Como perder milhões facilmente

imagem free de JP Valery para Unsplash

Uma coisa que a maioria das pessoas deseja é enriquecer. São poucos os que chegam a possuir uma grande fortuna e destes alguns acabam perdendo tudo. É uma situação que ninguém deseja viver, mas entre as pessoas ricas é comum acontecerem falências ou quase isso pelo menos uma vez, já que eles convivem com o risco de perto e os movimentos são intensos, os números são grandes não só na hora de ganhar mas também de perder. Gerir uma fortuna exige determinadas habilidades, é preciso estar preparado.

Onde é mais comum perder tudo? Entre os ganhadores de loteria, prêmios como do Big Brother e herança. Cerca de um terço dos ganhadores de loteria vão à falência apenas alguns anos depois de receberem os primeiros milhões segundo uma pesquisa realizada nos EUA. Se uma pessoa receber somente o dinheiro sem o conhecimento de como lidar com ele, provavelmente não vai conseguir manter a nova condição financeira. Como perdem o dinheiro? Com luxo em geral, festas, drogas, jogo, cirurgias plásticas, viagens, bens como carros e casas (que muitas vezes são perdidos), presentes, doações e roubos. As pessoas que voltaram à situação financeira original perderam também a saúde física e mental devido aos excessos a que se expuseram (alguns tentaram até suicídio).

Cuidado com a ganância e a busca do dinheiro fácil. Quando se diz que não há atalhos para a riqueza e o caminho é árduo, claro que sabemos que os atalhos existem sim, só que eles são a exceção e não se deve contar com eles. Atalhos podem te dar uma falsa impressão de que a vida é fácil e o dinheiro não tem valor. Atalhos aceleram o tempo mas não resolvem tudo e são raros os que continuam funcionando no longo prazo. Alguns atalhos tem um pedágio caro e inesperado porque não estão no mapa. Atalhos podem ter um bandido te esperando para dar o golpe. É comum ver atalhos com buracos que te fazem cair, lama que te faz patinar ou outras coisas que acabam te atrasando.

E os casos mais famosos de milionários ou bilionários que perderam tudo ou quase tudo? O que aconteceu? Alguns simplesmente não faziam contas ou investiam mal. Outras situações comuns: Gastar demais com luxo e ostentação como Jorginho Guinle, Mike Tyson, George Bet, Nicolas Cage e Dedé Santana. Perder-se nas drogas como Rafael Ilha e Marvin Gaye. Fazer escolhas erradas nos negócios, como Patrícia Kluge, Sean Quinn, Björgólfur Gudmundsson e Shefik Tallmadge. Ser enganado por outras pessoas, como a Cida do BBB4, Anthony Walker do basquete, o cantor Ruy Rossello e as cantoras Pepê e Nenem. Envolver-se em esquemas de corrupção e fraudes como Eike Batista, Vijay Mallaya, Bernard Madoff, Jordan Bellford, Allen Stanford. Michael Jackson foi um desses casos extremos em que seus negócios começaram a ter saldo positivo só depois dele morto, quando ainda faturava alto com direitos autorais e já não estava mais presente para gastar com suas extravagâncias.

Conhecer casos reais assim nos lembra que não basta possuir uma fortuna, o mais importante é como se usa o dinheiro. Já cuidou da sua educação financeira hoje?

O HERÓI IMPROVÁVEL

Cada segundo dedicado a ler os livros de Cressida Cowell e assistir os filmes e seriados da Dreamworks compensa, eles conseguem lançar novidades sem perder a qualidade. Explorando novas ilhas e novos dragões, essas são suas aventuras favoritas e nossas também! As animações são lindas e dinâmicas, com paisagens deslumbrantes e rica trilha sonora. Alguns detalhes marcantes destaquei a seguir.

Tudo começa em Berk, uma aldeia viking em uma ilha nórdica no meio do nada. A ilha tinha poucos recursos por limitações geográficas como neve e granizo e limitações da época em que a história se passa. O povo pescava e caçava, mas sofria constantes ataques de dragões que roubavam ovelhas e peixes, provocando incêndios e mutilando ou até matando pessoas. Soluço é o personagem principal, ele recebeu esse nome viking para espantar gnomos e trolls.

GUERRA x PAZ

Os vikings viviam em guerra com os dragões e gostavam disto, quando não tinham com quem brigar brigavam entre si. Eles construíam e usavam vários tipos de arma como lanças, catapultas, machados, espadas, escudo, boleadeira. Os vikings acreditavam que os dragões eram inimigos mortais que deveriam ser combatidos e eliminados em lutas brutas.

