Você pode mudar a sua dívida

Você é livre para transferir o seu salário, empréstimo, financiamento ou previdência para outra instituição financeira (IF). Essa é a portabilidade. O seu banco atual não pode te negar informações nem a transferência, mas pode negociar, oferecer novas condições que te façam mudar de ideia e continuar com ele. E o banco de destino não é obrigado a te aceitar, ele pode analisar os riscos.

Vamos falar da portabilidade de crédito. Definição de Portabilidade de Crédito (fonte: Banco Central)

“Os clientes bancários têm direito de transferir gratuitamente suas dívidas de um banco para outro. Na prática, a portabilidade funciona como se o cliente tivesse contratado um novo empréstimo em outro banco e, com esses recursos, quitado antecipadamente a dívida no banco de origem. A diferença é que, com a portabilidade do crédito, não há pagamento de impostos, desde que o novo empréstimo não supere o valor da dívida original no banco de origem.”

Entrevistei a Vânia Murari, da Central Cred São Roque sobre o assunto. Central Cred São Roque centralcredsr@gmail.com (11) 4712-6347

Como começa o processo?

Uma vez informado sobre a operação de portabilidade, a IF origem é obrigada a fornecer os dados e aceitar a liquidação por meio de transferência de recursos pelo novo banco credor. Na portabilidade, o contrato original tem que ser transferido nas mesmas condições, ou seja, saldo devedor atualizado e número de parcelas remanescentes (a serem pagas). Você informa o nome da instituição financeira atual, o número do contrato, o saldo devedor, o número de parcelas remanescentes e o valor da parcela paga atualmente.

Em que situação é mais vantajoso transferir o crédito e quando não é?

Quase todos são para reduzir a taxa de juros, mas há casos por motivo de relacionamento com a IF atual, seja por não querer mais o relacionamento ou por algum motivo a IF não libera mais o crédito. Com a redução da taxa de juros ocorre redução de parcelas. No Consignado, reduzindo as parcelas libera mais recursos, ou o desconto será menor na folha de pagamento e o salário líquido volta a aumentar.

Quais são os custos mínimo e máximo da operação?

O consignado não tem custo e o financiamento imobiliário tem o custo do contrato junto à nova IF e o custo da averbação na matrícula junto ao cartório de imóveis (custo reduzido em relação ao pago no início do financiamento). O valor do cartório vai depender do saldo devedor.

Que tipo de pessoa pode fazer a portabilidade do crédito?

Habitação: qualquer pessoa física ou jurídica que esteja com contrato ativo em uma IF. Consignado: qualquer pessoa pode fazer, mas temos que observar qual a espécie (em caso de INSS) e se a convenente possui contrato com a IF destino. Não é porque eu quero portar para o banco X que eu posso, precisa entender a relação convenente / IF.

Qual é o melhor momento para fazer a portabilidade do crédito?

Quando no mercado possuir uma taxa menor que a contratada atualmente ou quando o seu relacionamento com a IF estiver desgastado. Cada modalidade e cada IF tem sua regra que deve ser seguida, ou seja, algumas solicitam um número mínimo de parcelas pagas no contrato vigente, idade, espécie de benefício no caso do INSS, entre outros. O ideal é procurar uma empresa especialista e de confiança.

Cite casos reais interessantes para exemplificar melhor.

Habitação: quem realizou operação de financiamento de imóvel na época em que a taxa de juros estava maior que atualmente, como por exemplo de 2 a 4 anos atrás, está pagando uma parcela elevada comparado a um contratado hoje; então é muito vantajoso pedir transferência para um outro banco com taxas menores, ou renegociar a taxa no banco atual. Tem cliente que fez financiamento em 2016 e tinha uma parcela de R$ 2.250,00 e com a  portabilidade esse cliente passou a pagar R$ 1.725,00.

Consignado: nesse caso foi uma portabilidade com refinanciamento, ou seja, cliente pegou um “troco”, muito comum no mercado de consignado. O cliente tinha problema de relacionamento na IF origem, então essa instituição não liberava nenhum crédito. Quando realizado a portabilidade, foi possível disponibilizar R$ 30.000,00 na nova instituição.

