O PLANO B
Andréa Voûte
Você pode não gostar de planejar de jeito nenhum, pode recusar-se a fazer até o plano inicial, quanto mais um segundo plano alternativo. Você pode achar que o futuro é impossível de se prever e que as tentativas de imaginar o que acontecerá são pura perda de tempo. O imprevisto é inevitável e os planos falham, como bem o sabem os gerentes de projeto, médicos cirurgiões e organizadores de eventos. Para que desgastar-se inutilmente se na verdade não temos o controle dos acontecimentos? De certa forma você tem razão, o improviso e a aventura tem seu charme. O que não tira o valor do planejamento, ferramenta extremamente útil em muitas situações e obrigatória em outras.
Imagine-se naquele desenho Tá Chovendo Hambúrguer – de repente começa a chover alimentos vindos de uma máquina desajustada do cientista que queria resolver uma escassez alimentar. Situação totalmente inesperada que primeiro encantou a todos pela abundância, mas depois saiu do controle e trouxe caos, sujeira e obesidade, quase destruindo a pequena ilha. Estando ali você não sabe o que vai chover, mas se chover sopa você vai preferir estar com uma caneca em mãos. O que não quer dizer levar colher, garfo e faca desnecessariamente para onde for, sempre preparado para todo tipo de “chuva”. O medo ou a ambição podem leva-lo a exagerar no cuidado. Como passar por uma situação bizarra da melhor forma possível?
Com o plano B não estaríamos enviando para o Universo e para o nosso cérebro a mensagem de que vai dar errado? Como podemos pensar no fracasso de uma coisa que queremos muito que dê certo? Ficar imaginando os possíveis problemas não é coisa de pessimista e os torna mais prováveis de acontecerem? Se afundarmos nos detalhes sórdidos da parte negativa acima de tudo, sim. Mas há o momento certo de fazer o plano de contingência, pensando em tudo o que pode dar errado e saber que mesmo assim pode haver surpresas e termos que viver sem o nosso tão sonhado objetivo. Há o momento de administrar o risco, de pensar em causas e consequências, de tentar resolver alguns problemas antecipadamente, preparar-se para os mais prováveis e os de maior impacto caso aconteçam. Prevenir costuma ser mais barato e mais tranquilo do que remediar.
Fazemos isso justamente quando é importante, se não fosse não precisaria de plano A nem B. As coisas que queremos garantir que deem certo de um jeito ou de outro, aquilo que precisa acontecer mesmo na falta de alguns recursos, mesmo fora das condições ideais ou demorando mais do que gostaríamos. São exatamente estas que merecem o planejamento cuidadoso. É mais ou menos como um seguro, que você contrata mesmo sem querer pagar e menos ainda você quer usar, mas continua para proteger o seu carro ou residência. E então, munidos de plano A, B e às vezes também o C, ficaremos mais tranquilos para seguir em frente e agir, com maior probabilidade de sucesso. Caso o resultado não seja o esperado mesmo assim, ganhamos experiência estratégica e consciência tranquila de que fizemos tudo o que pudemos.