A mãe de Soluço achava que a paz era possível e a guerra só piorava tudo, mas isso não era uma opinião muito popular. “Um dia um dragão entrou em nossa casa e o que eu vi foi uma prova de tudo o que eu acreditava. Não era uma besta, mas uma criatura gentil e inteligente, cuja alma refletia a minha.”

Soluço nunca teve ódio dos dragões e se recusava a lutar com eles. “Eles mataram centenas de nós e nós matamos milhares deles, estão só se defendendo.” Ao longo da história, os dragões passaram de pestes a pets e passaram a lutar por eles, contra os caçadores de dragões. “Com os vikings montados nos dragões, o mundo ficou muito maior.”

IDENTIDADE

Soluço era desajeitado e desastrado, não tinha muita coordenação motora e se metia em muitos problemas sem querer.  Sofreu bullying a vida toda e queria pertencer, ser aceito pelo grupo e pelo pai. Ele demorou a se conhecer e a descobrir quem realmente era. “Sinto muito, pai. Eu não sou o líder que você queria que eu fosse nem sou o pacificador que eu pensei que fosse.” Soluço agiu como a mãe sem ter convivido com ela. Quando finalmente a reencontrou, compreendeu muita coisa sobre a sua natureza. A empatia pelos dragões, o gosto pela liberdade de voar, a defesa da paz. “Agora sabemos de onde vem minhas extravagâncias.”

DRAGÕES

São muitos tipos de dragões que a imaginação humana criou para povoar essas histórias e os todos eram realmente poderosos, perigosos e ameaçadores. Mas ao mesmo tempo podiam ser fieis e carinhosos. Segundo Soluço, “Depois que você ganha a lealdade dele, não há nada que um dragão não faça por você.”

Soluço tentou pegar um dragão para provar seu valor ao pai e capturou o raríssimo Fúria da Noite. Ao encontra-lo, não conseguiu matá-lo e o soltou “ele estava tão assustado quanto eu, eu me vi nele”. Fabricou uma prótese para a parte perdida da cauda e domou o dragão para voar com ele. Soluço e Banguela eram amigos e cúmplices, depois toda a turma desenvolveu o mesmo, cada um com seu dragão.

Soluço amava tanto o seu dragão que em muitos momentos abriu mão de suas vontades e necessidades para o bem do Banguela. Por ele, Soluço enfrentou seu próprio pai e muitos caçadores, comeu peixe babado, além de outros sacrifícios que fizeram todos chorar como crianças no último filme (não queremos spoiler do 3 né?). Sempre tentava proteger e defender o Banguela.

ACEITAÇÃO E RESPEITO

Soluço era introvertido e cultivava o diálogo e o respeito. A equipe era bastante diversa e todos tinham espaço e se entendiam sem preconceito. Os gêmeos de inteligência limitada, o gordinho medroso, a menina insensível e o egoísta impulsivo. Apesar de discutirem e brigarem, valorizavam muito a amizade. Todos aprendiam mais a cada aventura e assim aumentava a sinergia entre eles. O apoio da mãe e da namorada Astrid foi fundamental.

Soluço perdeu parte de uma perna defendendo o povo de Berk em sua primeira grande luta, quando finalmente ganhou o respeito do pai. Nessa luta todos aceitaram o Soluço como um novo tipo de líder e os dragões como aliados. Depois se adaptou bem à prótese que Bocão fez para ele e voltou a voar no “seu” dragão. Com o tempo a autoestima de Soluço foi aumentando e ele assumiu a liderança mais seguro de si.

COMPREENSÃO E CONHECIMENTO

Soluço estudou os dragões com paciência em teoria e prática. Observou o comportamento do seu dragão e aprendeu a lidar com os outros baseado nisto. Descobriu os medos, os carinhos que gostavam, os segredos destes misteriosos animais.

Quanto mais ele conhecia mais ele se apaixonava pelos dragões. “Tudo o que sabemos sobre vocês está errado.” Ele usava a mente e os outros usavam a força bruta. Ele era estratégico e planejava o treinamento baseado em evidências. Aos poucos foi mostrando aos amigos como era incrível voar e provou ao pai que os dragões não eram maus.

Soluço era criativo, tinha aptidão para usar as ferramentas, era engenhoso e construiu equipamentos e armas que os ajudavam no dia-a-dia e nas guerras. Ele mapeou ilhas antes desconhecidas e fez novas alianças com povos distantes.

