Gastador x acumulador

Ninguém é 100% gastador ou poupador e poucos encontram um equilíbrio razoável entre comprar demais e guardar demais. Na tabela abaixo coloquei o fruto de minhas observações da consultoria e da vida. Este não é um teste científico, é para você ver com qual tipo se identifica mais.

Nenhum dos dois gosta de ser pobre, porém o gastador sente-se mais à vontade na abundância e o acumulador na escassez e ironicamente a tendência é acontecer o inverso. O poupador pode aposentar-se antes e melhor se quiser, só que nunca estará satisfeito. Os dois receiam não ter dinheiro, nenhum deles aceita bem a pobreza, mas o acumulador pobre sofre um pouco menos e sai mais rápido, enquanto o gastador pobre terá mais problemas por mais tempo.

Vamos ao teste:  G = gastador  e  A = acumulador

G Adora gastar em qualquer circunstância, em qualquer local, qualquer valor, com qualquer finalidade.

A Adora saber que poderia ter comprado mas disse não e guardou para o futuro.

G Tudo para ele é barato.

A Tudo para ele é caro.

G Torce para o shampoo acabar logo e ele poder abrir um novo, para a roupa não servir mais e ele ter uma desculpa para ir à loja comprar uma nova, vibra quando o curso termina e já começa a pesquisar o próximo curso para fazer, na alegria de comprar o presente de aniversário já compra a roupa da festa e mais alguma coisa para ele próprio também, normalmente não planejada e às vezes mais cara do que o presente.

A Costuma economizar, espremer o tubo da pasta de dentes, usar o mesmo computador por 15 anos, apagar as luzes e fechar as torneiras, escolher o carro só pensando no custo de manutenção, fazer tudo com as próprias mãos e consertar o sapato furado.

G Orgulha-se de aproveitar a vida com alegria, considera-se uma pessoa leve e relaxada.

A É rígido e se orgulha da austeridade com que leva a vida, cuidando da sua reputação.

G Adora usar um produto novo e saber que pode comprar.

A Faz questão de usar produtos antigos e saber que está esticando a sua vida útil.

G Sente-se superior ao poupador em generosidade e humanismo e o vê como frio, egoísta, materialista, mesquinho e avarento.

A Sente-se superior ao gastador e rotula-o como infantil e inconsequente enquanto ele se vê como consciente, controlado, responsável e rico.

G Existe o gastador que também é acumulador. Imagine comprar demais e depois não conseguir doar, vender ou jogar o que tem em excesso! Mesmo sabendo que já possui um enorme estoque daquele objeto, continua comprando.

A Adora colecionar objetos, carros, obras de arte ou até animais seja comprando ou coletando. Isso pode piorar e ocupar cada vez mais espaço, ele começa a guardar coisas inúteis e apegar-se a tudo. Cerca de 5% da população tem distúrbios de acumulação como o colecionismo. O colecionador pode ter várias manias e perder saúde física e mental, perder qualidade de vida e viver constantemente na bagunça e na sujeira.

G Não gosta de perder, mas aceita melhor as perdas. Joga fora sem dó para ter a desculpa de poder comprar mais e pode vir a se arrepender de alguns objetos que doou ou descartou.

A Sente-se desconfortável em desfazer-se das coisas que possui, podendo chegar a fobia de jogar fora e diz que “quem guarda tem”, mesmo sabendo que a probabilidade de usar aquilo é ínfima.

G É otimista e nas poucas vezes que pensa no futuro imagina tempos melhores, mais fáceis, prósperos e felizes. Quando tem reserva é para viajar, comprar algum bem ou realizar algum sonho de consumo o mais rápido possível. O gastador diz que a vida é curta e sabe que pode morrer amanhã, portanto devemos viver intensamente e curtir o momento.

A Morre de medo de ficar sem reserva de segurança. Sabe que o futuro pode trazer emergências improváveis, crises terríveis, doenças perigosas e acidentes caros. Contenta-se com uma recompensa futura maior e realiza mais sonhos. Diz que devemos ser prudentes e sabe que a expectativa de vida tem aumentado, portanto muitos de nós passaremos dos 100 anos de idade.

G Inveja o futuro do poupador e sua segurança.

A Inveja o presente do gastador e sua alegria.

G Quando vê que o investimento rende um baixo percentual por mês e um bem tem valorização lenta e incerta, logo desiste e vende  e gasta o dinheiro.

A Tem mais paciência e disciplina naturalmente para esperar o patrimônio crescer. Ele adora acompanhar a evolução dos seus investimentos e a valorização de seus bens.

G Perde prazos, parcela, refinancia, renegocia, paga multas e juros por atraso, complica tudo e com isso empobrece mais.