Meus comentários adicionais: o crédito precisa ser usado com muito critério, como sempre reforçamos aqui. Se você estiver viciado em dívidas, não há estratégia mirabolante que compense o vício. Se você estiver sempre pagando parcelas, você não está usando o seu dinheiro (e tempo e energia) da melhor forma. Considere todos os seus números atuais e tendências, considere o valor final e não só a parcela isoladamente.

imagem free de Nick Fewings para Unsplash

Autonomia na saúde

Cada vez mais percebo a diferença gritante entre cuidar da saúde e cuidar da doença e o quanto é prejudicial confundir os dois. Podemos observar mais, conhecer o nosso corpo e adquirir consciência e autoconfiança. Uma das pessoas que sabe mostrar isso é a pediatra de Brasília Thelma B. Oliveira, entrevistada aqui.

Sabemos dos inúmeros benefícios dos avanços da medicina, só não podemos ignorar que a higiene e o saneamento básico, a informação e a tecnologia também contribuem para a nossa saúde. Não vale por preguiça abusar dos medicamentos e cirurgias; não podemos sucumbir ao medo ignorando os efeitos colaterais do Raio-X e do antibiótico; não temos o direito de, em nome do consumismo, esgotar todos os recursos e poluir como se não houvesse amanhã; não devemos afundar nos vícios ou nos afastar tanto do que é natural e humano.

O dinheiro do indivíduo e da nação não garante saúde, bons profissionais e longevidade como gostaríamos, mas a pobreza não ajuda em nada a termos um desenvolvimento físico e mental adequado, um estilo de vida saudável e um bom tratamento com algum conforto quando precisarmos.

De que e de quem somos mais dependentes? 

Somos dependentes de opiniões diversas, que hoje brotam de todos os lados, com intenção de nos apavorar ou de forçar a venda de produtos diversos para ‘sua saúde’. O exemplo mais clássico são as ‘vitaminas’ – palavra mágica que para a maioria dos mortais significa ‘saúde’; com isso, além da campeã vitamina C ‘para gripes e resfriados’, temos os mais diversos tipos, com nomes apelativos: pluri, multi, dirigidas a segmentos específicos: mulheres, crianças, homens, idosos etc.

Quais as consequências dessa dependência? 

Gastos enormes com retorno insignificante.

Por onde começar nossa autonomia em relação à saúde?

Deveríamos dispor de informação de qualidade, tipo as do dr. Dráuzio Varella e outros de menor repercussão; nós mesmos, hoje, temos acesso a vários canais de informação, é só rastrear os mais confiáveis; verdade é que ‘saúde’ não se encontra em farmácias, mas na qualidade de vida.

Quais são os conhecimentos básicos que devemos buscar e onde?

Procurar saber o que convém a cada faixa etária em matéria de atitudes e posturas existenciais, não de medicamentos.

O que podemos mudar para sermos mais livres e saudáveis?

A seguir, a relação das situações da vida comum, que podemos sempre melhorar:

1) dormir bem – ou seja, repousar de verdade, na obscuridade completa, sem leds, sem celular à mão; SP inaugurou um Hotel do Sono, para ensinar a dormir melhor.

2) tomar um bom café da manhã, com pão, manteiga, café ou chá, com ou sem leite, mas com alguma proteína e frutas; escolares que não costumam fazer um breakfast adequado terão dor de cabeça no meio da manhã, por hipoglicemia; ainda mais se fizerem alguma atividade física.

3) almoço moderado, como nossos grãos de arroz e feijão (ou similares) + legumes cozidos com ou sem carnes, segundo nossos hábitos; quem puder, vale comer peixe uma a duas vezes por semana, pois os pescados e ovos fornecem ômega3/6, tão necessários ao cérebro.

4) lanche da tarde, similar ao da manhã, sempre com frutas + um tipo de proteína.

5) jantar: pode ser uma sopa, caldo de legumes com/sem frango desfiado + legumes.

6) pequena ceia antes de ir dormir, que pode ser um iogurte.

7) evitar trânsito pesado e ônibus / metrô muito cheios para ir ao trabalho.

8) ao chegar no local de trabalho, organizar sua mesa, conversar com as pessoas, dar e pedir notícias, evitar fofocas; caminhar a cada uma ou duas horas, mesmo que por 10 minutos; Google está adotando o trabalho de pé, para melhorar a flexibilidade e o funcionamento cardíaco

9) fim da tarde: relax com música ou ginástica leve; evitar streaming, pois ninguém precisa de música e filmes o tempo todo

10) fazer pequenas atividades ao computador, mas ao se deitar, desconectar-se das telas!