LIDERANÇA

Herdar de Stoico – o imenso – o posto de líder da aldeia era o destino do Soluço, com o qual não se identificava. “Ser o líder não tem nada a ver comigo, fazer discursos e planejamento da aldeia.” O estilo de liderança do filho era completamente democrático e cooperativo. Havia competições e conflitos, mas todos acabavam se entendendo.

Soluço discute com o caçador Drago Sangue Bravo questionando o motivo de todas aquelas mortes e destruição, se era só para governar o mundo. Drago se vangloria por dominar o dragão Alpha e com isso os outros dragões, ele diz que o verdadeiro poder é o poder sobre a vontade dos outros. Soluço contesta afirmando que o verdadeiro líder protege a todos.

QUESTIONAR x OBEDECER

O pai não respeitava a vontade dele e nunca deixava ele falar. Inúmeras tentativas de conversa por parte do Soluço foram interrompidas e ninguém o ouvia. Soluço foi pressionado para matar dragões a vida toda, sem concordar com isso. Na primeira animação – Como Treinar o seu Dragão (2010) – Soluço tinha 13 anos quando domou Banguela. Em 300 anos foi o primeiro viking que se recusou a matar um dragão e foi o primeiro a montar em um.

Todos seguiam o destino sem questionar, ele não. Soluço era teimoso, rebelde e fugia toda hora. Tentava negociar com diplomacia e diálogo gentil, mas não era muito bom com as palavras. Com ações conseguiu provar o seu ponto de vista sobre a paz e sobre os dragões.

FORÇAS E FRAQUEZAS

Soluço era magrelo, fraco e distraído, um herói improvável e nada que lembre um líder. Mas tinha a resiliência e a teimosia dos vikings. Ele adorava aventuras e não tinha medo da guerra, só não queria matar dragões. Confundiam esta recusa com uma covardia, mas não era medo, era compaixão.

Há uma boa dose de tentativa e erro e improvisações nas batalhas. Novos inimigos, novos caçadores, novas ilhas e principalmente novos dragões. O povo de Berk tem que sobreviver e defender os animais enfrentando perigos reais sem tempo de planejar. As adversidades naturais somam-se aos imprevistos vindos dos próprios habitantes de Berk e povos que eles conhecem, especialmente no seriado.

Tudo isso é tratado com uma serenidade surpreendente por Soluço e sua turma. (Lembra um pouco Tim dos Caçadores de Trolls.) Eles agem naturalmente, lidam com a vida em um clima de bom humor contagiante. Usam bem os poucos recursos que possuem, inclusive material dos próprios dragões. Migram quando necessário, adaptam-se às novas condições, assumem responsabilidades, respeitam a natureza (bem, exceto por alguns detalhes como catapultas de ovelhas). As histórias estimulam nosso espírito de aventura.

A oscilação dos preços: expectativa x realidade

Temos informação abundante disponível, não precisamos mais nos iludir com falsas esperanças nem nos revoltar com aparentes injustiças. Eu me fiz as seguintes perguntas e respondi “não” a todas elas, espero que você tenha alguma experiência diferente:

Boutique que foi fazer compras no atacado e ganhou um bom desconto repassa este desconto integralmente e imediatamente aos seus clientes liquidando as novas peças?

Lanchonetes e restaurantes que pagaram menos pelos seus ingredientes neste mês mudam todo o cardápio abaixando os preços assim que começarem a usar o novo estoque?

Comércio que acabou de renegociar os prazos de pagamento para o fabricante estende os seus prazos de vendas na mesma proporção?

Um dos mais polêmicos talvez seja o combustível. O petróleo é uma commodity, portanto seu preço oscila o tempo todo conforme o mercado internacional. A Petrobras explora o petróleo e nas refinarias faz gasolina e o diesel para vender às distribuidoras. As distribuidoras (Ipiranga, BR, etc) misturam etanol na gasolina e biodiesel no diesel para vender aos postos, que os revendem ao consumidor final. Quando o preço do petróleo cai, nem as distribuidoras nem os postos são obrigados a repassar o desconto, porém os consumidores esperam isso. Pode ser que naquele momento tenha havido um aumento de impostos ou do álcool, um dissídio, um novo risco, enfim, algo que anule parte da baixa do petróleo.

Da mesma forma, nem tudo que deveria acompanhar a taxa de juros e a inflação realmente o fazem, fique atento. Lembre-se da autonomia financeira, você ainda é a melhor pessoa para cuidar do seu próprio dinheiro. Os índices de preço medem a inflação, o aumento de preços dentro de um período específico, verificando a média do preço de determinados produtos e serviços. Então se o seu investimento não cobre nem esse índice, você deixou de ganhar rendimento real e pode ter perdido poder de compra. A Selic é a taxa básica de juros do mercado financeiro, usada como referência para várias outras taxas – juros do crédito por exemplo. Assim, os custos dos empréstimos, cheque especial e financiamentos deveriam cair quando ela cai.

