa 2 centavos por metro e se dissolve mais facilmente, mas você precisa usar o dobro da quantidade enquanto o macio custa 6 centavos o metro (o triplo), só que rende mais e talvez você possa usar também como lencinho para acudir gripes ou limpar algumas coisas delicadas.

E na hora de comprar o suco, você preferiria um concentrado por $15,00/litro ou pronto por $5,00/litro? Depende da diluição, de quanto rende o concentrado. Sabendo que a maioria dos sucos tem corante, espessante e aromatizante (incluindo os concentrados) você estaria disposto a pagar mais por um produto natural? E por um sabor exótico de fruta do Nordeste ou da Europa? Você acha que vale à pena um suco light ou diet mesmo sem que você seja diabético ou obeso?

A quantidade de opções nos confunde, chegue ao supermercado com algumas ideias já formadas e procure saber o preço por unidade. Minha maior surpresa foi constatar que nem sempre as embalagens de maior quantidade são realmente mais econômicas, acontece de serem do mesmo preço ou até mais caras… Compare!

Qual é o preço do kg de cada alimento que você costuma consumir? E se algum deles for bem leve ou muito pesado, se algum deles você consumir em grande quantidade ou pouquíssimo, também é preciso considerar. Com estes dados, fica mais fácil cruzá-los com as informações nutricionais e decidir onde você está fazendo bons e maus negócios. Vamos a alguns itens de lanche que fiz uma média de supermercados diversos.

ALIMENTO R$/KG PESO QUANTIDADE
frios 50,00 pesado pequena
queijo 40,00 pesado pequena
pão de forma 10,00 leve grande
leite (litro) 3,00 pesado grande
café 20,00 médio pequena
margarina 10,00 pesado pequena
abacate 6,00 pesado pequena
banana 6,00 pesado média
laranja 4,00 pesado média
maçã 6,00 médio média
mamão 8,00 médio pequena
castanhas 90,00 médio pequena

E então?  O que você acha que vale quanto custa? Observe que nem sempre os alimentos saudáveis são os mais caros, pelo contrário.

Andréa Voûte

AUTONOMIA NA ALIMENTAÇÃO

Fazemos de três a seis refeições por dia, muitas vezes variando o local e o tipo de alimentação. É cada vez maior o número de pessoas que delega a alimentação para os profissionais do ramo, como empregadas domésticas, máquinas, restaurantes, supermercados e a indústria alimentícia. As cozinhas são cada vez menores e menos equipadas, os alimentos tornaram-se exageradamente processados e artificiais, o conhecimento básico sobre culinária, jardinagem e a origem das carnes diminuiu bastante. A maioria de nós não lê os rótulos e quando tentamos é preciso usar lupa, tradutor e conhecimento científico para decifrá-los.

Comer não é só nutrir o corpo e ingerir calorias. Almoço com os colegas é networking, com a família é reforçar os laços, com os amigos é um ato social e com o parceiro/a é intimidade, sozinho é reflexão. Alguns tem compulsão alimentar, outros são viciados em açúcar ou gordura e há pessoas que procuram nos alimentos as memórias boas da infância. Evite comer enquanto trabalha ou estuda, faça uma pausa e relaxe. Escolha seus alimentos, experimente variações, não faça as refeições no piloto automático, não confie cegamente na indústria alimentícia ou no restaurante. Considere o preço e o sabor sim, mas o critério principal deveria ser a saúde ao decidir o que vai consumir e absorver. Informação e consciência sobre nutrição contribuem para a sua autonomia alimentar.

Cozinhar não é tão complicado que não possa ser aprendido. É uma tarefa básica e necessária, mesmo que depois você queira ou possa delegar a culinária, não deve ser ignorante quanto ao preparo dos alimentos. Assim dificilmente passará fome ou será obrigado a comer algo ruim ou sujo, você controla a quantidade, qualidade e higiene. No início siga receitas e aos poucos liberte-se delas. Você vai errar no tempero até perceber a importância dos detalhes, vai errar na consistência até lembrar-se da química, vai queimar a comida até dizer não às distrações, vai cortar os dedos até criar métodos, vai desperdiçar até aprender a planejar, vai queimar-se até respeitar o fogo, vai adquirir paciência para descascar legumes e mexer a panela. Por fim você tem agilidade e criatividade, consegue inventar receitas e combinar ingredientes de forma mágica, agrada a diferentes paladares e restrições alimentares, talvez enfeite a comida e quem sabe recrute algum ajudante enquanto conversam. Comprar bem os ingredientes e não só produtos alimentícios é uma arte a ser aprendida também.

Plantar é aproximar-se da natureza e colher é como imprimir seu próprio dinheiro. Você mudará completamente a forma de ver as frutas, os legumes e verduras se acompanhar todo o ciclo de vida deles cuidando de cada etapa. A jardinagem é tão especial quanto cozinhar, comprovadamente terapêutico, proporcionando um exercício e a participação ativa na produção do que consome. Comece com vasinhos de ervas e plantas fáceis de cultivar e que durem anos, depois quem sabe aumente para uma linda horta, um pomar perfumado, algumas galinhas e peixes. Isso reduz sua dependência dos mercados e te dá uma noção do preço justo de cada coisa. Colher só o que vai usar naquele dia também reduz o desperdício. Aproveite para desenvolver uma produção orgânica e com isso ganhe saúde e sabor do alimento fresco e natural. Quanto aos bichinhos, divirta-se brigando com os que ameaçam a sua colheita e faça amizade com as minhocas e os polinizadores. Reutilize restos de vegetais compostando até virar adubo, reduzindo drasticamente a quantidade do seu lixo orgânico.

Andréa Voûte