A Os dois gostam de pagar as contas em dia, mas o acumulador tem maior facilidade para conseguir e precisa da sensação de fazer a coisa certa.

G O gastador tem uma lista de dívidas secretas que normalmente nem está registrada e que não quer encarar.

A O acumulador tem uma carteira de investimentos secreta que normalmente é bem controlada e gerenciada.

G Mesmo empobrecendo não consegue parar de gastar e fica com patrimônio negativo.

A Mesmo ficando rico não para de acumular. Quer acumular dinheiro para várias gerações.

G Rico será feliz mas a riqueza não dura se exagerar e insistir em gastar mais do que ganha.

A Rico pode transformar-se naquele ambicioso insaciável que busca sempre mais um dígito.

G Os que estão muito endividados: 1 tem vergonha das dívidas e sentem-se mal, fracassados e culpados, 2 dão a volta por cima com grande esforço ou 3 acostumam-se ou até ficam viciados em dívidas.

A Tem horror a dívidas e muitos passam a vida toda sem fazer nenhuma. Costumam ter mais independência financeira em relação a outras pessoas.

G É apaixonado por listas de compras ou de desejos de consumo, quando não estão no papel estão na memória todas as coisas que ele está “precisando” agora. Tudo é motivo para uma nova lista maior possível: quando vai viajar tem a lista de compras para a viagem, quando muda de moradia faz a lista de compras da reforma, muda frequentemente de atividade física e ao começar compra todo o equipamento para ela. Enfim, cada passo que ele dá gera uma nova leva de gastos.

A Sofre para gastar, sente-se culpado, fútil e inconsequente quando gasta. O acumulador está sempre pensando se aquilo não vai fazer falta, seja o dinheiro que gastou ou deixou de ganhar, o objeto que vendeu, doou ou descartou, chegam a comer alimentos estragados. Sofrem antes medindo minunciosamente o custo de oportunidade, durante querendo o produto / serviço bom e barato e depois sentindo que roubou do seu futuro.

G Acha que a vida não vale a pena com orçamento curto demais, que não vale a pena trabalhar se não puder usufruir do resultado deste trabalho. Decidir o que não comprar é um sacrifício gigante. Tem horror de economizar, preencher controles, fazer orçamento, cortar gastos, contar moedinhas e fazer contas em geral.

A Vive de pão com ovo por um tempo se precisar, lazer é pizza de muzzarela, almoço é marmita, água é da torneira e na rua ele passa fome e sede mas não gasta. O acumulador costuma valorizar mais a vida simples. Não sofre para economizar porque não se importa com o presente e sim com o futuro.

G O gastador se diverte pesquisando preços, escolhendo, olhando vitrines e caçando ofertas e ainda prefere comprar por impulso. Ele pode planejar as compras, mas sempre extrapola o plano. Se ele conseguiu pagar menos, vai acabar gastando o restante em outra coisa para compensar e não volta para casa com troco.

A Planeja as compras e segue o plano, espera, calcula e pesquisa. Pode comprar até mais que o gastador, mas são coisas grandes, caras e duráveis. Negocia até abaixar o preço ao menor valor possível. Mesmo quando há evidências de envolver roubo, escravidão, exploração ou sonegação.

G Tem plena consciência que o dinheiro é um recurso para circular e ser usado, acha o maior desperdício de tempo e energia vê-lo parado.

A Espera que o dinheiro lhe traga segurança e paz e não se conforma com os desperdícios financeiros do gastador.

G Poupa quando sobra depois de gastar.

A Gasta quando sobra depois de guardar.

G Ajuda aos outros com mais frequência, mas também pede ajuda com mais frequência e não necessariamente as pessoas a quem ele ajuda são as mesmas para quem pede ajuda.

A Consegue ajudar a mais pessoas e nas crises são muito procurados para isso. Podem “adotar” alguns gastadores mas também está mais sujeito a brigar por dinheiro.

G É mais facilmente manipulável para comprar compulsivamente mesmo sem poder ou precisar. Cerca de 5% da população tem Oniomania – compra demais. Frequentemente gasta mais do que deveria.

A Só compra o que estava precisando ou planejando, às vezes nem isso. Frequentemente não gasta o quanto poderia.

G Está mais interessado no prazer de gastar, no momento da compra do que no produto ou serviço em si. Para ele dinheiro traz alegria e prazer imediato. O gastador odeia esperar, ele é ansioso e quer tudo agora. Ele não precisa terminar o que começou nem faz questão de usar o que comprou.

A Compra menos e melhor e olha mais para a utilidade, durabilidade e qualidade do que consome.

G Desperdiça dinheiro, tempo e energia comprando o que não precisa ou não pode e pagando juros.