Investimentos

Observe a Caderneta de Poupança, a taxa de juros Selic e o índice de inflação IPCA, que mede preços do Brasil todo para até 40 salários mínimos de renda. A inflação varia bastante, enquanto a Caderneta de Poupança é estável e a Selic tem variado um pouco mais ultimamente. Desde 2010, a Caderneta de Poupança esteve mais vezes abaixo da inflação e por mais tempo do que a Selic. Sabendo que a maioria dos investimentos de Renda Fixa realmente acompanha a Selic de perto, note que a sua linha (escura) está o tempo todo acima da Caderneta de Poupança.

 

Crédito

A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou reduções neste ano, fechou julho/2017 com 7,58% ao mês. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica também foi reduzida para 4,45% ao mês em julho/2017. Mas continuamos campeões do mundo em juros. Todo o crédito adotou prazos maiores – empréstimos, financiamentos e crediários tem mais parcelas agora. Maior queda nas lojas e veículos e menor queda no cheque especial e cartão de crédito. Os crediários mais caros são de artigos do lar e decoração e os mais baratos são de veículos. Muitas pessoas estão indignadas com tantos aumentos de preços e agressividade nas cobranças em plena crise. Agora analise calmamente o gráfico abaixo e veja se os juros do crédito abaixam na mesma medida quando Selic e inflação caem.  Aqui está a prova de que ao usar o seu cheque especial você paga no mínimo 10 vezes mais do que ao receber juros do seu investimento.

Andréa Voûte

Fontes: Portal Brasil | ANEFAC | Banco Central do Brasil | Fundação Procon SP

XX COISAS QUE APRENDI COM RATATOUILLE

(imagem free do Tom’s Guide)

Animação de sucesso da Pixar – Disney em 2007. Sim, é uma fantasia romântica e ingênua, mas…

