Extratos – essa leitura chata

Por favor, pelo bem de sua inteligência financeira, não pague contas sem saber, esteja consciente do que está sendo cobrado, especialmente dos débitos automáticos. Os lançamentos das suas contas correntes e de investimentos devem ser acompanhados de perto, no mínimo uma vez por semana e comparados aos seus controles. O mesmo vale para as faturas dos cartões de crédito, contas de telefone, energia elétrica, etc.

Fique atento ao que está acontecendo com o seu dinheiro, assuma o controle de suas finanças! Você como consumidor ao pagar contas deveria saber a que elas se referem. E você como empresário ao receber em cartão deveria acompanhar os extratos de sua maquininha porque ali já vi muito prejuízo e até erros. No banco, uma assinatura pode ser renovada automaticamente sem o seu conhecimento. No telefone, você não usa a metade do plano que é superdimensionado para você, mas quando ligam para te oferecer um maior ainda você aceita porque o desconto era bom.

Os extratos trazem abreviações e termos técnicos que desconhecemos, ou pior, temos a impressão que sabemos o que quer dizer, mas é um engano. Se você não entendeu a descrição pergunte e, se determinado lançamento lhe pareceu estranho, procure saber exatamente o que é. Eu já presenciei vários casos de débitos que não deveriam ter acontecido, serviços que não foram contratados e tarifas que foram cobradas indevidamente por meses seguidos! Sim, enganos acontecem e má fé também, aproveitando-se da distração ou comodismo do cliente… Se pagou o que não devia, peça reembolso.

Às vezes um cidadão correto contrai dívidas por ignorar suas obrigações. Por ex. se você tiver uma empresa, seu contador precisa estar muitíssimo bem informado sobre os tributos ou você pode acumular dívidas com o governo e levar um susto de repente. Nomenclaturas estranhas como “recolher” e “reter” um imposto, tantas siglas que mais parecem uma sopa de letrinhas e uma legislação mutante dificultam manter as contas em dia. Fale de vez em quando com o contador, acompanhe notícias e visite os sites do governo para saber mais.

E não se trata só de detectar problemas e investigar fraudes ou abusos. Os documentos aqui citados trazem um pouco do seu histórico: por onde você andou, de quem, quando, como e quanto recebeu, a evolução de seu saldo no decorrer do mês e vários outros números importantes para a consciência da sua saúde financeira e das tendências estabelecidas. A partir deles você monta índices e gráficos que te ajudam a decidir melhor.

Isso talvez seja um ótimo estímulo ao minimalismo nas contas e cartões, reduzindo a complexidade de extratos a acompanhar.

Andréa Voûte

O problema é o que deixamos de fazer

As coisas mais sujas são as que recebem menos limpeza e não as que recebem menos sujeira. Sabemos que alguma sujeira é até boa, que celulares podem ser mais sujos do que sapatos, que mais vale uma limpeza frequente do que um produto forte. Interessante é que muitos destes conceitos se aplicam às finanças.

Nos recusamos a encarar as dívidas até que o nome fique sujo e com isso o crédito negado. Depois de estar sem tempo, dinheiro e energia para nada, sofrendo pressão dos cobradores, nossa reputação na lama, aí sim seremos obrigados a tomar uma atitude. Recomeçar, mudar hábitos, renegociar e limpar o nome levam tempo. Não se acostume a viver pendurado em dívidas, comece hoje a pensar e agir sobre isso!

Deixamos de fazer os controles financeiros porque são chatos, a não ser quando já estamos perdidos na escassez, desemprego ou fraudes. Quando fazemos, percebemos a importância deles e desfrutamos do resultado financeiro e mental. Não saber para onde vai o dinheiro, qual é a nossa real situação ou que opções temos é jogar com a sorte e normalmente resulta em azar. Se as suas finanças estiverem descontroladas, experimente mudar isso!

Emendamos uma atividade na outra, maratonamos seriados, trabalhamos sem interrupção, lotamos a agenda, navegamos na Internet por horas, boicotando as pausas necessárias. Sabemos que o sedentarismo é o novo cigarro! Só quando engordamos ou sentimos os sintomas físicos e mentais começamos a dar atenção para o que realmente importa. Mexa-se agora!

Da mesma forma, os gastos acontecem em um ritmo diário, mas não paramos para fazer um balanço e análise destes gastos até que as contas comecem a atrasar. Consumimos a nós mesmos no consumismo e a vida vai passando até o dia em que percebemos que desperdiçamos parte dela com ilusões e compulsões. Desprezamos os pequenos valores na hora de gastar e na hora de ganhar, acostumamo-nos com alguns desperdícios, subestimamos os custos e os riscos e superestimamos os benefícios e as possibilidades. Tenha consciência!