A Desperdiça tempo e energia em busca do custo mínimo, economizando o que não precisa e desperdiça espaço guardando o que não usa.

G Quando diz que está sem dinheiro é porque ele já gastou tudo o que tinha e mais alguma coisa de cheque especial e empréstimos.

A Quando diz que está totalmente sem dinheiro ele ainda tem uma reservinha.

G  Muitos gostam de ganhar mas podem sentir-se culpados e ser meio desligados do dinheiro.

A Gosta de ganhar dinheiro e pode tornar-se um escravo dele, pensando e falando só nisso.

imagem free do Pixabay

Andréa Voûte

Autêntico, graças a Deus

AUTÊNTICO, GRAÇAS A DEUS

Andréa Voûte

Ser autêntico é chique e motivador, é um sinal de evolução. Imitar é brega, a cópia não costuma ser igual, pois falta a ela a essência do criador. Às vezes, vemos alguém aproveitar uma ideia e vesti-la com sua própria essência. Pode ficar bom, mas nunca será original. Não terá a coragem do pioneiro, mas pode-se tentar aprender com a experiência dele. Representar para manter as aparências desgasta demais, é um esforço grande que chega a um resultado vazio e constantemente é perseguido pelo medo de ser desmascarado. Interiormente sabemos que o “ter” não substitui o “ser” e o “parecer ter” é pior ainda. Deixar-nos levar pelos acontecimentos sem saber quem realmente somos nos priva de viver nossa plenitude. Trabalhar em equipe e pensar no coletivo são coisas da maturidade, sem anular-se para fazer parte de um grupo.

Ser você mesmo é uma delícia! Permite que você torne-se excelente em algo (ou em algumas coisas) embora consciente de suas falhas. Por ironia é justamente quando desistir da perfeição e fizer algo por prazer que receberás aplausos. Livra a você da carga de tentar agradar aos outros e curiosamente é aí que muitas vezes conquistará as pessoas. Proporciona alívio e relaxamento, abrindo espaço para a felicidade, mas não nos 365 dias do ano. A verdade tem uma nobreza incrível e uma beleza insubstituível!

Quanto às finanças, procure a receita certa para você, compatível com sua competência, seu nível de esforço e seu padrão de vida; a despesa que se encaixe em seus valores e suas prioridades, o investimento adequado ao seu perfil de risco e suas metas. Dicas nem sempre ajudam, o que é ótimo para o outro não necessariamente terá o mesmo efeito em você e pode ser frustrante tentar. O dinheiro em si também não resolve tudo sozinho. Embora eu seja agradecida a todos aqueles que, em algum momento, me deram ajuda financeira teórica ou prática, aos que dispuseram do seu tempo e dinheiro, eu sei que no final coube a mim decidir o que fazer com eles.

Tem certeza?

TEM CERTEZA?

Andréa Voûte

Tempo perdido não se recupera nunca mais.  Todos nós convivemos com o desperdício, inclusive de tempo… vamos minimizar isto para liberar mais recursos para o que é realmente importante.  Reflita sobre o tempo e dinheiro que você perde tentando agradar aos outros, explicar-se e seguir protocolos.

Agradar a todos sabemos que é impossível, mas tentar é considerado bonito ou até um ato de amor.  Receber pessoas quando não temos tempo, oferecer coisas que não podemos comprar, frequentar lugares caros e dividir suas altas contas, emprestar o nome correndo enorme risco de sujá-lo, vale tudo em nome da simpatia!  Ajudar, ser amigo e companheiro não quer dizer agradar, quando for necessário mesmo talvez seja melhor ceder de vez e servir com amor ao outro, pela preocupação sincera com o bem-estar geral.  Ou então ser direto ao dizer “não” e deixar para outra oportunidade, quando tiver mais recursos disponíveis, afinal ninguém mais tem tempo e dinheiro para perder com cerimônias e aparências vazias, o que a sociedade diz que pega bem nem sempre faz bem.  Melhor dizer “sim” menos vezes mas com todo o coração, mente e alma do que somente da boca para fora, não é verdade?

Damos satisfação demais de nossas vidas!  Detalhes deveriam ficar para as deliciosas conversas íntimas com os amigos, parentes ou profissionais da terapia de nossa confiança, mas nunca porque nos sentimos obrigados a falar.  Isso compromete nossa segurança e privacidade, é um direito nosso ter segredos e não responder a determinadas perguntas.  Sem esquecer, é claro, que omitir é uma forma de mentir, então não estou incentivando a “esconder o jogo”, afinal há coisas que os outros tem sim o direito de saber e devem mesmo ser reveladas.  Estou falando das invasões ao nosso espaço reservado, que já foi tão reduzido com a globalização e a informatização.  Perguntas sobre quanto você ganha, como você gasta seu tempo e dinheiro, para quem irá deixar isto ou aquilo, que tipo de relação matrimonial escolheu, como cria os filhos ou porque não os teve, e por aí vai…  Só para não perder o costume vou mencionar o assunto das dívidas – além de termos que nos explicar para as autoridades governamentais, profissionais e às vezes familiares, quem faz dívidas ainda deve satisfações aos credores!