  1. O lema do chef Gusteau: “Qualquer um pode cozinhar”. Importantíssimo em tempos de gourmetização de tudo e desvalorização das tarefas domésticas. Cozinhar é fundamental para a sua saúde, suas finanças, sua criatividade, autonomia e pode ser um forte elo entre as pessoas.
  2. A resposta do Remy ao ver Linguini tentando aventurar-se na culinária: “Qualquer um pode cozinhar, isso não quer dizer que qualquer um deva faze-lo.” Remy comandava Linguini, Colette o treinou e mesmo tendo experiência ele não tornou-se um cozinheiro de verdade. Já no papel de garçom, Linguini se mostrou eficiente. Se aquela atividade não for o seu negócio, aprenda só o básico para se virar e trabalhe com outra coisa.
  3. O complemento de Gusteau para seu lema: “Não deixe ninguém fixar seus limites baseado em quem você é, seu único limite é a sua alma. Qualquer um pode cozinhar, mas só os destemidos serão notáveis.” Ele destaca a importância da imaginação para criar e da determinação para experimentar combinações e métodos que podem não funcionar. Isso se aplica a várias atividades além da culinária nas quais você queira ganhar dinheiro.
  4. Remy era um ratinho com olfato e paladar extremamente apurados, o que o tornou o membro da colônia que testava todos os alimentos para ver se não estavam contaminados ou envenenados. Apesar de entender a importância do seu trabalho para o coletivo e de faze-lo com responsabilidade, ele detestava tudo aquilo e não ficou ali por muito tempo.
  5. Remy admirava os humanos, queria lavar as mãos (patas dianteiras), cozinhar e ler os livros de receitas. Isso não era muito aceito na colônia e especialmente pelo pai dele, que foi se conformando aos poucos. Quando você é muito diferente, ainda que diferenças positivas, talvez não seja o mais popular no seu grupo. O crítico Anton Ego confirma: “O mundo não costuma ser gentil com novos talentos e novas criações. O novo precisa de amigos.”
  6. As palavras de conforto de Gusteau para Remy: “Se ficar pensando no que perdeu, nunca conseguirá ver o que está por vir.” Para salvar o amado livro de receitas do chef Gusteau, Remy quase morreu e perdeu-se da família. Ao mesmo tempo ele conheceu uma vida nova e começou a conversar com o chef na sua imaginação e a seguir mais os seus ensinamentos. Nem sempre é possível ter um mentor pessoalmente, às vezes ler o que ele escreve e ouvir o que ele fala já fazem uma grande diferença.
  7. Cada sabor é único e a mistura deles também, assim como os aromas – e as duas coisas estão intimamente ligadas. Eis a parte mais curiosa e interessante da culinária.
  8. A vida toda Remy lidou com um conflito de cultura sobre o assunto do roubo. Ele estava cansado de roubar como os outros ratos, queria fazer; não queria somente pegar e sim acrescentar algo ao mundo. E Gusteau reforçava constantemente esta ideia: “A comida sempre vem para aqueles que adoram cozinhar. Um cozinheiro faz, um ladrão toma.” Em um momento do filme ele usou o roubo como vingança e quebrou a confiança de Linguini, perdendo o respeito dele por algum tempo.
  9. Pelo aspecto da Biologia, os ratos tem sua função na natureza como decompositores. Então o pai de Remy explicava que o que eles pegam ninguém queria. E Remy questionava: “Se ninguém quer, porque temos que roubar?” Boa pergunta sobre assuntos que ninguém gosta de pensar, como o nosso resíduo sólido (lixo), o meio ambiente, a cadeia alimentar e os animais considerados pragas.
  10. Linguini enganou a várias pessoas por um longo tempo. Depois que contou a verdade, perdeu o apoio da maioria, porém os que ficaram com ele abraçaram a causa completamente. Ele tentou preparar o espírito dos ouvintes começando sua confissão assim: “Sei que parece loucura, mas a verdade muitas vezes soa como loucura.”
  11. O chef Skinner era um tirano e não queria ajudar Linguini, mas teve que dar um emprego a ele, primeiro na limpeza e depois na cozinha. Ele boicotou e dificultou tudo desde o primeiro dia até fechar o restaurante, mas não adiantou porque Linguini abriu outro até melhor com seus amigos. Infelizmente há pessoas que gastam mais tempo atrapalhando do que ajudando, o que acaba prejudicando muito a elas próprias.
  12. O crítico Anton Ego era muito esnobe mas rendeu-se ao talento de Remy e escreveu uma linda carta no final do filme, que não posso transcrever toda aqui, mas vale a pena ver e rever. Ele reconhece que é bem mais fácil julgar do que fazer: “Uma porcaria medíocre é provavelmente mais significativa do que nossa crítica que assim a designa.” Todos nós que medimos, analisamos, orientamos e criticamos devemos profundo respeito a quem faz.
  13. O pai de Remy temia e odiava os humanos, chamando-os de inimigos e recomendando cuidado: “É assim que as coisas são. Não se pode mudar a natureza.” Remy recusava-se a incorporar este medo: “A natureza é mudança, pai, a parte que influenciamos. E começa quando decidimos.”
  14. A família de Remy demorou a aceitar suas estranhas escolhas e sua independência: “É difícil enfrentar o mundo sozinho.” Mas ele tentava mostrar que não tinha volta: “Não sou mais criança, sei me cuidar. … O pássaro um dia deixa o ninho.” O pai se assusta: “Não somos pássaros, somos ratos. Não deixamos o ninho e sim o aumentamos.” Mas em momentos críticos a família salvou Remy, livrando-o da armadilha e até ajudando a cozinhar quando todos abandonaram o restaurante.
  15. O sucesso repentino subiu à cabeça de Linguini. Depois de ficar rico e famoso devido ao talento de Remy e à herança do pai não reconheceu nada disso, enganando a todos e a si mesmo. Depois ele assumiu que não sabia cozinhar e começou a dar valor aos amigos e à namorada. O poder corrompe, se você deixar.
  16. Fazer algo em casa para a família é bem diferente de fazer profissionalmente. Colette explica a diferença: “Acha que cozinhar é bonitinho como a mamãe na cozinha? … Mamãe não enfrenta um restaurante lotado, com vários pedidos de pratos diferentes que tem que chegar perfeitos à mesa na mesma hora. Cada segundo conta, não desperdice tempo e energia e não deixe a bagunça acumular.”
  17. Colette era durona e lutava contra o machismo: “A cozinha tem hierarquia antiquada apoiada em regras feitas por homens velhos e estúpidos, para impossibilitar que as mulheres entrem nesse mundo.” Se nas residências brasileiras quando alguém cozinha ainda é mais comum que seja a mulher, nos restaurantes a maioria dos chefs é do sexo masculino.
  18. Remy tinha conflitos existenciais: “Finjo ser um rato para o meu pai, um humano para o Linguini e finjo que você (Gusteau) existe para ter com quem conversar.” Remy era antes de tudo um cozinheiro e por este sonho desafiou a morte, arriscou afastar-se da família para ficar entre os humanos, conversou com um fantasma e sofreu com dilemas até aprender a conciliar as coisas sem ter que escolher entre as duas metades de si mesmo.
  19. O filme incentiva a aceitar as diferenças, contesta preconceitos contra os iniciantes, os fracassados e os ratos. Linguini só entrou no restaurante por um favor à sua mãe, só começou a cozinhar porque derrubou a sopa, dependia totalmente do talento de Remy e só ficou como chef depois de saber que era filho do dono. Remy não conseguia a aprovação de ninguém e sofria preconceito dos humanos e dos ratos.
  20. Não importa o quanto as coisas estejam ruins agora, elas podem terminar muito bem! Nas vezes em que Remy teve os mais graves problemas – perder-se no esgoto, cair na armadilha do antigo chef, ser caçado em todos os lugares em que aparecia, perder o restaurante – ele venceu, deu a volta por cima em grande estilo, perseguindo seu sonho e melhorando em relação à situação anterior. Anton Ego afirmou: “Nem todos podem se tornar um grande artista, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar.”

