Serei um polvo benevolente ou um eremita humilde

Visualize este paraíso: você tem liberdade, independência e autonomia. Você escolhe o que fazer com o seu dinheiro. Você pode fazer o que ama, trabalhando com as pessoas certas, recebendo o valor justo, dentro do prazo conveniente. Quando você enriquece, outros aspectos de sua vida além do material melhoram, você compartilha generosamente a riqueza e as pessoas lhe retribuem com gratidão. Quando você passa por dificuldades, age com discrição e poupa as outras pessoas de envolverem-se em seus problemas dos quais elas não tem culpa. Suas bênçãos o tornam um polvo benevolente e poderoso e suas maldições o tornam um eremita humilde.

Agora vamos à realidade.

Você vai indo bem e prospera a cada dia mais. Investe em coisas que acredita e gasta no que gosta, melhorando de vida. Naturalmente quer levar em sua excitante jornada todos os que você ama e os que se encaixariam bem em seus promissores projetos. Tem certeza de que irão atingir metas incríveis juntos e alcançar novos patamares, evoluindo continuamente e sendo cada vez mais felizes! É verdade que o dinheiro pode comprar liberdade e controle, mas isso tem limites, ainda bem.

Ninguém tem obrigação de te acompanhar, convide sem manipular. Nem todos estão preparados para subir, muitos não querem crescer, alguns temem qualquer mudança. Respeite-os no ponto em que estão, ajude-os sem forçar e ame-os como são. Talvez em um outro momento e talvez não com você, compreenda isso. Algumas pessoas começam junto e desistem, tentam mas não conseguem, paciência. Respeite a individualidade, o ritmo e o direito de errar de todos. E ainda tem as decepções ao realizar alguns planos e ver que nem tudo é o que esperamos e nem todos adaptam-se à nova vida.

Cada degrau que você subir junto com as vitórias pede escolhas complicadas. Romper laços com quem ficou na escala anterior, formar novos grupos, voltar um degrau e puxar alguém que ficou, empurrar quem não tem forças, enfrentar quem bloqueia a subida. Leve quem se dispuser voluntariamente e quem estiver preparado. Cuide do seu desenvolvimento e conquiste a sua privacidade, selecione os companheiros e afaste os interesseiros.

Em outro momento, você vai indo mal e se endivida a cada dia mais. Os problemas se multiplicam e fogem ao seu controle, prejudicando o seu futuro e outros aspectos da sua vida que não tem nada a ver com as finanças. Naturalmente você não quer levar ninguém para o fundo do poço, mas não há como evitar, você está fraco e caindo. Trouxe problemas a quem menos desejava e às vezes nem viu ou entendeu como. O alcance da sua pobreza vai se ampliando automaticamente, criando novas dívidas.

Você pode querer resolver tudo sozinho mas não consegue, pede ajuda e se depara com avareza ou recebe apoio inesperado sem pedir. Situações extremas e difíceis podem revelar o melhor ou o pior das pessoas. É preciso resolver o quanto antes e da melhor maneira possível, afetando menos gente em um grau não tão comprometedor.

A riqueza é mais fácil de organizar e administrar do que a pobreza. Com o sucesso, você tem mais espaço para planejar e agir dentro do plano. O fracasso invade e não te permite tanta liberdade, ele restringe o seu poder de ação. Não há garantia de nada, mas o impacto das boas notícias é mais previsível do que o impacto das más notícias. É mais fácil escolher quem levar para o alto da montanha do que escolher quem arrastar ladeira abaixo.

 

Andréa Voûte
imagem free de Ben Dumond para Unsplash

Exame de consciência

Antes de tudo, vamos esclarecer que não vim para nos carregar com o peso da culpa, nem nos entristecer com a dor do arrependimento ou nos revoltar com a fraqueza humana. Também não são perguntas aleatórias ou todas as perguntas mais importantes. Este é um exercício de aprendizado e aperfeiçoamento para melhorar de vida com ações e atitude.

A cada resposta que te incomoda pergunte-se COMO COMEÇAR A MUDAR ISSO JÁ e a cada resposta que te deixa feliz, COMEMORE E CONTINUE ASSIM! A ideia é que daqui a um ano você esteja mais consciente, satisfeito e realizado.