O Natal é um exemplo interessante de protocolo que muitos seguem sem questionar.  Todos acreditam, fazem compras mil, se reúnem naquela data e horário, homenageiam um personagem comercial e iludem as crianças, cumprem direitinho o ritual.  Mas quem inventou este ritual?  Há toda uma história, ou melhor uma mistura delas, que originaram estes costumes, mas se você curte natal, é melhor nem procurar saber…

Fugir do convencional tem um preço, claro. Seremos mal interpretados, pressionados e discriminados. E tem mais, observe que sempre que uma pessoa criativa inventa algo novo e o resultado parece bom, logo aquilo vira “regra” e sai um monte de gente copiando. Pronto, ela não só quebrou tradições como criou uma nova e começa tudo de novo…  Às vezes eu me pergunto se já consegui lançar uma nova “moda” de pagar à vista, contestando a maré. 🙂

Ouse quebrar as tradições que lhe atrapalham ou não lhe acrescentam nada de bom!  Pergunte-se: Por que eu preciso fazer isto?  É espontâneo e natural?  Quem ganha o que com isto?

BOA FORMA FINANCEIRA

BOA FORMA FINANCEIRA

Andréa Voûte

Assim como a comida, o dinheiro é uma “coisa” com a qual temos de nos relacionar a vida toda, querendo ou não, sabendo ou não; portanto vamos tornar esse relacionamento o melhor possível?

Sentir-se gordo em relação aos magros e sentir-se fora de forma diante dos saudáveis começa a preocupar. O mais importante é o que fazer com essa preocupação – culpar-se a cada mordida, sofrer a cada despida, ou reagir positivamente, por exemplo, começando uma dieta alimentar e um programa de exercícios? Vamos fazer um check-up financeiro, olhar de frente nossa realidade, nossos números. Detectados os excessos, as doenças e as carências, é hora de mexer-se. Assim como não há reeducação alimentar sem controle de alimentos e bebidas, do peso e de preferência até das medidas, adivinhe como funciona a educação financeira?

Como eu ganho meu dinheiro, quanto eu ganho, de quem e quando? Aproveitamos para questionar cada detalhe da receita e se é possível melhorá-la. Pensando no que é ganhar bem, o que é ser rico na minha concepção, analisando a carreira, as oportunidades e as crenças a respeito do dinheiro e do lado material da vida, perceberemos que muitos problemas financeiros vêm de questões mal resolvidas em relação à receita. É importante saber com que gasto o dinheiro e conhecer as minhas necessidades, luxos e desperdícios. Quais são as prioridades entre presente e futuro, qualidade e quantidade, poupança e consumo, generosidade e benefício próprio?

Racionalizar os gastos é bem mais complexo do que simplesmente sair cortando tudo o que não é essencial, é como comer com qualidade satisfazendo a fome e, de vez em quando, aproveitando um banquete. Com o passar do tempo, vamos percebendo que é mais importante cultivar os pequenos hábitos do dia a dia do que as grandes e doloridas intervenções radicais feitas esporadicamente, que podem ser evitadas se determinados hábitos forem praticados. Pequenas economias, que formam poupanças (aparentemente) lentas, pode ser o começo de um milagre da prosperidade. Da mesma forma que a gula não é saudável, a abstinência não contribui para a saúde. Poder mas não conseguir usufruir do próprio dinheiro, ganho honestamente com o trabalho, é uma pena, viver dia e noite pensando economizar em cada centavo e sacrificar completamente o presente em nome do futuro, só se for por uma fase.

Para minha dieta financeira ficar mais vitaminada, que informações eu devo buscar? E para ganhar força, resistência e novos contornos, que exercícios eu devo fazer?

Invista sempre em sua educação financeira, pois ela afeta a sua qualidade de vida. É gostoso comer bem, às vezes saborear uma sobremesa, ou até dizer não para ela no auge do autocontrole, mas tudo dentro de minha dieta, que eu mesma escolhi.

O FIM DO ANO

O FIM DO ANO

Andréa Voûte

Para quem tem o privilégio de receber um salário a mais por ano – ou dois – vale a pena olhar com cuidado para o décimo-terceiro salário, fruto do seu trabalho, antes de entusiasmar-se com os gastos de fim de ano.