Criatividade nos momentos de crise

(imagem free do Pixabay)

CRIATIVIDADE NOS MOMENTOS DE CRISE

Andréa Voûte

Uma das coisas que estimulam a criatividade é a própria necessidade, como a fome somada a recursos escassos disponíveis na cozinha (e na carteira, pois se houvesse dinheiro, provavelmente pediria uma pizza). Quantas receitas deliciosas foram criadas em um dia de geladeira e despensa vazias… Aqueles poucos itens que sobraram e nunca antes tinham sido combinados, acabaram fazendo parte de um novo prato.

O cozinheiro está aberto a ideias de ingredientes, temperos e modos de preparo inéditos sem diminuir a higiene ou a qualidade, mantendo a receita saudável e saborosa. Para isto, está disposto a vivenciar transformações através do fogo, do gelo e das próprias combinações entre os alimentos.

É extremamente estimulante ouvir depoimentos de pessoas que se saíram de situações difíceis com criatividade. E como existem relatos assim para ouvir e como existe gente assim para nos ensinar algo! Sei que não é o assunto mais comum de uma conversa, mas bem que poderia ser. Já pensou se antes de reclamar ou fofocar cada pessoa tentasse motivar a outra, sem a pretensão de passar uma “fórmula do sucesso”, apenas mostrando superações possíveis?

Desemprego, perda do poder aquisitivo, separação, doenças, descontrole emocional, aumento do número de dependentes, dívidas, são alguns exemplos do que pode nos levar a um limite de nossa capacidade. Nestes momentos podem vir à tona talentos desconhecidos e ideias super produtivas. O que funcionava antes pode não funcionar mais, a moderação às vezes dará lugar a medidas mais drásticas e você descobrirá a força que tem. Pense que é temporário e adapte-se.

Sempre que estiver no meio da crise financeira, lembre-se do cozinheiro que aproveitou o recurso que tinha, planejou e ousou, respeitando seus princípios e objetivos, mas disposto a aprender. Dinheiro circula mesmo, o que foi perdido hoje provavelmente poderá ser recuperado amanhã, descubra como! Novas fontes de renda, novas formas de usar melhor o dinheiro, economizar, investir ou uma combinação de tudo.

AUTONOMIA NA LIMPEZA

Complemento dos artigos ”AUTONOMIA” e “AUTONOMIA NA ALIMENTAÇÃO”.

Ao limpar você se lembra do que tem, se dá conta do que vem acumulando inutilmente e assim pode doar, reciclar ou vender, redescobre coisas úteis e volta a usar. É uma oportunidade de observar o estado de conservação das coisas, ver o que quebrou, o que suja mais, o que demora e dá trabalho para limpar, o que dura e tem resistência, o que valeu a compra e o que não comprar de novo. Ao fazer você mesmo a limpeza, pode economizar nos produtos, usar misturinhas mais naturais com óleos essenciais, vinagre aromatizado ou bicarbonato de sódio por exemplo ganhando em saúde e ecologia. Depois você fica com o bem-estar da casa limpa, sabendo exatamente o que faltou fazer.

Para limpar você inevitavelmente arruma tudo. Organizar suas próprias coisas te permite escolher uma lógica que faça sentido para você e encontra-las mais facilmente quando precisar, além de preservar a sua privacidade e segurança. Depois de fazer de tudo um pouco você saberá o melhor método e produto para cada tarefa. Aproveite para livrar-se do que não se pode limpar e do excesso de enfeites, para tornar a sua vida mais prática. Eu por exemplo não uso vime, carpete, persiana e outras coisas difíceis. Sim aos materiais impermeáveis, não às cores que disfarçam a sujeira… mais vale a limpeza frequente com água do que a química pesada que agride a saúde e a casa; perfume forte não é sinônimo de limpeza, ele só disfarça e nos intoxica ainda mais.