Neste ano:

Quanto dinheiro entrou e saiu de minhas contas?

Usei bem o meu dinheiro? Sei para onde ele foi e isso combina com o que é importante para mim?

Empobreci ou enriqueci?

Que bens valorizaram e que bens sofreram depreciação?

Quantas dívidas quitei e quantas adquiri ao longo do ano?

Consegui cumprir todos os compromissos financeiros que assumi?

O que me estimulou a ser perseverante e responsável com o dinheiro?

Quanto durou o meu prazer em cada compra por impulso?

Nas ocasiões em que deixei-me levar pelos vícios, quanto custou isso?

Fui intolerante com os gastadores? Ou com os avarentos?

Me alegrei com o sucesso de quem? Tive compaixão diante dos problemas alheios?

Manipulei em minhas negociações e relacionamentos para “vencer”?

O que estudei, aprendi e me aperfeiçoei neste ano sobre finanças?

Quantas vezes persegui os atalhos, o caminho mais fácil e rápido?

Consegui poupar e investir de acordo com meus planos e necessidades?

Fiquei alardeando meus sucessos financeiros ou a fortuna que gastei?

Quem me ajudou a prosperar? E quem me prejudicou financeiramente?

Coloquei a aparência em primeiro lugar gastando demais com ela?

Com quem eu compartilhei riquezas e conhecimento, a quem socorri ou em quem investi?

O que fiz para manter minha vida financeira minimamente organizada?

Em que situações me perdi nos detalhes e na rigidez do perfeccionismo?

Que oportunidades de negócio consegui aproveitar e o que perdi por hesitar demais?

Fiquei financeiramente mais independente ou mais dependente?

Mantive uma coerência e estabilidade emocional na maior parte dos meus dias? Como isso afetou minhas finanças?

Tratei com respeito quem me deve ou trabalha para mim?

Soube vender e cobrar sem chantagens e mentiras?

Uso bem o poder? Como me comportei quando fui contrariado/a?

Julguei alguém pela aparência e depois soube que me enganei?

Acabei comprometendo minha segurança e dignidade por causa da carência excessiva?

Deixei-me seduzir pelos apelos do consumo?

Troquei de celular, carro ou decoração sem necessidade?

Se no mundo houvesse mais pessoas que lidam com o dinheiro da mesma maneira que eu, o mundo seria melhor ou pior?

Faça balanços como este de vez em quando, reflita e escolha algumas ações para começar bem o próximo ano.

Andréa Voûte

imagem free de Martin Sanchez para Unsplash

Identidade

Seu saldo bancário não reflete seu valor como pessoa, nem deve ser tudo o que você tem. Em termos materiais, o patrimônio líquido é o resultado final de tudo o que você tem menos tudo o que você deve e, pelo lado pessoal, é preciso diferenciar o ser do ter e com isso preparar-se para os altos e baixos dos investimentos.

É perigoso confundir as coisas e achar que ter menos é ser menos e que perder tudo é não saber mais quem se é; isso pode acabar em depressão… Os riscos são inerentes aos investimentos e os altos e baixos acontecem.

Sua identidade é composta por várias informações, incluindo sua renda mensal, o carro que você dirige, a casa e o bairro em que você mora, as roupas que você veste, sua aparência física, cargo que ocupa, restaurantes que frequenta e diplomas que conquistou.

Só que isso é apenas uma pequena parte de quem você é, ligada à sua imagem. Você é mais do que aparenta. Suas qualidades e seus defeitos, seus conhecimento, sua experiência e suas competências que adquiriu.

Fazem parte de sua identidade também a família, amizades, história de vida e planos para o futuro, crenças e valores, coisas que realizou, pessoas que ajudou. Essas coisas são mais importantes e permanentes, elas permitem que você conquiste as primeiras e recomece do zero se for preciso.

Ter riquezas sem ser rico não é suficiente, o bom é ser internamente rico e depois ter riquezas, ser sábio para facilitar a riqueza.

Andréa Voûte