Quanto mais rodeados de pessoas estivermos, seremos chamados para muitas coisas e mais seletivos precisamos ser. Festas e reuniões para todos os gostos, formais ou bagunçadas, tediosas ou animadas. Viagens também, seja no campo, na praia ou até alguns dias cheios de neve no exterior. Presentes e lembrancinhas para amigos, parentes, funcionários e colegas ansiosos por recebê-los… Promoções de natal e ano-novo em todo o comércio, lojas enfeitadas como nunca e acabamos até consumindo para nós mesmos, além de todos os outros gastos. Janeiro? Ano que vem? Quem quer pensar nisto neste momento de euforia total?

Eu insisto, tenha em mente o que é importante para você e deixe um espaço para o imprevisto. Dizer “sim” para todas as pessoas e os desejos faz você se sentir parte de algo maior, mas depois pode ocasionar um caos por não dar conta do que se comprometeu a fazer. Correr de uma festa para outra só para cumprir o protocolo, viajar demais sem tempo de curtir o local e as pessoas direito, participar de rituais que não te dizem nada, comer e beber o que não poderia, gastar além dos seus limites… Não recomendo negar sempre e ficar alheio ao “movimento fim de ano” com seus apelos, é verdade que há muitas oportunidades e encontros nesta época.

O social, a família, o descanso, o dinheiro, o lazer, o que realmente te motiva? Entre as festas que você pode ir, o que significam para você e o que aconteceria se você escolhesse só uma parte delas? E as viagens, qual delas seria realmente divertida e proveitosa? Que presentes da sua lista estão dentro de seu orçamento e são importantes para a pessoa ou para o relacionamento? Ao receber em casa, é preciso mesmo uma mesa excessivamente farta e suntuosa e depois ficar semanas comendo as sobras daquela ceia? Todos estes encontros precisam mesmo ser em dezembro?

Calma, questionar é um hábito saudável! É possível que você esteja se deixando levar a gastar mais do que deveria e que tenha se esquecido de algo importante… Dezembro passou a ser o mês mais estressante do ano mas não precisa ser assim. Pense antes de comprometer-se demais, planeje e seja mais consciente e seletivo.

Um ano é um ciclo de vida, como muitos outros e, se você costuma fazer um “balanço anual” de sua vida, que maravilha, tem gente que não faz isto nunca! Quanto às finanças, como foi este ano para você? Reflita sobre as coisas que você fez para usar melhor o seu dinheiro em 2016 e o que pode fazer em 2017. Normalmente as crises nos ensinam muito, é uma boa ideia registrar estas lições por escrito.

AUTONOMIA FINANCEIRA

Quando você pensa em uma pessoa financeiramente autônoma, a primeira ideia que vem à sua mente é a de pagar suas próprias contas, certo? De preferência em dia, à vista e com seu próprio dinheiro. Nos casos de divisão de contas com alguém, saber planejar e negociar uma divisão justa, mantendo a consciência dos valores que o outro paga também. Tentar não explorar as pessoas mais próximas, transbordando nelas seus problemas e não se deixar explorar pelas instituições financeiras com seu crédito caro. Difícil ter autonomia, liberdade e independência sem pagar suas próprias contas. Que isso seja a regra e não a exceção, pois é mesmo a habilidade mais importante, mas não a única.

Como somos todos consumidores, devemos saber identificar o preço justo, pesquisar e comprar bem. Aprimorar constantemente a arte de negociar com firmeza e honestidade para chegar ao melhor resultado possível. Saber vender colabora para a sua autonomia, mesmo que hoje essa não seja a sua atividade principal. Se você for independente, aprenderá a negociar doações, empréstimos e cobrar quem lhe deve; se ainda não for, estará negociando na outra ponta. Se você cair no consumismo deixará de ser sustentável e isso pode comprometer toda a sua autonomia, mesmo que possua as outras habilidades. Negocie com você mesmo também.

Para evitar problemas gerados por outros, é bom deixar de ser ingênuo e aprender a reconhecer os oportunistas que não te respeitam, identificar mentiras, barrar o egoísmo alheio, mostrar os limites aos folgados. Agir corretamente e conhecer a si mesmo e aos outros cria boa-vontade e evita as situações em que um sai prejudicado. Por outro lado, é bom entender o mínimo sobre as leis que mais te afetam e contar com bons advogados e especialistas a quem possa consultar e acionar em caso de necessidade. Cercar-se de cuidados para prevenir golpes e abusos ajuda a não perder a independência financeira que você conquistou, sem exagerar na desconfiança.