A distribuição das tarefas entre os dias e as pessoas desenvolve as habilidades de planejamento, negociação, colaboração e espírito de equipe (a não ser para os que moram sozinhos), a noção de responsabilidade para os filhos e o gerenciamento do tempo. Há pessoas que preferem concentrar as tarefas todas em um único dia ou no fim da semana (às vezes por falta de opção) enquanto outras dividem um ou dois assuntos por dia. Há famílias que fazem tabelas e outras só combinam oralmente, algumas dividem conforme o talento, outras conforme o tempo livre de cada pessoa ou ainda conforme o uso que cada um faz dos recursos. O que não dá mais para aceitar é sobrecarregar as mulheres da casa simplesmente por serem mulheres ou as empregadas domésticas pelo fato de serem pagas para isso. E quando estas estiverem ausentes ou impedidas de trabalhar?

Quantas vezes por semana, mês ou ano você acha que determinada tarefa deve ser executada? O que você não suporta ver sujo, bagunçado ou inacabado? O que você não liga e pode deixar para o fim da lista ou pode terceirizar para qualquer pessoa? Há alguém que fique em casa a maior parte do tempo? Há prestadores de serviços que cuidem da comida, da roupa, do jardim e piscina, da limpeza ou das crianças, animais e idosos? O que está atrapalhando o fluxo das tarefas domésticas e pode ser melhorado? A pessoa que faz as compras é consumista? Você pode fazer esta tarefa braçal “anestesiado” por uma boa música, reflexões, conversas ou um palestrante falando? Faça estas perguntas antes de começar e teste diferentes jeitos de cuidar das tarefas domésticas, um deles será mais adequado ao seu momento.

Andréa Voûte

SEU PESO E AS FINANÇAS

SEU PESO E AS FINANÇAS

Andréa Voûte

Problemas com peso trazem problemas financeiros.

Muitas pessoas em eterno regime reclamam de suas dificuldades financeiras decorrentes do excesso de peso ou do efeito sanfona. Parece que existe uma ditadura da magreza que facilita tudo para as pessoas magras e dificulta a vida das pessoas acima do peso. Minha intenção é incentivar a saúde e um peso equilibrado, bem como alertar para preconceitos e injustiças.

Quando a quantidade de alimentos consumida é maior, obviamente o gasto também é. Ao entrar em dieta alimentar daquele tipo que dá preferência aos produtos light ou diet, paga-se mais caro por eles. Quando existe compulsão, podem acontecer imprevistos do tipo acabar repentinamente um estoque que deveria durar dias e ter que comprar mais. Médico que acompanha a dieta, remédio, nutricionista, spa, todo o tratamento tem um alto custo. As pessoas magras costumam gastar menos com alimentação, mas claro que há exceções, alguns magros praticam todos os gastos citados acima. Lembro que existem alternativas alimentares naturais e simples, como sempre mostro.

Outro assunto é o vestuário. No Brasil, várias confecções e lojas param no 44 e não querem ter uma gordinha vestindo suas roupas. As roupas em tamanhos maiores do que o 44 são difíceis de encontrar, muitas vezes só mesmo em lojas especializadas. Difícil mesmo é desembolsar por elas um valor bem maior sem que elas sejam assim tão especiais. As pessoas magras tem menos preocupações com modelo que valoriza isto ou esconde aquilo. Elas tem mais opções de lojas e marcas, desde as realmente baratas até as realmente chiques, enquanto as numerações maiores dificilmente fogem das lojas meio termo com modelos simples e conservadores. São coisas que não me parecem muito justas ou corretas por parte das empresas.

É comum que os adeptos de dietas alimentares tenham um estoque de roupas em diferentes tamanhos, para acompanhar as variações da balança. Isso provoca certa confusão: guardar a roupa maior parece desperdício e pessimismo, guardar a roupa menor parece ilusão, porém não guardar parece risco de ter que encarar novamente a maratona de lojas especializadas e gastos exorbitantes. A instabilidade do peso gera além dos problemas de saúde, a necessidade de manter peças duplicadas.