A velhice chega para todos os que estiverem vivos, a aposentadoria chega para quem trabalha, mas… parecem tão longe no tempo… Faça o seu planejamento financeiro ou estará nas mãos de seus filhos, INSS, bancos, planos de saúde e todas as mudanças que estes venham a sofrer.  Quanto antes você começar a preparar a sua aposentadoria, melhor ela tende a ser. Se você nunca ligou para conforto ou segurança, na velhice mudará de prioridades. Não espere mais para cuidar deste assunto inevitável!

Esquecemo-nos dos pobres com quem não temos contato e procuramos distância cada vez maior deles. Só quando nos ameaçam, nos incomodam, fedem ou nos fazem sentir culpados, começamos a pensar neles. Doações e trabalho voluntário são parte normal da vida, tratar empregados com justiça, pensar no coletivo e desenvolver a generosidade são atitudes sábias. Olhe para o lado por cima dos muros do egoísmo!

Não fique parado por medo da mudança ou por desconhecer o assunto, vá à luta! Não resolva somente os problemas visíveis e que já te atrapalham há tempos, resolva também os invisíveis e os previstos. Não esgote a boa vontade de quem te ajuda e compreende, deixando chegar ao ponto de ser julgado e desrespeitado. Não se preocupe só com o que aparece e afeta a sua imagem, trabalhe as coisas que só a terapeuta e o espelho sabem, ou nem eles… Não faça o certo simplesmente para evitar multas e punições, faça por você mesmo!

Andréa Voûte

Os números falam

Os números falam

Andréa Voûte

Todos os nossos números são o resultado de nosso comportamento combinado com a sorte, o ambiente e a herança recebida. Sua renda, as substâncias no seu exame de sangue, suas notas nas avaliações da escola ou do trabalho, o número de amigos (mesmo) são o resultado de uma combinação de fatores, no qual você tem sempre alguma responsabilidade.

Eles também podem tornar-se a causa de outros números. Por exemplo: você tem dívidas que te preocupam tanto a ponto de deteriorar a sua saúde, então os números do seu extrato podem se refletir na sua pressão arterial ou na quantidade de horas que você dorme e isso pode afetar outros números, como o número de negócios que você fecha. E de onde vieram as dívidas? Provavelmente (ainda que você não tenha consciência disto) vieram do seu comportamento financeiro. Da mesma forma, um aumento de renda pode trazer bem-estar, diminuir as compulsões e, se bem administrada, esta renda maior pode fazer crescer o seu patrimônio.

Economia é uma matéria de Humanas e não de Exatas, muitos daqueles algarismos aparentemente frios das notícias do jornal mudam quando as pessoas estão em pânico e começam a tomar medidas desesperadas ou quando estão eufóricas achando que podem tudo.

Que números são importantes nas suas finanças? Como você mede o seu sucesso, da sua família, empresa e do seu país? Na prática, qual tem sido a sua prioridade? Podemos começar pela renda e despesa anuais, depois os bens e dívidas atuais. Só de acompanhar estas quatro informações você já estará em extrema vantagem e terá condições de dar os próximos passos. Se você não simpatiza muito com os controles ou com a matemática, talvez demore um pouco mais para entendê-los e interpretá-los, peça ajuda e um dia você estará apto a ouvir o que eles tem a dizer.

Para isto é preciso alimentá-los e deixá-los precisos e exatos. Sim, no momento de registrar e manipular os números é preciso ser detalhista, depois você arredonda e desconsidera alguma coisa se for o caso. Meio controle é melhor do que nada no sentido de significar um primeiro passo para um controle verdadeiro, já te dá alguma consciência, mas os números têm que bater sim em cada centavo ou você pode tomar decisões equivocadas. Onde há um erro, pode haver vários.

Aproveite para exercitar a sua memória e concentração. Depois vamos brincar com eles: somando os totais do ano por tipo de despesa, multiplicando em investimentos, dividindo por objetivos, subtraindo os desperdícios, simulando sonhos. Exercite sua criatividade e capacidade estratégica. Quando você olha para as planilhas você vê alguns dos frutos que está colhendo e a que conclusões chega com isto? Exercite a sua lógica e capacidade de análise respeitando a beleza e a importância dos números.