Quem escolheu a sua carreira? Ter mentores e modelos para inspiração e aprendizado não significa deixar outra pessoa pensar por você. Aceitar ajuda para divulgar o seu trabalho, uma indicação ou venda comissionada tudo bem, mas analise com seus próprios parâmetros se é isso mesmo que você quer ou se dará conta. Decisões de onde trabalhar, onde estudar, que profissão seguir e quando parar de trabalhar são pessoais e intransferíveis. Levar em consideração a família é diferente de sacrificar-se cegamente por ela. Deixar a ambição falar mais alto do que tudo e colocar o dinheiro em primeiro lugar costuma decepcionar no final, ignorá-lo também.

Pelo menos por algum tempo, alimente os seus próprios controles financeiros e faça isso detalhada e cuidadosamente. Aprenda sobre tecnologia e use-a a seu favor. Participe dos procedimentos burocráticos resolvendo seus próprios problemas. Estreite sua relação com os bancos, leia seus extratos e saiba de cabeça quanto ganha, gasta, tem e deve. Entenda e renegocie as dívidas. Aprenda a poupar e investir, estude você mesmo sobre investimentos e acompanhe notícias de Economia. Eis um ponto fundamental da autonomia financeira que pode facilitar o planejamento estratégico, a paz e a prosperidade ou facilitar as fraudes, descontroles e dívidas. Planejar as finanças é gostoso, experimente (ou alguém o fará por você)! Contrate ajuda e participe ativamente, lembrando que a melhor pessoa para cuidar do seu dinheiro ainda é você mesmo.

Andréa Voûte

AUTONOMIA NA ALIMENTAÇÃO

Fazemos de três a seis refeições por dia, muitas vezes variando o local e o tipo de alimentação. É cada vez maior o número de pessoas que delega a alimentação para os profissionais do ramo, como empregadas domésticas, máquinas, restaurantes, supermercados e a indústria alimentícia. As cozinhas são cada vez menores e menos equipadas, os alimentos tornaram-se exageradamente processados e artificiais, o conhecimento básico sobre culinária, jardinagem e a origem das carnes diminuiu bastante. A maioria de nós não lê os rótulos e quando tentamos é preciso usar lupa, tradutor e conhecimento científico para decifrá-los.

Comer não é só nutrir o corpo e ingerir calorias. Almoço com os colegas é networking, com a família é reforçar os laços, com os amigos é um ato social e com o parceiro/a é intimidade, sozinho é reflexão. Alguns tem compulsão alimentar, outros são viciados em açúcar ou gordura e há pessoas que procuram nos alimentos as memórias boas da infância. Evite comer enquanto trabalha ou estuda, faça uma pausa e relaxe. Escolha seus alimentos, experimente variações, não faça as refeições no piloto automático, não confie cegamente na indústria alimentícia ou no restaurante. Considere o preço e o sabor sim, mas o critério principal deveria ser a saúde ao decidir o que vai consumir e absorver. Informação e consciência sobre nutrição contribuem para a sua autonomia alimentar.

Cozinhar não é tão complicado que não possa ser aprendido. É uma tarefa básica e necessária, mesmo que depois você queira ou possa delegar a culinária, não deve ser ignorante quanto ao preparo dos alimentos. Assim dificilmente passará fome ou será obrigado a comer algo ruim ou sujo, você controla a quantidade, qualidade e higiene. No início siga receitas e aos poucos liberte-se delas. Você vai errar no tempero até perceber a importância dos detalhes, vai errar na consistência até lembrar-se da química, vai queimar a comida até dizer não às distrações, vai cortar os dedos até criar métodos, vai desperdiçar até aprender a planejar, vai queimar-se até respeitar o fogo, vai adquirir paciência para descascar legumes e mexer a panela. Por fim você tem agilidade e criatividade, consegue inventar receitas e combinar ingredientes de forma mágica, agrada a diferentes paladares e restrições alimentares, talvez enfeite a comida e quem sabe recrute algum ajudante enquanto conversam. Comprar bem os ingredientes e não só produtos alimentícios é uma arte a ser aprendida também.

Plantar é aproximar-se da natureza e colher é como imprimir seu próprio dinheiro. Você mudará completamente a forma de ver as frutas, os legumes e verduras se acompanhar todo o ciclo de vida deles cuidando de cada etapa. A jardinagem é tão especial quanto cozinhar, comprovadamente terapêutico, proporcionando um exercício e a participação ativa na produção do que consome. Comece com vasinhos de ervas e plantas fáceis de cultivar e que durem anos, depois quem sabe aumente para uma linda horta, um pomar perfumado, algumas galinhas e peixes. Isso reduz sua dependência dos mercados e te dá uma noção do preço justo de cada coisa. Colher só o que vai usar naquele dia também reduz o desperdício. Aproveite para desenvolver uma produção orgânica e com isso ganhe saúde e sabor do alimento fresco e natural. Quanto aos bichinhos, divirta-se brigando com os que ameaçam a sua colheita e faça amizade com as minhocas e os polinizadores. Reutilize restos de vegetais compostando até virar adubo, reduzindo drasticamente a quantidade do seu lixo orgânico.