Ao usar qualquer tipo de transporte público, os assentos, banheiros e corredores parecem desenhados para os esbeltos. A classe econômica dos aviões pode ser extremamente desconfortável para alguém acima do peso e a diferença de preço para a classe executiva já é enorme, primeira classe então nem se fala. Manter alguém apertado e preso em uma única posição faz a circulação ficar prejudicada, trazendo mais riscos à saúde. As cadeiras e bancos de plástico estão por todo lado, até mesmo em bares, restaurantes e festas. São baratinhos, leves e fáceis de limpar, mas não suportam muito peso. Economiza-se em espaço e material, mas perde-se em satisfação de uma grande quantidade de consumidores.

A obesidade é um problema mundial e sempre foi comum nas classes sociais mais altas e agora tem crescido assustadoramente entre as pessoas de baixa renda. Hábitos alimentares pouco saudáveis, stress e sedentarismo reduzem a qualidade de vida e aumentam os custos das famílias e do governo. Tudo isto aliado à falta de informação pode ser desastroso. A oferta de trabalho e até mesmo o salário são menores para alguns cargos quando a pessoa está acima do peso, bem como tudo o que se refere à aparência. Cabe ao empregador evitar o preconceito e ao empregado cuidar-se mais pelo seu próprio bem.

O lado financeiro da briga com a balança pode ser um incentivo não somente por todos os problemas mencionados acima. Há casos muito interessantes de pessoas que perderam peso para ganhar uma aposta com amigos em que cada um colocava um determinado valor e aquele que finalizasse o período com a maior diferença levava todo o montante. Também se pode entrar em uma nova forma física, motivado por algum concurso, campeonato ou qualquer coisa que ofereça um farto prêmio em dinheiro! Claro que tudo devidamente acompanhado por um programa de exercícios e cuidados médicos…

O PLANO B

O PLANO B

Andréa Voûte

Você pode não gostar de planejar de jeito nenhum, pode recusar-se a fazer até o plano inicial, quanto mais um segundo plano alternativo. Você pode achar que o futuro é impossível de se prever e que as tentativas de imaginar o que acontecerá são pura perda de tempo. O imprevisto é inevitável e os planos falham, como bem o sabem os gerentes de projeto, médicos cirurgiões e organizadores de eventos. Para que desgastar-se inutilmente se na verdade não temos o controle dos acontecimentos? De certa forma você tem razão, o improviso e a aventura tem seu charme. O que não tira o valor do planejamento, ferramenta extremamente útil em muitas situações e obrigatória em outras.

Imagine-se naquele desenho Tá Chovendo Hambúrguer – de repente começa a chover alimentos vindos de uma máquina desajustada do cientista que queria resolver uma escassez alimentar. Situação totalmente inesperada que primeiro encantou a todos pela abundância, mas depois saiu do controle e trouxe caos, sujeira e obesidade, quase destruindo a pequena ilha. Estando ali você não sabe o que vai chover, mas se chover sopa você vai preferir estar com uma caneca em mãos. O que não quer dizer levar colher, garfo e faca desnecessariamente para onde for, sempre preparado para todo tipo de “chuva”. O medo ou a ambição podem leva-lo a exagerar no cuidado. Como passar por uma situação bizarra da melhor forma possível?

Com o plano B não estaríamos enviando para o Universo e para o nosso cérebro a mensagem de que vai dar errado? Como podemos pensar no fracasso de uma coisa que queremos muito que dê certo? Ficar imaginando os possíveis problemas não é coisa de pessimista e os torna mais prováveis de acontecerem? Se afundarmos nos detalhes sórdidos da parte negativa acima de tudo, sim. Mas há o momento certo de fazer o plano de contingência, pensando em tudo o que pode dar errado e saber que mesmo assim pode haver surpresas e termos que viver sem o nosso tão sonhado objetivo. Há o momento de administrar o risco, de pensar em causas e consequências, de tentar resolver alguns problemas antecipadamente, preparar-se para os mais prováveis e os de maior impacto caso aconteçam. Prevenir costuma ser mais barato e mais tranquilo do que remediar.

Fazemos isso justamente quando é importante, se não fosse não precisaria de plano A nem B. As coisas que queremos garantir que deem certo de um jeito ou de outro, aquilo que precisa acontecer mesmo na falta de alguns recursos, mesmo fora das condições ideais ou demorando mais do que gostaríamos. São exatamente estas que merecem o planejamento cuidadoso. É mais ou menos como um seguro, que você contrata mesmo sem querer pagar e menos ainda você quer usar, mas continua para proteger o seu carro ou residência. E então, munidos de plano A, B e às vezes também o C, ficaremos mais tranquilos para seguir em frente e agir, com maior probabilidade de sucesso. Caso o resultado não seja o esperado mesmo assim, ganhamos experiência estratégica e consciência tranquila de que fizemos tudo o que pudemos.