A oscilação dos preços: expectativa x realidade

Temos informação abundante disponível, não precisamos mais nos iludir com falsas esperanças nem nos revoltar com aparentes injustiças. Eu me fiz as seguintes perguntas e respondi “não” a todas elas, espero que você tenha alguma experiência diferente:

Boutique que foi fazer compras no atacado e ganhou um bom desconto repassa este desconto integralmente e imediatamente aos seus clientes liquidando as novas peças?

Lanchonetes e restaurantes que pagaram menos pelos seus ingredientes neste mês mudam todo o cardápio abaixando os preços assim que começarem a usar o novo estoque?

Comércio que acabou de renegociar os prazos de pagamento para o fabricante estende os seus prazos de vendas na mesma proporção?

Um dos mais polêmicos talvez seja o combustível. O petróleo é uma commodity, portanto seu preço oscila o tempo todo conforme o mercado internacional. A Petrobras explora o petróleo e nas refinarias faz gasolina e o diesel para vender às distribuidoras. As distribuidoras (Ipiranga, BR, etc) misturam etanol na gasolina e biodiesel no diesel para vender aos postos, que os revendem ao consumidor final. Quando o preço do petróleo cai, nem as distribuidoras nem os postos são obrigados a repassar o desconto, porém os consumidores esperam isso. Pode ser que naquele momento tenha havido um aumento de impostos ou do álcool, um dissídio, um novo risco, enfim, algo que anule parte da baixa do petróleo.

Da mesma forma, nem tudo que deveria acompanhar a taxa de juros e a inflação realmente o fazem, fique atento. Lembre-se da autonomia financeira, você ainda é a melhor pessoa para cuidar do seu próprio dinheiro. Os índices de preço medem a inflação, o aumento de preços dentro de um período específico, verificando a média do preço de determinados produtos e serviços. Então se o seu investimento não cobre nem esse índice, você deixou de ganhar rendimento real e pode ter perdido poder de compra. A Selic é a taxa básica de juros do mercado financeiro, usada como referência para várias outras taxas – juros do crédito por exemplo. Assim, os custos dos empréstimos, cheque especial e financiamentos deveriam cair quando ela cai.

Investimentos

Observe a Caderneta de Poupança, a taxa de juros Selic e o índice de inflação IPCA, que mede preços do Brasil todo para até 40 salários mínimos de renda. A inflação varia bastante, enquanto a Caderneta de Poupança é estável e a Selic tem variado um pouco mais ultimamente. Desde 2010, a Caderneta de Poupança esteve mais vezes abaixo da inflação e por mais tempo do que a Selic. Sabendo que a maioria dos investimentos de Renda Fixa realmente acompanha a Selic de perto, note que a sua linha (escura) está o tempo todo acima da Caderneta de Poupança.

 

Crédito

A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou reduções neste ano, fechou julho/2017 com 7,58% ao mês. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica também foi reduzida para 4,45% ao mês em julho/2017. Mas continuamos campeões do mundo em juros. Todo o crédito adotou prazos maiores – empréstimos, financiamentos e crediários tem mais parcelas agora. Maior queda nas lojas e veículos e menor queda no cheque especial e cartão de crédito. Os crediários mais caros são de artigos do lar e decoração e os mais baratos são de veículos. Muitas pessoas estão indignadas com tantos aumentos de preços e agressividade nas cobranças em plena crise. Agora analise calmamente o gráfico abaixo e veja se os juros do crédito abaixam na mesma medida quando Selic e inflação caem.  Aqui está a prova de que ao usar o seu cheque especial você paga no mínimo 10 vezes mais do que ao receber juros do seu investimento.

Andréa Voûte

Fontes: Portal Brasil | ANEFAC | Banco Central do Brasil | Fundação Procon SP