Andréa Voûte

AUTONOMIA NOS CUIDADOS PESSOAIS

Ainda não inventaram melhor pessoa para cuidar de você do que você mesmo. Aqueles momentos só seus de amor próprio e autoconhecimento, em que você percebe a textura da pele e do cabelo, ouve o corpo, sente onde dói e onde é sensível. Você detecta os probleminhas a corrigir, alonga-se para alcançar as costas e esbarra nos limites desse alongamento. Agora você só tem que se preocupar com o produto certo e o melhor tratamento. Você pode ficar em silêncio ou até colocar uma música que combine com o seu humor, para que seja realmente terapêutico. Depois estará bem cuidado, cheiroso, relaxado, macio, saudável, um prazer sereno.

Tudo o que tem que ser feito com uma frequência diária ou semanal você deve saber fazer. Lavar os cabelos é tarefa básica de higiene pessoal e se você costuma secar no secador ou modelar, aprenda a fazê-lo direito. É gostoso ter alguém massageando o seu couro cabeludo e cuidando de você, mas terceirizar totalmente esta tarefa demanda muito tempo e dinheiro. Quem pinta os cabelos um dia precisará pintar em casa, é bom treinar de vez em quando porque não ficará bom da primeira vez. A escolha dos produtos corretos para o seu tipo de cabelo deve ser sua, com orientações do cabeleireiro, da vendedora da loja de cosméticos e de textos da revista. Considere também o tipo de agressão natural ou química a que ele está exposto, a textura, o volume, o comprimento e até a cor. Teste e varie os produtos, mas informe-se com gente séria. É possível fazer ótimas hidratações em casa, economizando muito. Quanto ao penteado, você não precisa saber fazer esculturas elaboradas para ir ao casamento chique, mas coisas básicas do dia-a-dia sim, compre acessórios de cabelo e experimente quando estiver sozinha sem compromissos.

Quando vou à manicure, já chego com as unhas cortadas e lixadas, no tamanho e formato certos. Nem penso em terceirizar estas tarefas e nas raras vezes que o fiz, detestei o resultado. Hidrato minhas mãos e pés todos os dias e empurro as cutículas uma vez por semana. Levo meu próprio kit ao salão, que eu mando amolar, desinfeto com álcool e troco de vez em quando. Isso é fácil e eu não confio na estufa e no conhecimento técnico que a manicure tenha de saúde. Saber esfoliar a pele do jeito certo e na frequência certa tira as células mortas, manchas, pelos encravados e cravinhos superficiais, além de estimular a circulação. Massagear seus próprios pés é bem relaxante, nos ombros e pescoço alivia dores. Você pode não saber desfazer os nódulos com tanta competência quanto a massoterapeuta, mas conhecerá melhor cada um deles e poderá refletir de onde eles vieram. Quem gosta de maquiagem, deve aprender a fazer para não cair naquela situação de pagar caro e não gostar do visual.

Cuide-se mais, faça uma pausa na correria e curta os momentos e os resultados em sua saúde física e mental por fazer isso. Você que já cuida do trabalho, da saúde, dos estudos, do carro, da família, da casa e do dinheiro, cuide de você. Você pode e deve tornar-se o maior especialista em você mesmo, sabendo melhor do que ninguém o que deve e não deve ser feito, recebendo ajuda sem ficar dependente, sem ter que esperar o dia da clínica ou salão.

Andréa Voûte

Juros do crédito

Até quem não gosta de matemática, especialmente a financeira e não entende de juros, será perfeitamente capaz de compreender a explicação abaixo.

Você está com o saldo negativo de R$ 1.000,00 em sua conta, usando o cheque especial que hoje te cobra 300% ao ano de juros.  100% de um número é o todo, é ele mesmo, neste caso R$ 1.000,00.  300% de um valor portanto é o triplo dele ou três a cada um.  Isso quer dizer que se você deixasse o saldo negativo intacto por 12 meses e a taxa de juros se mantivesse em 300% você passaria a dever cerca de R$ 4.000,00 que são os R$ 1.000,00 iniciais mais R$ 3.000,00 só de juros.