O que você considera o maior desperdício de tempo nos cuidados com a saúde?

Fazer exames de rotina, principalmente em crianças; elas não precisam de check-up, a não ser em casos especiais e não por simples modismo; outro: frequentar clínicas com diversos especialistas, procurando algum ‘mal secreto’, mesmo sem sintoma algum. Existe uma vocação à hipocondria na população, de maneira geral. Isso se vê claramente com o número crescente de farmácias. É dos ramos que não entram em crise.

Quais são os procedimentos ou medicamentos em que desperdiçamos mais dinheiro?

Vitaminas do tipo ‘complexos vitamínicos’, que são pobres em cada tipo de ‘vitaminas’ ou ‘sais minerais’, de preço alto e sem eficácia alguma.

Em que momentos devemos realmente procurar os especialistas?

Há idades para procurar especialistas: após os 40 anos para exame de mama e próstata, primeiro check-up cardiológico e um exame clínico geral.

O que fazer diante de um orçamento apertado, sem plano de saúde e reserva de emergência?

Valer-se do SUS/ medicina da família, que faz acompanhamento básico da PA e eventualmente um hemograma; na maior parte do tempo, não necessitamos de especialistas nem de aparelhos de ‘última geração’.

O que a Sra. considera bons investimentos em saúde?

1) evitar cigarro e alto consumo de álcool.

2) evitar possuir / trocar carro e outros bens dispensáveis; adquirimos modelos novos de celular, que não nos trazem alegria e servem para aumentar a sucata ambiental.

3) beber bastante água durante o dia.

4) evitar o sedentarismo.

5) procurar dormir bem e alimentar-se bem, sem grandes restrições, mas reduzindo bastante o consumo de sal, farinhas e açúcar.

Resumindo os fatores da vida moderna que afetam a saúde: estresse no trânsito, dormir pouco e alimentação precária. Nossas crianças estão cada vez mais cativas de condomínios; não conhecem parques nem as ruas; pais/mães devem ter algum tempo para atividades junto à natureza, pois tudo que a criança aprende é através do uso de seu corpo no espaço: equilíbrio, firmeza, destreza, imunidade, resistência física e emocional, respeito à natureza, alegria de brincar com os irmãos ou com outras crianças, sem os apelos ao consumismo dos shoppings.

 

Empregados Domésticos

As relações trabalhistas com a empregada doméstica, motorista, governanta ou até mesmo uma diarista que trabalhe 3 vezes por semana na mesma casa, estão mudando. As mudanças já valem à partir da próxima semana e o “Simples Doméstico” deve ser pago todo dia 07 ou dia útil anterior caso seja um feriado ou fim de semana. No total são cerca de 28% do salário bruto, dos quais o empregador pode descontar 8% do empregado.

Perguntei à Marta Grzywacz da Mars Contábil quais seriam os primeiros passos para quem tem funcionário doméstico regularizar as novas obrigações.

O empregador cadastra-se no e-CAC da Receita Federal. Lá ele gera um código só dele, o CEI, que dá acesso a uma série de serviços da Receita Federal.

Depois, o empregador precisa cadastrar-se no eSocial, com os dados dele e do(s) empregado(s). Todo início de mês ele entra no site e emite a guia para pagar. Lá também tem um manual em PDF que é bom ler.

Copiado do site do eSocial:

“O primeiro pagamento do Simples Doméstico deverá ser realizado até 6 de novembro. Para isso é necessário o cadastramento tanto do empregador quanto do seu trabalhador doméstico no portal eSocial.

Para efetivar a inscrição primeiro é necessário acessar a Consulta Qualificação Cadastral do trabalhador, onde poderão ser indicadas diversas pendências cadastrais, bem como orientação sobre a forma de regularizá-las.

Depois, o empregador deve realizar o seu cadastro e o do seu trabalhador doméstico. O acesso pode ser feito por meio de certificado digital ou de código de acesso. Crie aqui o seu código de acesso e depois acesse o eSocial para efetivar o cadastro.

Ao realizar o cadastramento do trabalhador doméstico não esqueça de também informar o número do celular que garantirá o recebimento de informações importantes do FGTS. Garanta mais este benefício ao trabalhador.

Link: Manual do eSocial – Empregador Doméstico

A Mars Contábil ajuda aos empregadores a organizar estas contas. Se você quiser, entre em contato no telefone (11) 5851-9538 / 2860 ou e-mail contato@marscontabil.com.br .