Você recebeu uma fatura de cartão de crédito no valor de R$ 592,00 com opção de pagar em 12 vezes somando R$ 1.006,00 ou em 18 vezes somando R$ 1.283,00. Você também pode pagar o mínimo de R$ 88,00 e ficar devendo os outros R$ 504,00 sujeito a juros de mais de 700% ao ano, ou seja, sete vezes o que você já não estava conseguindo pagar!

É verdade que cheque especial e cartão de crédito são caros. Empréstimos que não tenham taxas de juros tão altas estão cobrando por ano cerca de 80% e lojas cobram 100% para financiar suas mercadorias.  Sim, isto quer dizer pagar por duas TVs e levar uma só. Diante de uma taxa de juros em torno de 14% ao ano tudo isso é muita coisa. Se você comparar estes dados com seu investimento, verá que uma dívida pode dobrar de tamanho em 6 meses, enquanto um investimento comum levará mais de 6 anos para duplicar.

Andréa Voûte

AUTONOMIA

Autonomia é um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independência, liberdade ou autossuficiência. Termos que soam bem para todos nós, mas frequentemente pensamos e agimos na direção contrária. Queremos ser donos de nosso destino sem ter que nos esforçar por isso.

O antônimo de autonomia é heteronomia, palavra que indica dependência, submissão ou subordinação. O ideal é chegar à interdependência saudável com liberdade e com limites, sem abusos ou dominação. Na dependência ou co-dependência, tudo fica muito preso, repetindo ciclos doentios que prejudicam aos dois lados.

Ninguém conseguirá ser autônomo em tudo e, se tentar, ficará escravo da própria pretensão. Com esta escravidão deixará de ser livre… Saber fazer não significa ter que executar pessoalmente tudo o tempo todo, significa ter a possibilidade de resolver sozinho caso necessário. Significa coragem para tentar, curiosidade de saber como as coisas funcionam e boa-vontade para domar a preguiça.

Não vivemos isolados e nem é bom que sejamos individualistas. É igualmente importante saber trabalhar em equipe, em sinergia e com união. A força do coletivo não deve ser ignorada, bem como o valor de um grupo engajado, a emoção de participar de algo maior. E o próprio grupo pode ter autonomia em relação ao meio externo e a outros grupos.

Internamente, ser autônomo é pensar livremente, ser emocionalmente independente, conseguir planejar, criar suas próprias regras, saber tomar boas decisões, ter o conhecimento, conseguir imaginar e elaborar coisas sozinho. Autonomia intelectual e emocional, que são complexas e podem levar a vida toda para amadurecer.

Para que a autonomia seja completa, ela deve ser extrapolada para o mundo externo, onde se consegue realizar, consertar, construir, iniciar, fazer do zero e fazer crescer. É então que esbarra-se nos outros e nas leis, sejam elas naturais ou civis. Esbarra-se também em suas próprias fraquezas que não aparecem enquanto estamos na esfera teórica, só na prática.

Trata-se de uma condição que expande os limites, nem sempre precisando derruba-los. É ter um poder que interage com os outros poderes em harmonia sempre que possível. Oferece e aceita ajuda, mais por gentileza do que por necessidade.

Nascemos totalmente dependentes e é natural ganhar cada vez mais autonomia. Ela começa na infância e deve ser estimulada no momento certo de acordo com cada fase de desenvolvimento. Começa com andar, falar, comer e beber sozinho. Depois vem as habilidades do tipo amarrar os sapatos, vestir-se, tomar banho, nadar, socializar-se. Mais tarde são coisas como saber estudar, comunicar-se bem, dirigir.

Ainda há adultos que não sabem gerir a própria vida e vivem como adolescentes em termos de autonomia. Não conseguem pensar sozinhos, cozinhar, trabalhar com seriedade, usar bem o dinheiro, cuidar da própria saúde, criar os filhos, ter um mínimo de autocontrole. A maioria das pessoas usa intensamente a energia elétrica sem entender como ela funciona e assim com diversas outras coisas. Vivemos para a tecnologia e não é mais ela que nos serve, as prioridades estão invertidas.

Terceirizamos demais e isso não custa somente dinheiro, custa um pedaço de nossa liberdade. Pode parecer mais prático, só que assim deixamos de aprender e ficamos nas mãos dos que fazem. E se eles estiverem desesperados por dinheiro e derem alguns jeitinhos de encarecer a conta? E se eles estiverem com pressa e a prioridade for terminar logo em vez da qualidade? E se eles quiserem impressionar hoje, mesmo que isso traga consequências negativas no futuro? E se eles mentirem e omitirem informações importantes, como poderemos julgar? São situações muito comuns, sejamos realistas.

Sabendo se virar, sabendo decidir e sabendo fazer, conseguimos quebrar o vínculo da total dependência e administrar melhor a vida.

Andréa Voûte